O desassossego
Opinião » 2019-01-11 » AnabelaSantos"Estamos na “época alargada” de reivindicações. Na minha opinião, pertinentes e mais que justas."
Ou eu estou num estado de loucura que me faz confundir o real com o irreal, ou vivo num país imaginário, num sonho (menos bom) permanente, ou totalmente enganada vinte e quatro horas por dia.
Não são poucas as vezes que ouço ou leio nos meios de comunicação que o país vive tempos tranquilos. Ora, o endividamento está a diminuir, há uma queda gradual do desemprego, a economia está a crescer e a população está otimista. Ou seja, foi devolvida a confiança e a esperança aos portugueses.
No entanto, e há sempre um “no entanto”, um “mas” ou um “porém”, esta minha mania de ser pessimista, ou talvez realista demais, diz-me que no meu mundo continuo a ver insatisfação, crítica, dificuldades, lutas e desassossego.
No meu mundo continua a haver um elevado número de desemprego, este de longa duração, especialmente na camada jovem.
Isto é muito grave. Gravíssimo! Muito preocupante e precisa de solução urgente. Alguém os acuda! Sentem-se perdidos à procura de um futuro que não chega.
Sim, há muitos que têm emprego, obviamente, ou uma espécie disso. Trabalho precário, que está muito próximo da exploração. Empregos não qualificados e muito mal pagos tendo em conta as horas que são obrigados a fazer sem qualquer tipo de remuneração. Para piorar, não há, ou eu não conheço, uma entidade que regule esta desumanidade.
Depois, estamos na “época alargada” de reivindicações. Na minha opinião, pertinentes e mais que justas.
Não sei o número, mas sei que os dedos das minhas mãos não chegam para contar os pré avisos de greves e as greves efetivas que houve e parece-me que continuará a haver, no setor público e privado.
Apesar do que dizem sobre o estado da nação, a luta continua, não para, a insatisfação é notória. Não entendo!
Professores, polícias, militares, juízes e procuradores reivindicam a contagem de tempo de serviço, o descongelamento da progressão de carreira. Os enfermeiros querem um vencimento mais digno, reforma aos cinquenta e sete anos, revisão da carreira, entre outros. Os coletes amarelos pedem a redução da taxa de impostos, aumento do salário mínimo nacional, combate à corrupção no governo, serviço de qualidade no SNS. Os estivadores, registos e notariado, trabalhadores de saúde, trabalhadores das Finanças, e … reivindicam, reivindicam, reivindicam.
Depois da imagem que foi deixada pelo nosso primeiro-ministro, haverá razão para esta luta constante?
No meu mundo, sim. Vejo forças policiais, guardas prisionais, professores, auxiliares de educação, profissionais de saúde e muito mais, sem meios para exercerem condignamente o seu serviço. O SNS é deplorável, trabalhadores insatisfeitos, trabalho precário, mal pago, jovens sem esperança, apoios a serem retirados ou diminuídos a instituições de solidariedade sem fins lucrativos, IPSS, mostrando, assim, a pouca preocupação pelas pessoas desfavorecidas. Tantas coisas a apontar.
Retomo o início do texto … serei louca ou pertenço a um grupo de pessoas que tal como Bernardo Soares, semi-heterónimo de Fernando Pessoa, vive inquieto, insatisfeito e considera que deveriam existir “Ilhas para os inconfortáveis”, aqueles que deambulam, sentem e pensam, refugiam-se no sonho, transfiguram a realidade e vivem desassossegados?
O desassossego
Opinião » 2019-01-11 » AnabelaSantosEstamos na “época alargada” de reivindicações. Na minha opinião, pertinentes e mais que justas.
Ou eu estou num estado de loucura que me faz confundir o real com o irreal, ou vivo num país imaginário, num sonho (menos bom) permanente, ou totalmente enganada vinte e quatro horas por dia.
Não são poucas as vezes que ouço ou leio nos meios de comunicação que o país vive tempos tranquilos. Ora, o endividamento está a diminuir, há uma queda gradual do desemprego, a economia está a crescer e a população está otimista. Ou seja, foi devolvida a confiança e a esperança aos portugueses.
No entanto, e há sempre um “no entanto”, um “mas” ou um “porém”, esta minha mania de ser pessimista, ou talvez realista demais, diz-me que no meu mundo continuo a ver insatisfação, crítica, dificuldades, lutas e desassossego.
No meu mundo continua a haver um elevado número de desemprego, este de longa duração, especialmente na camada jovem.
Isto é muito grave. Gravíssimo! Muito preocupante e precisa de solução urgente. Alguém os acuda! Sentem-se perdidos à procura de um futuro que não chega.
Sim, há muitos que têm emprego, obviamente, ou uma espécie disso. Trabalho precário, que está muito próximo da exploração. Empregos não qualificados e muito mal pagos tendo em conta as horas que são obrigados a fazer sem qualquer tipo de remuneração. Para piorar, não há, ou eu não conheço, uma entidade que regule esta desumanidade.
Depois, estamos na “época alargada” de reivindicações. Na minha opinião, pertinentes e mais que justas.
Não sei o número, mas sei que os dedos das minhas mãos não chegam para contar os pré avisos de greves e as greves efetivas que houve e parece-me que continuará a haver, no setor público e privado.
Apesar do que dizem sobre o estado da nação, a luta continua, não para, a insatisfação é notória. Não entendo!
Professores, polícias, militares, juízes e procuradores reivindicam a contagem de tempo de serviço, o descongelamento da progressão de carreira. Os enfermeiros querem um vencimento mais digno, reforma aos cinquenta e sete anos, revisão da carreira, entre outros. Os coletes amarelos pedem a redução da taxa de impostos, aumento do salário mínimo nacional, combate à corrupção no governo, serviço de qualidade no SNS. Os estivadores, registos e notariado, trabalhadores de saúde, trabalhadores das Finanças, e … reivindicam, reivindicam, reivindicam.
Depois da imagem que foi deixada pelo nosso primeiro-ministro, haverá razão para esta luta constante?
No meu mundo, sim. Vejo forças policiais, guardas prisionais, professores, auxiliares de educação, profissionais de saúde e muito mais, sem meios para exercerem condignamente o seu serviço. O SNS é deplorável, trabalhadores insatisfeitos, trabalho precário, mal pago, jovens sem esperança, apoios a serem retirados ou diminuídos a instituições de solidariedade sem fins lucrativos, IPSS, mostrando, assim, a pouca preocupação pelas pessoas desfavorecidas. Tantas coisas a apontar.
Retomo o início do texto … serei louca ou pertenço a um grupo de pessoas que tal como Bernardo Soares, semi-heterónimo de Fernando Pessoa, vive inquieto, insatisfeito e considera que deveriam existir “Ilhas para os inconfortáveis”, aqueles que deambulam, sentem e pensam, refugiam-se no sonho, transfiguram a realidade e vivem desassossegados?
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Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
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A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
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Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
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» 2024-04-22
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