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“Limpar” o quê?

Opinião  »  2018-03-24  »  Nuno Curado

" Limpar o lixo das margens não é o mesmo que cortar a vegetação das margens"

Quando falamos de “limpeza” da floresta ou “limpeza” do rio, estamos a falar de remover o lixo ou de cortar vegetação? Ou das duas? Quando alguém exclama “O rio precisa de ser limpo!” há quem pense no lixo, há quem pense na vegetação aquática e há quem pense na vegetação das margens ou tombada. Ou em tudo ao mesmo tempo. Mas são coisas muito diferentes, com maneiras de actuar muito diferentes e que exigem conhecimentos e técnicas muito diferentes. Limpar o lixo das margens não é o mesmo que cortar a vegetação das margens. Retirar o lixo a boiar não é o mesmo que retirar toda a vegetação aquática. Então porque raios teimamos em lhe chamar a mesma coisa? O mesmo se aplica à floresta: “limpar a floresta” é uma acção de recolha de lixo, uma desmatação ou uma poda das árvores?

Em contexto de gestão de matos ou de outra vegetação, as expressões “limpeza” e “limpar” são populares, informais, e como tal, dever-se-ia ter cuidado com a sua utilização em contexto formal. Mas actualmente estão a ser usadas como se de termos técnicos se tratassem, aparecendo em folhetos, vídeos, campanhas oficiais e reportagens. Poderá ser um preciosismo meu, mas a utilização leviana destes termos em contextos em que se exige mais rigor, ao mesmo tempo revela e promove a ideia que toda a vegetação que não sejam árvores ou culturas agrícolas tem de ser tratada como se fosse lixo.

Demonstra a noção que um terreno ou rio “limpo” é bom em toda e qualquer situação (ainda que seja uma margem erodida ou um terreno esgotado) e que um terreno com matos é mau, porque está “sujo”, ainda que esses matos possam estar a ajudar à regeneração do solo através da fixação de azoto e de matéria orgânica, a proteger árvores em crescimento, a servir de fonte de flores para abelhas e outros polinizadores, de abrigo para animais ou de forragem para gado. Leva a ignorar as funções ecológicas que os matos e as herbáceas têm. Que não são lixo que precisa de ser limpo. Pode precisar, isso sim, de ser gerido e/ou cortado.

Que fique claro que eu não estou a por em causa a necessidade de se fazer a gestão de matos ou de outra vegetação quando isso é preciso. Apenas da utilização destes termos e da má associação de ideias que fomenta. Ora, quando limpamos a casa, nós varremos o chão, lavamos a loiça, limpamos o pó e outras tarefas do género. Quando limpamos a casa não pegamos nos pratos e nos móveis e os levamos ao contentor mais próximo, pois não? Quando falamos de “limpar uma praia”, é unânime que falamos de recolher o lixo do areal. E não em retirar o excesso de areia (ou até de água) da praia... Então porque é que “limpar” uma floresta ou um rio é cortar a sua vegetação?

Chamemos-lhe então aquilo que é, e há muitos nomes para isso: desmatar, cortar vegetação em excesso, gerir a carga combustível, controlar os matos, etc… Ou no caso dos rios: remover árvores caídas, cortar vegetação das margens, desobstruir, dragar, o quer que se aplique. “Limpeza” é que não!

 

 

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