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Pensar a cidade - mariana varela

Opinião  »  2021-07-14  »  Mariana Varela

A aproximação das Eleições Autárquicas de 2021 convoca, ou deve convocar, em cada um de nós, enquanto seres humanos, cidadãos, estudantes ou trabalhadores, uma reflexão acerca daquilo que se deseja, em abstrato, para uma comunidade e para o território em que esta se move, e em particular, para a cidade e todo o Concelho de Torres Novas. É evidente que a pertinência e a necessidade de respostas para a questão: “Que dinâmicas sociais, culturais, económicas, territoriais, isto é, humanas, desejamos e devemos construir?” são permanentes. Parece-me, aliás, que qualquer ideia concebida de realidade urbana ou rural ideal pode e deve ser alvo de mudança e adaptação, por força das alterações de circunstâncias (a todos os níveis) que traz o tempo. Esta preocupação deve agudizar-se perante a oportunidade de contribuir, com o voto, para uma alteração do contexto institucional e político existente, esse que é tão determinante para o desenvolvimento de um estado de coisas que se apresente como minimamente justo e positivo. Sei eu, e hão de saber melhor ainda tantas outras pessoas, que “as coisas do mundo dos humanos” são complexas, que são mais fáceis para uns do que para outros, mas também que muito podia ser evitado e que o Homem (no sentido de “Humanidade”) é, muitas vezes, o seu pior inimigo. Não me refiro a uma espécie de auto-destruição, em que o ser humano se magoa e prejudica a ele próprio, mas a uma injustiça alimentada de um sistema económico, político e institucional que nem a todos serve, e quando serve, bem sabemos que nem sempre de igual forma, com consequências graves para a vivência humana no seu todo.

  O ser humano tem a particularidade de só sobreviver em contacto com os outros (e não só humanos), no seio de uma comunidade, e de necessitar que estejam reunidos um conjunto de fatores para o seu bem-estar (muito mais do que uma penosa sobrevivência), a sua dignidade e sentido de justiça, essencial a qualquer ser racional. As estruturas políticas e institucionais, os órgãos políticos e administrativos, as “coisas humanas” e até as disciplinas científicas e artísticas (ciência, engenharias, arquitetura, entre outras) que se foram criando e desenvolvendo ao longo dos tempos servem para nos servir. É preciso dizê-lo e sabê-lo, com a clareza de quem sabe que precisa de alimento para sobreviver. Por isso, convém que nos lembremos que, quando estas estruturas falham, tudo falha. Não há plano cultural que funcione sem prioridade política e bom funcionamento institucional, não há qualidade de vida sem um ambiente sustentável, não há política ambiental sem política económica, não há bom aproveitamento de equipamentos e recursos culturais sem recursos humanos valorizados e com as devidas condições laborais. Mas é também neste diálogo constante entre as várias dimensões da vida humana que encontramos as soluções, que nos apercebemos de como cada uma delas se vai recompondo a partir do momento em que se mexe em uma só peça do puzzle.

Foquemo-nos no dia-a-dia do Concelho de Torres Novas, sem esquecer a sua relação com tantos outros territórios e gentes, e pensemos no que é possível mudar. A dificuldade desta reflexão reside, claro, na variedade de realidades individuais (decorrentes, essencialmente, de desigualdades económicas e existentes à partida), na escolha que muitos adotam de olhar apenas parte do que os rodeia, habitualmente aquela que os beneficia e legitima as suas opiniões já pré-concebidas, sem qualquer contacto com a realidade, e de uma crescente desconexão do humano com a sua essência criadora e participativa (algo que assola até decisores políticos, eles próprios alheios à importância da sua atuação e aos contornes humanos, sociais e ambientais específicos do foco territorial em que ela tem lugar), rendendo-se a uma apatia ou a uma inação disfarçada de vontade de mudar ou “agitar o sistema”, que esconde um desconhecimento da verdadeira origem dos problemas e conflitos. Conscientes da importância de co-criar uma existência mais justa e humana, que sirva a comunidade e, como consequência necessária, o indivíduo, questionemo-nos:

Que mobilidade queremos? Transportes coletivos de qualidade e mobilidades acessíveis, espaços para andar, conviver, existir, sem a poluição urbana e sonora do transporte individual, ou uma rede de transportes e acessibilidades que agravam as assimetrias territoriais e o acesso a bens públicos elementares? Que educação queremos? Devemos escolher estabelecimentos de ensino inclusivos e atentos à especificidades de cada aluno, focados na apreensão de valores, aprendizagens diferentes e conhecimentos fundamentais, desenvolver as condições laborais necessárias (divisão justa de tarefas, diminuição de carga horária, maior flexibilidade de programas curriculares, qualidade de equipamentos, entre outros), em detrimento da perpetuação de um sistema de ensino que não agrada nem alunos, nem professores, bem como o pessoal não docente? Estará na altura de repensar as nossas estruturas institucionais, o seu funcionamento e dinâmicas internas? Que vida queremos na nossa cidade?

 

 

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