O que aí vem - inês vidal
Opinião » 2021-12-26 » Inês Vidal"“Depois do que vivemos nos últimos dois anos, já temos medo do que ainda possa estar para vir"
Passámos o ano, festejámos em família, vivemos mais uma vaga, fechámo-nos em casa, voltámos ao estudo em casa, às síncronas e assíncronas. Vacinámos Portugal. Com o bom tempo largámos as máscaras, acreditámos que o sol teria voltado a brilhar. Voltámos às praias e às salas de espectáculos, às mesas dos avós, aos jantares em família, voltámos aos amigos. Os hospitais, os lares e os centros de saúde abriram de novo as portas, pudemos visitar os nossos, ter consultas cara a cara como já não nos lembrávamos de existir. As doenças banais, que sempre conhecemos, voltaram a ter um lugar. Pudemos despedir-nos de quem nos partiu, os mais ousados voltaram aos beijos e aos abraços e nunca os recreios das escolas nos pareceram tão bonitos.
Elegemos um novo executivo municipal, assistimos à tomada de posse de Rodrigues como vereador de Pedro Ferreira e vimos a oposição perder a sua cor vermelha. O JT deu novo azul às suas páginas, enquanto arrancava para mais um ano de vida. Os Bombeiros Voluntários Torrejanos festejaram a entrada no 90.º aniversário e reiteraram o pedido de mais e maior apoio do município. De costas voltadas, não concordámos com os planos para o futuro, deixámos cair o governo e preparamos agora novas eleições legislativas. Com o Outono a fazer cair o que entretanto floriu, voltámos ao estado de calamidade, às máscaras e às regras, às limitações e aos cancelamentos e àquela sensação cada vez mais presente de que não há planos possíveis. Aprendemos a viver num constante condicional.
As nossas crianças vão à escola aos bochechos, enquanto brincam ao faz de conta com bonecos usando máscaras e testes à Covid-19. Democratizamos a testagem e depositamos agora a nossa esperança na vacinação dos mais novos, acreditando que será a solução para todos os nossos problemas. O Natal está de volta. Com ele as mesas em família. A maior diferença é que agora estaremos todos vacinados e testados. E ainda mais fartos e cansados.
Com o fim de mais um ano, sabemo-nos obrigados a saltar para um novo, a fazer planos de fundo, certos de que para o ano é que vai ser, que com tudo o que vamos fazer diferente, a nossa vida vai mudar para muito melhor. Mesmo que saibamos que vai ficar tudo igual e que as nossas grandes decisões de ano novo, só durarão até Fevereiro. E é exactamente disso que temos saudades: dos planos que fazíamos para mudar o nosso mundo, que tínhamos quase a certeza absoluta de que se manteria sempre igual. Temos saudades do sempre igual, daquela vida que sempre conhecemos.
Despedimo-nos de mais um ano, mas vamos contrariados. Não porque tenha sido um ano excepcional. Não foi. Mas depois do que vivemos nos últimos dois anos, já temos medo do que ainda possa estar para vir, do que não conhecemos, do que, dê por onde der, nunca mais será igual ao sempre o mesmo.
Quanto a nós, Jornal Torrejano, aqui continuaremos por mais um ano, cientes e conscientes de que venha o que vier, por mais diferente ou igual, o nosso papel continuará a ser primordial numa sociedade que se quer informada e democrática.
O que aí vem - inês vidal
Opinião » 2021-12-26 » Inês Vidal“Depois do que vivemos nos últimos dois anos, já temos medo do que ainda possa estar para vir
Passámos o ano, festejámos em família, vivemos mais uma vaga, fechámo-nos em casa, voltámos ao estudo em casa, às síncronas e assíncronas. Vacinámos Portugal. Com o bom tempo largámos as máscaras, acreditámos que o sol teria voltado a brilhar. Voltámos às praias e às salas de espectáculos, às mesas dos avós, aos jantares em família, voltámos aos amigos. Os hospitais, os lares e os centros de saúde abriram de novo as portas, pudemos visitar os nossos, ter consultas cara a cara como já não nos lembrávamos de existir. As doenças banais, que sempre conhecemos, voltaram a ter um lugar. Pudemos despedir-nos de quem nos partiu, os mais ousados voltaram aos beijos e aos abraços e nunca os recreios das escolas nos pareceram tão bonitos.
Elegemos um novo executivo municipal, assistimos à tomada de posse de Rodrigues como vereador de Pedro Ferreira e vimos a oposição perder a sua cor vermelha. O JT deu novo azul às suas páginas, enquanto arrancava para mais um ano de vida. Os Bombeiros Voluntários Torrejanos festejaram a entrada no 90.º aniversário e reiteraram o pedido de mais e maior apoio do município. De costas voltadas, não concordámos com os planos para o futuro, deixámos cair o governo e preparamos agora novas eleições legislativas. Com o Outono a fazer cair o que entretanto floriu, voltámos ao estado de calamidade, às máscaras e às regras, às limitações e aos cancelamentos e àquela sensação cada vez mais presente de que não há planos possíveis. Aprendemos a viver num constante condicional.
As nossas crianças vão à escola aos bochechos, enquanto brincam ao faz de conta com bonecos usando máscaras e testes à Covid-19. Democratizamos a testagem e depositamos agora a nossa esperança na vacinação dos mais novos, acreditando que será a solução para todos os nossos problemas. O Natal está de volta. Com ele as mesas em família. A maior diferença é que agora estaremos todos vacinados e testados. E ainda mais fartos e cansados.
Com o fim de mais um ano, sabemo-nos obrigados a saltar para um novo, a fazer planos de fundo, certos de que para o ano é que vai ser, que com tudo o que vamos fazer diferente, a nossa vida vai mudar para muito melhor. Mesmo que saibamos que vai ficar tudo igual e que as nossas grandes decisões de ano novo, só durarão até Fevereiro. E é exactamente disso que temos saudades: dos planos que fazíamos para mudar o nosso mundo, que tínhamos quase a certeza absoluta de que se manteria sempre igual. Temos saudades do sempre igual, daquela vida que sempre conhecemos.
Despedimo-nos de mais um ano, mas vamos contrariados. Não porque tenha sido um ano excepcional. Não foi. Mas depois do que vivemos nos últimos dois anos, já temos medo do que ainda possa estar para vir, do que não conhecemos, do que, dê por onde der, nunca mais será igual ao sempre o mesmo.
Quanto a nós, Jornal Torrejano, aqui continuaremos por mais um ano, cientes e conscientes de que venha o que vier, por mais diferente ou igual, o nosso papel continuará a ser primordial numa sociedade que se quer informada e democrática.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
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