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Geringonça festiva

Opinião  »  2018-01-17  »  Miguel Sentieiro

"O tipo operou um milagre ao nível da crença"

A indignação invadiu as hostes mais puritanas deste país ao saber-se o ministro das finanças, Mário Centeno, pediu uma borla de bilhetes para o cássico Benfica/Porto na época passada. Quando questões éticas se levantam nesta associação “bola à borla” estimulando acesas discussões repudiando esse pedido especial, sinto que tenho obrigação de prestar solidariedade para o nosso pobre, quase pobrezinho, Mário.

Comecemos pelo início. Quando pela primeira vez, o tal governo geringonça, eleito sem ser eleito, apresentou o “novo” timoneiro financeiro, tenho de confessar que pesquisei durante algum tempo promoções de voos baratos da Ryanair de ida para as ilhas Caimão. Não existiam voos baratos; deixei-me estar. Avaliando o seu balbuciante discurso e sua imagem tristonha, quase sofrível, pensei que a coisa não iria longe e o naufrágio económico aconteceria bem antes de se poder apanhar qualquer tipo de avião, barco ou jangada para as ilhas Caimão. Enorme equívoco. De repente, o país passou de um estado semi-comatoso para uma festa de crescimento económico acompanhada de pandeiretas, tamborins e violões. Um fenómeno verdadeiramente enigmático, como, por detrás daquela expressão de pobre “Calimero”, o tipo se conseguiu revelar um mestre no samba da alta finança. Estávamos todos de tanga e no dia seguinte começámos a folhear catálogos da porshe e viagens à Noruega.

O tipo operou um milagre ao nível da crença. Fez-nos acreditar que tudo é possível; se até ele conseguiu chegar a ministro das finanças, quem somos nós para nos deixarmos abater. E a ideia base é a seguinte: “O meu amigo está impecável!”. Mas ó doutor, as análises davam uma taxa de colesterol excessiva. “O meu amigo está impecável!”; e a hérnia inguinal que não me deixa levantar do sofá… “o meu amigo está impecááável!”; e as cataratas do meu olho esquerdo, que me fazem confundir a Graciete com o ministro Mário Centeno? “O meu amigo está impecável e a ver cada vez melhor!!!” O senhor Alfredo saiu do consultório aos saltos, pronto para dar uma nova vida aos seus 85 anos e fazer maluqueiras com a sua Graciete. É o chamado efeito placebo; continua na mesma, mas acreditando que está extremamente melhor. No caso do nosso estado económico, estamos perante o efeito Centeno: continuamos a ganhar o mesmo, a perceber a magnitude sofrível do período entre dois vencimentos, no entanto estamos muito melhor, diríamos mesmo... impecáveis. Ai os preços aumentaram agora? “Com estes preços e esse ordenado o meu amigo está impecável!” O “efeito Centeno placebo” conseguiu ser passado até às empresas de rating que nos tiraram do lixo e nos deixaram ainda mais...impecáveis. Vai daí, voltámos a comprar tudo em barda. Iphones baratos; jeeps a preço de amigo, casas em promoção, afinal são só 48 prestações de meio ordenado mensal. A dívida pública continua a aumentar? “Ó meu amigo, a dívida está impecável!”

O reconhecimento da competência de Mário para a crença interna era óbvia, mas ele queria mais. Queria ser reconhecido no eurogrupo, se possível chegar a presidente. Mas ó Mário, isso já é pedir demais. Uma coisa é fazeres o portuga acreditar que está impecável, outra é convenceres os tipos lá de cima que tu és impecável. Surgiu a ideia de génio dos bilhetes para o Benfica. Vou fazer ver àqueles tipos que consigo o impossível. Vou arranjar convites em lugares de luxo, para um jogo onde nem na cave do Madureira existem bilhetes e não vou pagar cheta. E ainda vou levar o meu filho comigo! Basta convencer o meu amigo Luís Filipe, que ele é um tipo impecável. Eis o passaporte para a presidência do eurogrupo.

Quem não quer um indivíduo desta envergadura? Adepto do benfica, utilizador da cunha e praticante da borla. E a borla representa o patamar mais alto de qualquer sistema financeiro. Mais barato não há. Ainda por cima em lugares vipes com canapé de gambas incluído. Este tipo consegue gerir uma casa sem dificuldades. Mário, estamos convencidos: a presidência é tua! Agora só falta responderes a uma pequena questão retórica e o cargo é teu. Sabes alguma coisa da isenção (uma espécie de borla) da taxa de IMI do edifício propriedade dos filhos do teu amigo Luis Filipe, atribuída uma semana depois desse fabuloso dérbi acompanhado do canapé de gambas? Epá, eu não tenho nada a ver com isso, mas parece que o edifício é extremamente bonito e sobretudo está...impecável!

 

 

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