Bizarro - carlos paiva
Opinião » 2021-11-09 » Carlos Paiva"“Ou quantos postos de trabalho geraram? Passada uma fase inicial a usufruir do apoio previsto, quantas conquistaram autonomia?"
A Startup Torres Novas comemorou cinco anos de existência. Pompa e circunstância, palmadinhas nas costas e elogios pelos sucessos conquistados. O habitual nestas coisas. O projecto Startup Torres Novas iniciou a actividade a 20 de Outubro de 2016, não completando um trimestre nesse ano, portanto. Começar a atividade nesta data, é ter pela frente o Natal, a passagem de ano e uns feriados amiúde. Seja o que for que tenha sido feito neste período, foi para consumo interno certamente.
Desde então, apoiou 95 projectos empresariais, de 226 candidatos analisados. Até aqui, tudo bem. A coisa só começa a ficar opaca quando queremos saber mais. Mais, para além das palmadinhas nas costas e dos elogios. Quando queremos saber dessas 95 proto empresas, quantas resistiram ao terceiro ano de existência, por exemplo? Ou quantos postos de trabalho geraram? Passada uma fase inicial a usufruir do apoio previsto, quantas conquistaram autonomia? Em quanto tempo? Quantas apresentam lucros? Qual o volume de negócios? Estão todas em actividade ou passaram a ser um side project de alguém que acabou por ir parar a trabalhador por conta de outrém? Quantas foram integradas em agentes económicos de maior dimensão? Ainda existe alguma sequer? Tudo isto é zona cinzenta de densidade bloqueante.
Pelo menos online, não encontrei respostas ou dados que pudessem iluminar o caminho desta demanda pela confirmação do sucesso tão apregoado. Não encontrei isso mas, encontrei outras coisas, passíveis de sugerir eventuais pistas. Ora vejamos: a média do número de empresas criadas no concelho, nos três anos que precederam a criação da Startup, foi de 92 novas empresas por ano. Para os três anos posteriores, foi de 82. Caso fosse numa sitcom, nesta altura ouvia-se a sonora gargalhada do público. Não. É na vida real.
Vender fruta podre como gourmet, de tão recorrente, enjoa. Nada mudou. Até percebo: se assim resulta… Para quê mudar?
Por ocasião de outro aniversário, o do Teatro Virgínia, a Câmara Municipal oferece à população um espectáculo musical gratuito. O que é óptimo. Assinala-se assim mais um ano, com o Café Concerto fechado. Pode ser que o público generalista que vai encher o concerto de aniversário se lembre que o público não generalista deixou de ter sítio para ir. Encerrado por motivos económicos (não é claro se da Câmara, se de terceiros), apodrece lentamente à semelhança de outros investimentos, aparentemente insustentáveis depois de construídos. Seguindo o exemplo emblemático da extinção do Museu Etnográfico, malfadadamente atravessado no caminho do progresso, cujo conteúdo apodreceu em parte incerta. O tal dinheiro que tem de ser gasto senão é devolvido? Dá nisto. A postura desta malta versus a vida real, traz-me à mente a frase de um poema do Rui Sidónio: “Fecho as pálpebras com a casa a arder”.
Fontes de dados: Município de Torres Novas, Jornal O Mirante, Jornal Rede Regional, Nersant.
Bizarro - carlos paiva
Opinião » 2021-11-09 » Carlos Paiva“Ou quantos postos de trabalho geraram? Passada uma fase inicial a usufruir do apoio previsto, quantas conquistaram autonomia?
A Startup Torres Novas comemorou cinco anos de existência. Pompa e circunstância, palmadinhas nas costas e elogios pelos sucessos conquistados. O habitual nestas coisas. O projecto Startup Torres Novas iniciou a actividade a 20 de Outubro de 2016, não completando um trimestre nesse ano, portanto. Começar a atividade nesta data, é ter pela frente o Natal, a passagem de ano e uns feriados amiúde. Seja o que for que tenha sido feito neste período, foi para consumo interno certamente.
Desde então, apoiou 95 projectos empresariais, de 226 candidatos analisados. Até aqui, tudo bem. A coisa só começa a ficar opaca quando queremos saber mais. Mais, para além das palmadinhas nas costas e dos elogios. Quando queremos saber dessas 95 proto empresas, quantas resistiram ao terceiro ano de existência, por exemplo? Ou quantos postos de trabalho geraram? Passada uma fase inicial a usufruir do apoio previsto, quantas conquistaram autonomia? Em quanto tempo? Quantas apresentam lucros? Qual o volume de negócios? Estão todas em actividade ou passaram a ser um side project de alguém que acabou por ir parar a trabalhador por conta de outrém? Quantas foram integradas em agentes económicos de maior dimensão? Ainda existe alguma sequer? Tudo isto é zona cinzenta de densidade bloqueante.
Pelo menos online, não encontrei respostas ou dados que pudessem iluminar o caminho desta demanda pela confirmação do sucesso tão apregoado. Não encontrei isso mas, encontrei outras coisas, passíveis de sugerir eventuais pistas. Ora vejamos: a média do número de empresas criadas no concelho, nos três anos que precederam a criação da Startup, foi de 92 novas empresas por ano. Para os três anos posteriores, foi de 82. Caso fosse numa sitcom, nesta altura ouvia-se a sonora gargalhada do público. Não. É na vida real.
Vender fruta podre como gourmet, de tão recorrente, enjoa. Nada mudou. Até percebo: se assim resulta… Para quê mudar?
Por ocasião de outro aniversário, o do Teatro Virgínia, a Câmara Municipal oferece à população um espectáculo musical gratuito. O que é óptimo. Assinala-se assim mais um ano, com o Café Concerto fechado. Pode ser que o público generalista que vai encher o concerto de aniversário se lembre que o público não generalista deixou de ter sítio para ir. Encerrado por motivos económicos (não é claro se da Câmara, se de terceiros), apodrece lentamente à semelhança de outros investimentos, aparentemente insustentáveis depois de construídos. Seguindo o exemplo emblemático da extinção do Museu Etnográfico, malfadadamente atravessado no caminho do progresso, cujo conteúdo apodreceu em parte incerta. O tal dinheiro que tem de ser gasto senão é devolvido? Dá nisto. A postura desta malta versus a vida real, traz-me à mente a frase de um poema do Rui Sidónio: “Fecho as pálpebras com a casa a arder”.
Fontes de dados: Município de Torres Novas, Jornal O Mirante, Jornal Rede Regional, Nersant.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
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