Dias difíceis
Opinião » 2018-06-22 » Jorge Carreira Maia"Neste momento, não é claro que, em eleições antecipadas, os socialistas consigam ir buscar votos à sua esquerda."
A situação política está mais confusa do que parece. Só há um dado claro e inequívoco. Exceptuando os socialistas, todos os actores agem com o objectivo de evitar que o PS obtenha maioria absoluta nas próximas legislativas. CDS e PSD pretendem recuperar terreno e penetrar no centro político. BE e PCP sabem que uma maioria absoluta dos socialistas será obtida à custa dos votos da esquerda. Ainda menos interessado numa maioria de António Costa está Marcelo Rebelo de Sousa. Isso libertaria o governo da actual submissão ao Presidente da República e tiraria a este qualquer possibilidade de influenciar decisivamente a governação do país, como tem feito desde os incêndios do ano passado.
Numa sondagem da Aximage, as intenções de voto no PS caem pelo quarto mês consecutivo. Este declínio – aliado aos conflitos laborais, ao preço dos combustíveis e à memória da tragédia dos incêndios – torna imprevisíveis as negociações do próximo orçamento de Estado. Até há pouco toda a gente estava convicta de que se o BE e o PCP derrubassem o governo socialista teriam pesadas perdas eleitorais. Esta percepção, porém, pode estar a mudar. Neste momento, não é claro que, em eleições antecipadas, os socialistas consigam ir buscar votos à sua esquerda. Devido, principalmente, à acção do Partido Comunista, instala-se a convicção, em parte do eleitorado de esquerda, de que um voto no PS é um voto inútil, caso esse PS não esteja dependente dos partidos à sua esquerda.
Os socialistas pensaram que iriam capitalizar o sucesso político da solução governativa e ficaram presos nesse sucesso. A retórica da saída da austeridade abriu a porta para que no Estado as reivindicações dos vários corpos existentes se tornassem cada vez mais impiedosas. A narrativa do fim da austeridade desfaz-se perante essas exigências e, também, o cansaço da sociedade civil com a carga fiscal. Por outro lado, uma certa arrogância típica dos socialistas está a escavar-lhe as bases de apoio. António Costa, que parecia ter uma vida fácil, tem, a cada dia que passa, a vida mais complicada. Nem os seus adversários políticos, nem os aliados actuais, nem o Presidente da República, nem a população parecem dispostos a estender-lhe um dedo. Pelo contrário. Desde há uns tempos que olho para António Costa e me lembro de Agamémnon, o rei grego que encontrou a morte – isto é, a derrota – no regresso vitorioso de Tróia. Dias difíceis para o PS.
Dias difíceis
Opinião » 2018-06-22 » Jorge Carreira MaiaNeste momento, não é claro que, em eleições antecipadas, os socialistas consigam ir buscar votos à sua esquerda.
A situação política está mais confusa do que parece. Só há um dado claro e inequívoco. Exceptuando os socialistas, todos os actores agem com o objectivo de evitar que o PS obtenha maioria absoluta nas próximas legislativas. CDS e PSD pretendem recuperar terreno e penetrar no centro político. BE e PCP sabem que uma maioria absoluta dos socialistas será obtida à custa dos votos da esquerda. Ainda menos interessado numa maioria de António Costa está Marcelo Rebelo de Sousa. Isso libertaria o governo da actual submissão ao Presidente da República e tiraria a este qualquer possibilidade de influenciar decisivamente a governação do país, como tem feito desde os incêndios do ano passado.
Numa sondagem da Aximage, as intenções de voto no PS caem pelo quarto mês consecutivo. Este declínio – aliado aos conflitos laborais, ao preço dos combustíveis e à memória da tragédia dos incêndios – torna imprevisíveis as negociações do próximo orçamento de Estado. Até há pouco toda a gente estava convicta de que se o BE e o PCP derrubassem o governo socialista teriam pesadas perdas eleitorais. Esta percepção, porém, pode estar a mudar. Neste momento, não é claro que, em eleições antecipadas, os socialistas consigam ir buscar votos à sua esquerda. Devido, principalmente, à acção do Partido Comunista, instala-se a convicção, em parte do eleitorado de esquerda, de que um voto no PS é um voto inútil, caso esse PS não esteja dependente dos partidos à sua esquerda.
Os socialistas pensaram que iriam capitalizar o sucesso político da solução governativa e ficaram presos nesse sucesso. A retórica da saída da austeridade abriu a porta para que no Estado as reivindicações dos vários corpos existentes se tornassem cada vez mais impiedosas. A narrativa do fim da austeridade desfaz-se perante essas exigências e, também, o cansaço da sociedade civil com a carga fiscal. Por outro lado, uma certa arrogância típica dos socialistas está a escavar-lhe as bases de apoio. António Costa, que parecia ter uma vida fácil, tem, a cada dia que passa, a vida mais complicada. Nem os seus adversários políticos, nem os aliados actuais, nem o Presidente da República, nem a população parecem dispostos a estender-lhe um dedo. Pelo contrário. Desde há uns tempos que olho para António Costa e me lembro de Agamémnon, o rei grego que encontrou a morte – isto é, a derrota – no regresso vitorioso de Tróia. Dias difíceis para o PS.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
O Flautista de Hamelin... |
» 2024-03-08
» Maria Augusta Torcato
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato |
» 2024-03-18
» Hélder Dias
Eleições "livres"... |
» 2024-03-08
» Jorge Carreira Maia
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» 2024-03-08
» Pedro Ferreira
A carne e os ossos - pedro borges ferreira |