Um novo Papa - jorge carreira maia
Opinião » 2025-05-17
A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. Assiste-se já a um ataque da extrema-direita ao novo Papa por não ser um conservador, e, à esquerda, desconfia-se de que não será tão progressista quanto se esperaria. Há, em tudo isto, um equívoco. Termos como conservador e progressista são provenientes de uma ordem de coisas que não a religião e encerram neles a confissão de paixões políticas. Ora, se há uma paixão que deve guiar um Papa, é a Paixão de Cristo — e não as paixões políticas. Mesmo para um Papa, isso não é fácil.
O Sumo Pontífice não é apenas o sucessor de Pedro. Este, além de uma pessoa, é uma função. Por isso, qualquer Papa é, de novo, Pedro, a pedra sobre a qual o Cristo edifica a sua Igreja. Se olharmos para os textos evangélicos, encontramos dois episódios centrais para compreender esta função entregue a um ser humano. Em primeiro lugar, o reconhecimento. A função petrina é instaurada após a pergunta de Cristo: Quem dizeis vós que Eu sou? E Simão Pedro responde: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo. Contudo, a interpretação deste episódio não pode ser desligada da leitura de um outro: o da tripla negação de Cristo por Simão Pedro, na noite em que Jesus foi preso pelos poderes deste mundo e a sua Paixão era iminente. Qualquer Papa vive na tensão entre o reconhecimento de Cristo e a negação desse reconhecimento perante o perigo. Essa negação é, na verdade, a condescendência submissa aos poderes deste mundo.
As tentações conservadoras e progressistas dos Papas são as três negações de Pedro, no mundo moderno, perante a proximidade da Paixão do Mestre. São a cedência aos poderes do mundo, às suas paixões políticas e ao temor perante o significado da Paixão crística. Isto não torna os Papas heréticos. Mostra-os, à semelhança de Pedro, como homens frágeis perante um acontecimento que ultrapassa a compreensão humana. A função papal inclui, deste modo, o reconhecimento de Cristo como Filho de Deus, mas também a negação de que se pertence ao seu mundo. João Paulo II é louvado pela sua luta contra o comunismo; Francisco, pela sua denúncia da injustiça social. Ora, em ambos os casos, isso constitui a fraqueza perante a Paixão eterna do Filho de Deus. É a sua negação. Contudo, esta negação não ofusca o essencial: a resposta à pergunta Quem dizeis vós que Eu sou? Na economia da crença católica, o Papa é o que diz: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo.
Um novo Papa - jorge carreira maia
Opinião » 2025-05-17A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. Assiste-se já a um ataque da extrema-direita ao novo Papa por não ser um conservador, e, à esquerda, desconfia-se de que não será tão progressista quanto se esperaria. Há, em tudo isto, um equívoco. Termos como conservador e progressista são provenientes de uma ordem de coisas que não a religião e encerram neles a confissão de paixões políticas. Ora, se há uma paixão que deve guiar um Papa, é a Paixão de Cristo — e não as paixões políticas. Mesmo para um Papa, isso não é fácil.
O Sumo Pontífice não é apenas o sucessor de Pedro. Este, além de uma pessoa, é uma função. Por isso, qualquer Papa é, de novo, Pedro, a pedra sobre a qual o Cristo edifica a sua Igreja. Se olharmos para os textos evangélicos, encontramos dois episódios centrais para compreender esta função entregue a um ser humano. Em primeiro lugar, o reconhecimento. A função petrina é instaurada após a pergunta de Cristo: Quem dizeis vós que Eu sou? E Simão Pedro responde: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo. Contudo, a interpretação deste episódio não pode ser desligada da leitura de um outro: o da tripla negação de Cristo por Simão Pedro, na noite em que Jesus foi preso pelos poderes deste mundo e a sua Paixão era iminente. Qualquer Papa vive na tensão entre o reconhecimento de Cristo e a negação desse reconhecimento perante o perigo. Essa negação é, na verdade, a condescendência submissa aos poderes deste mundo.
As tentações conservadoras e progressistas dos Papas são as três negações de Pedro, no mundo moderno, perante a proximidade da Paixão do Mestre. São a cedência aos poderes do mundo, às suas paixões políticas e ao temor perante o significado da Paixão crística. Isto não torna os Papas heréticos. Mostra-os, à semelhança de Pedro, como homens frágeis perante um acontecimento que ultrapassa a compreensão humana. A função papal inclui, deste modo, o reconhecimento de Cristo como Filho de Deus, mas também a negação de que se pertence ao seu mundo. João Paulo II é louvado pela sua luta contra o comunismo; Francisco, pela sua denúncia da injustiça social. Ora, em ambos os casos, isso constitui a fraqueza perante a Paixão eterna do Filho de Deus. É a sua negação. Contudo, esta negação não ofusca o essencial: a resposta à pergunta Quem dizeis vós que Eu sou? Na economia da crença católica, o Papa é o que diz: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo.
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![]() “Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre” Leonardo da Vinci
Mais do que rumor, é já certo que a IA é capaz de usar linguagem ininteligível para os humanos com o objectivo de ser mais eficaz. |
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Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
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![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
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