A cegueira
Opinião » 2017-08-26 » Jorge Carreira Maia"Chegados aqui, torna-se difícil afirmar o que é mais preocupante. Se as pretensões islâmicas, se a cegueira das elites políticas do Ocidente."
Poder-se-á pensar que os ataques terroristas na Europa (à data que escrevo, os últimos deram-se em Espanha e na Finlândia) devem ser tratados como os ataques que, em períodos anteriores da nossa História, ocorreram nesta mesma Europa. Apesar do terror ser terror, independentemente da sua origem, há uma diferença assinalável. Seja o terrorismo anarquista do início do século XX, seja o terrorismo de extrema-esquerda e de extrema direita no último quartel do mesmo século, seja inclusive o terrorismo nacionalista norte-irlandês ou basco, nenhum deles estava assente numa estrutura ideológica tão ampla como o terrorismo islâmico. Tão ampla e tão poderosa, pela sua natureza político-religiosa, pelos apoios que goza, apesar das declarações em contrário, e pela estratégia adoptada.
Em primeiro lugar, é preciso perceber que este terrorismo e esta violência não é estranha ao Islão. Este é múltiplo e multifacetado e, certamente, há muitos e muitos crentes e religiosos pacíficos. O problema é que o Islão vê como infiéis os crentes de outras religiões e os não crentes, vendo-se a si mesmo como a única religião verdadeira e, por ser verdadeira, devendo ser imposta nem que seja pela força. A tragédia dos cristãos em terras onde o Islão é maioritário é terrível, e tem crescido uma complacência global pelas práticas persecutórias e de conversões forçadas impostas por adeptos do Islão. É preciso compreender esta natureza expansionista e dominadora do Islão. Se não se perceber isto, não se percebe o que se está a passar na Europa.
Em segundo lugar, é necessário realçar a incapacidade das forças políticas democráticas em entender a real dimensão do problema. Esquerda e direita, ambas filhas do Iluminismo, não admitem que alguém queira instaurar no mundo sociedades de tipo medieval. Por isso não compreendem o que o Islão pretende e como ele se articula, apesar dos conflitos internos, para o alcançar. Esta incompreensão é reforçada pelo enviesamento ideológico com que direita e esquerda olham o assunto. A direita liberal fez da imigração uma arma para baixar salários e anda de mão dada com potências árabes cujos regimes são pura e simplesmente medievais, mas cujos solos estão repletos de petróleo. A esquerda persiste em ler todos estes acontecimentos à luz da luta de classes e, em última análise, da luta anti-imperialista. Chegados aqui, torna-se difícil afirmar o que é mais preocupante. Se as pretensões islâmicas, se a cegueira das elites políticas do Ocidente.
A cegueira
Opinião » 2017-08-26 » Jorge Carreira MaiaChegados aqui, torna-se difícil afirmar o que é mais preocupante. Se as pretensões islâmicas, se a cegueira das elites políticas do Ocidente.
Poder-se-á pensar que os ataques terroristas na Europa (à data que escrevo, os últimos deram-se em Espanha e na Finlândia) devem ser tratados como os ataques que, em períodos anteriores da nossa História, ocorreram nesta mesma Europa. Apesar do terror ser terror, independentemente da sua origem, há uma diferença assinalável. Seja o terrorismo anarquista do início do século XX, seja o terrorismo de extrema-esquerda e de extrema direita no último quartel do mesmo século, seja inclusive o terrorismo nacionalista norte-irlandês ou basco, nenhum deles estava assente numa estrutura ideológica tão ampla como o terrorismo islâmico. Tão ampla e tão poderosa, pela sua natureza político-religiosa, pelos apoios que goza, apesar das declarações em contrário, e pela estratégia adoptada.
Em primeiro lugar, é preciso perceber que este terrorismo e esta violência não é estranha ao Islão. Este é múltiplo e multifacetado e, certamente, há muitos e muitos crentes e religiosos pacíficos. O problema é que o Islão vê como infiéis os crentes de outras religiões e os não crentes, vendo-se a si mesmo como a única religião verdadeira e, por ser verdadeira, devendo ser imposta nem que seja pela força. A tragédia dos cristãos em terras onde o Islão é maioritário é terrível, e tem crescido uma complacência global pelas práticas persecutórias e de conversões forçadas impostas por adeptos do Islão. É preciso compreender esta natureza expansionista e dominadora do Islão. Se não se perceber isto, não se percebe o que se está a passar na Europa.
Em segundo lugar, é necessário realçar a incapacidade das forças políticas democráticas em entender a real dimensão do problema. Esquerda e direita, ambas filhas do Iluminismo, não admitem que alguém queira instaurar no mundo sociedades de tipo medieval. Por isso não compreendem o que o Islão pretende e como ele se articula, apesar dos conflitos internos, para o alcançar. Esta incompreensão é reforçada pelo enviesamento ideológico com que direita e esquerda olham o assunto. A direita liberal fez da imigração uma arma para baixar salários e anda de mão dada com potências árabes cujos regimes são pura e simplesmente medievais, mas cujos solos estão repletos de petróleo. A esquerda persiste em ler todos estes acontecimentos à luz da luta de classes e, em última análise, da luta anti-imperialista. Chegados aqui, torna-se difícil afirmar o que é mais preocupante. Se as pretensões islâmicas, se a cegueira das elites políticas do Ocidente.
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia |