• SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Sábado, 20 Abril 2024    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Ter.
 24° / 11°
Céu limpo
Seg.
 26° / 11°
Céu limpo
Dom.
 25° / 11°
Céu limpo
Torres Novas
Hoje  23° / 14°
Céu nublado com aguaceiros e trovoadas
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

Como a dor desfolha o peito

Opinião  »  2019-01-11  »  Carlos Tomé

"Os LaFontinha provaram, mais uma vez, que são o melhor grupo de música popular da região"

1.Embora uma das imagens de marca do antigo regime fosse a opressão, felizmente existem histórias de resistência espalhadas por muitos locais. A resistência contra o fascismo não foi uma expressão meramente teórica, antes foi preenchida com muitos exemplos reais, episódios de coragem, gente de carne e osso que trocou as voltas ao destino, lutando contra ventos e marés.

Também Torres Novas foi fértil em muitos exemplos que deram corpo a essa resistência, muitas vontades abriram o peito às balas, mostraram coragem nos momentos mais difíceis, criaram coerências que frutificaram. Houve, por cá, episódios de luta contra o fascismo que marcaram gerações inteiras, moldaram o seu pensamento, determinaram muitas vidas, muitos destinos, muitos futuros.

Cá, como noutros lados, a luta revelava-se em vários domínios, crescia em forma de cantigas, fortalecendo a solidariedade e a unidade em muitos momentos. Os sons da resistência ecoaram no passado sábado no Alfa transformados na homenagem ao José Afonso assinalando os 50 anos do concerto nas grutas da Lapas.

Está bom senhor doutor? Olá senhor padre. As primeiras palavras trocadas por Francisco Fanhais e José Afonso foram apenas o sinal de uma amizade de décadas. Não se conheciam pessoalmente, mas as grutas das Lapas, precisamente há 50 anos, propiciaram uma caminhada conjunta repleta de muitos encontros, de muitas lutas, de partilha de sonhos e utopias.

A voz e o exemplo de vida de José Afonso revelou-se às claras no encontro das catacumbas de 28 de Dezembro de 1968, marcou gerações inteiras de torrejanos e determinou as opções de vida de muitos deles, alguns ainda muito jovens.

Foi um acontecimento histórico da maior importância no percurso da resistência e luta contra o fascismo. Mas não existem registos daquele momento, só a memória de alguns participantes o pode guardar, o pode registar, pelo que corre-se o risco dos tempos vindouros desconhecerem o que se passou, ignorarem a sua importância para muita gente.

50 anos depois, o espectáculo que ocorreu no estúdio Alfa teve o condão de assinalar a data, erguendo-a como uma bandeira, exibindo o simbolismo e a sua importância. O concerto registou o momento assinalando a efeméride, deu vida à história.

2. Sobre este concerto no estúdio Alfa pouco há a dizer a não ser evidenciar que mais uma vez os LaFontinha conseguiram organizar um espectáculo fantástico, aliando a música de José Afonso, à voz sempre límpida e cristalina de Francisco Fanhais, uma curta intervenção de Manuel Tiago, antigo padre, um dos organizadores do concerto de há meio século, outra de Carlos Rosa, um dos jovens dinamizadores do mesmo, e de Eduardo Bento na interpretação do agente da PIDE responsável pelo relatório que ficará nos anais da nossa história com um dos documentos mais ridículos de que há memória.

Interpretando algumas das canções menos conhecidas de José Afonso, com a qualidade que nos vêm habituando, os LaFontinha provaram mais uma vez que são o melhor grupo de música popular da região. Ver os LaFontinha é partilhar a sua humildade em palco, a seriedade das interpretações, o respeito pelo génio, é honrar a homenagem a José Afonso. Ouvir José Afonso renascido pelos LaFontinha é comungar as mesmas sensações que deram corpo aos sonhos do poeta e cantor. Este espectáculo abriu todos os sentidos e permitiu que a voz do andarilho ecoasse na sala marcando a nossa memória para sempre. Na companhia dos LaFontinha, bendita foi a voz de Francisco Fanhais que elevou o momento aos céus, transformando toda a dor em pura beleza. Foi um momento de suave tristeza desvanecido em pura felicidade. Como a dor desfolha o peito, assim os LaFontinha fizeram reviver a beleza e a serenidade da música de José Afonso por um momento. Eterno foi esse momento.

3. Nas grutas da Lapas ocorreu à mesma hora outro concerto com o objectivo de assinalar a presença de José Afonso naquele local há 50 anos, da responsabilidade do Teatro Virgínia e do Município de Torres Novas. Para além do evidente erro de casting e do falhanço em toda a linha, a iniciativa municipal é fruto de uma assumida e clara opção política e cultural. E só não vê que isso é o essencial da questão quem estiver muito distraído.

 

 

 Outras notícias - Opinião


As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia »  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia

Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores.
(ler mais...)


Eleições "livres"... »  2024-03-18  »  Hélder Dias

Este é o meu único mundo! - antónio mário santos »  2024-03-08  »  António Mário Santos

Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza.
(ler mais...)


Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato »  2024-03-08  »  Maria Augusta Torcato

Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente.
(ler mais...)


A crise das democracias liberais - jorge carreira maia »  2024-03-08  »  Jorge Carreira Maia

A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David.
(ler mais...)


A carne e os ossos - pedro borges ferreira »  2024-03-08  »  Pedro Ferreira

Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA.
(ler mais...)


O Flautista de Hamelin... »  2024-02-28  »  Hélder Dias

Este mundo e o outro - joão carlos lopes »  2024-02-22 

Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”.
(ler mais...)


2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões »  2024-02-22  »  Jorge Cordeiro Simões

 

 


O dia 5 de Fevereiro de 2032, em que o Francisco Falcão fez 82 anos - aos quais nunca julgara ir chegar -, nasceu ainda mais frio do que os anteriores e este Inverno parecia ser nisso ainda pior que os que o antecederam, o que contribuiu para que cada vez com mais frequência ele se fosse deixando ficar na cama até mais tarde e neste dia festivo só de lá iria sair depois do meio-dia.
(ler mais...)


Avivar a memória - antónio gomes »  2024-02-22  »  António Gomes

Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento.

Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa.
(ler mais...)

 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia