A bandeira na lapela
Opinião » 2016-07-08 » Jorge Carreira Maia"E o interesse nacional? Esse, para a direita, resume-se a usar a bandeira na lapela. De resto, sonha em voltar rapidamente para o poder..."
Uma trilogia ou, melhor, uma troika. Maria Luís Albuquerque, Passos Coelho e Assunção Cristas. A direita portuguesa perdeu o decoro. A rábula das sanções a Portugal é o exemplo acabado do que é a política na Europa. A aposta é rebentar com o actual governo. O que terá este feito de mal para o país ser sancionado? Nada. As sanções dizem respeito ao não cumprimento do défice por parte da governação de Passos Coelho. Como é que as direitas, portuguesa e europeia, estão a montar o cenário? As sanções não seriam tanto devido à incompetência do anterior governo e da União Europeia, mas à suspeita de que o actual governo não é virtuoso e, eventualmente, não cumprirá as metas do défice no final deste ano. Penaliza-se preventivamente. O que significa isto?
Significa que voltámos à época do Terror da Revolução Francesa. Robespierre e os seus amigos tinham como princípio político a virtude republicana. A mais leve suspeita de falta de virtude conduzia a pessoa para o cadafalso, onde perdia, literalmente, a cabeça. Esta imagem hiperbólica tem a vantagem de mostrar a natureza daquilo que se está a passar. Qualquer dissidência – e a democracia não é o lugar onde a dissidência é fundamental? – é punida sem apelo nem agravo. O senhor Schäuble não gosta do actual governo e parece apostado a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que ele caia. Ora aquilo que seria expectável da direita, ainda por cima foi ela que não cumpriu o défice, é que se demarcasse clara e distintamente, em nome do interesse nacional e da democracia, de qualquer sanção, baseada em que motivo fosse. Mas não. Ela parece deliciada com a situação.
E o interesse nacional? Esse, para a direita, resume-se a usar a bandeira na lapela. De resto, sonha em voltar rapidamente para o poder, para assegurar que o empobrecimento dos portugueses e a destruição de Portugal seja consumada. É preciso recordar os factos. O governo anterior, PSD-CDS, não cumpriu uma única vez a meta do défice, destruiu a classe média, empobreceu os portugueses e deixou o país à beira do colapso. Não acertou uma previsão. Enganou-se em tudo o que era essencial. Para ela, tudo isso, pouco conta. Vivemos num tempo em que os Robespierres, com a sua sanha virtuosa fundamentalista, ocupam o poder por essa Europa fora. Robespierres que não hesitam, ainda que simbolicamente, em cortar cabeças. E em Portugal? Por cá, parece que Miguel de Vasconcelos deixou uma herança genética persistente ou um conjunto infindável de bons alunos.
A bandeira na lapela
Opinião » 2016-07-08 » Jorge Carreira MaiaE o interesse nacional? Esse, para a direita, resume-se a usar a bandeira na lapela. De resto, sonha em voltar rapidamente para o poder...
Uma trilogia ou, melhor, uma troika. Maria Luís Albuquerque, Passos Coelho e Assunção Cristas. A direita portuguesa perdeu o decoro. A rábula das sanções a Portugal é o exemplo acabado do que é a política na Europa. A aposta é rebentar com o actual governo. O que terá este feito de mal para o país ser sancionado? Nada. As sanções dizem respeito ao não cumprimento do défice por parte da governação de Passos Coelho. Como é que as direitas, portuguesa e europeia, estão a montar o cenário? As sanções não seriam tanto devido à incompetência do anterior governo e da União Europeia, mas à suspeita de que o actual governo não é virtuoso e, eventualmente, não cumprirá as metas do défice no final deste ano. Penaliza-se preventivamente. O que significa isto?
Significa que voltámos à época do Terror da Revolução Francesa. Robespierre e os seus amigos tinham como princípio político a virtude republicana. A mais leve suspeita de falta de virtude conduzia a pessoa para o cadafalso, onde perdia, literalmente, a cabeça. Esta imagem hiperbólica tem a vantagem de mostrar a natureza daquilo que se está a passar. Qualquer dissidência – e a democracia não é o lugar onde a dissidência é fundamental? – é punida sem apelo nem agravo. O senhor Schäuble não gosta do actual governo e parece apostado a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que ele caia. Ora aquilo que seria expectável da direita, ainda por cima foi ela que não cumpriu o défice, é que se demarcasse clara e distintamente, em nome do interesse nacional e da democracia, de qualquer sanção, baseada em que motivo fosse. Mas não. Ela parece deliciada com a situação.
E o interesse nacional? Esse, para a direita, resume-se a usar a bandeira na lapela. De resto, sonha em voltar rapidamente para o poder, para assegurar que o empobrecimento dos portugueses e a destruição de Portugal seja consumada. É preciso recordar os factos. O governo anterior, PSD-CDS, não cumpriu uma única vez a meta do défice, destruiu a classe média, empobreceu os portugueses e deixou o país à beira do colapso. Não acertou uma previsão. Enganou-se em tudo o que era essencial. Para ela, tudo isso, pouco conta. Vivemos num tempo em que os Robespierres, com a sua sanha virtuosa fundamentalista, ocupam o poder por essa Europa fora. Robespierres que não hesitam, ainda que simbolicamente, em cortar cabeças. E em Portugal? Por cá, parece que Miguel de Vasconcelos deixou uma herança genética persistente ou um conjunto infindável de bons alunos.
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
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