Warning: file_get_contents(http://api.facebook.com/restserver.php?method=links.getStats&urls=jornaltorrejano.pt%2Fopiniao%2Fnoticia%2F%3Fn-febaa4f1): failed to open stream: HTTP request failed! HTTP/1.1 400 Bad Request in /htdocs/public/www/inc/inc_pagina_noticia.php on line 148
Jornal Torrejano
 • SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Sexta, 07 Novembro 2025    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Seg.
 19° / 9°
Céu nublado com chuva fraca
Dom.
 18° / 7°
Períodos nublados
Sáb.
 19° / 9°
Períodos nublados
Torres Novas
Hoje  18° / 12°
Céu nublado com aguaceiros e trovoadas
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

O regresso à escola - antónio mário santos

Opinião  »  2025-09-20  »  António Mário Santos

Os meus três netos regressaram, hoje, como milhares no país, à escola pública. Levam na mochila, além de livros e cadernos, cada um o seu telemóvel. Alunos do 6.º e 10.º ano de escolaridade, têm os primeiros, pela frente uma novidade: a proibição, não só nas aulas, mas no recinto escolar, do uso daquele instrumento tecnológico. Medida governamental que, creio, todas as escolas aceitam, por ser reconhecidamente um elemento perturbador, não só da aula disciplinar em si, como, fora daquela, impeditivo da relação comunitária criadora da autoestima, do espírito crítico, do respeito pelo outro, da formação social a partir do convívio e do diálogo.

Sou de duas épocas educativas, com início e fim no século XX: do antes do 25 de Abril, e do depois da revolução.

Professor em ambas, na primeira enfrentava uma escola dividida em rapazes e raparigas, os primeiros maioritários e distribuídos pelas áreas disciplinares tecnológicas, mecânica, electricidade e comércio (esta mista), as raparigas inseridas na formação feminina, na aprendizagem dos lavores, da cozinha e da dactilografia, futuras boas donas de casa, algumas com possibilidade de dactilografia e estenografia na vida profissional. Ambos os sexos, separados nas aulas, nos recintos escolares, como na vida social de então, elas na opção secundária da educação da mulher como boa dona de casa, boa esposa e boa mãe; eles, os técnicos qualificados que a industrialização em curso necessitava. Era a regra geral educativa da sociedade totalitária salazar/cerejeira, depois marcelista, que (des)mentalizou o povo português durante quase cinquenta anos.

Com a revolução, e no seu percurso, por vezes tumultuoso, vivi uma outra escola, que aprendia a sua democratização. Com o tempo, acabaram as diferenças entre liceus e escolas industriais e comerciais públicas, as turmas tornaram-se mistas, dinamizaram-se associações de estudantes e de encarregados de educação, criaram-se jornais escolares, apostou-se nas actividades socio-cuturais, na formação das bibliotecas escolares, na melhoria dos apoios sociais e maior qualidade das cantinas e bares escolares.

As escolas assumiram a sua gestão, denominada democrática, fazendo parte dos seus órgãos directivos, listas de professores, de funcionários e de alunos eleitos. As actividades circum-escolares, que abriram a escola à sociedade, com esta chamada a participar na actividade escolar, criaram uma dinâmica em que a escola se integrava no meio e este nela. Os alunos eram os elementos fundamentais, que, na criatividade, no associativismo, na sala de aula, transformaram as escolas em locais de aprendizagem e de desenvolvimento cívico, sociocultural, de intercâmbio e de qualidade educativa. A internacionalização, com a entrada de Portugal na CEE, iniciou o intercâmbio estudantil com o mundo europeu.

Não é esta a escola que hoje existe. Nem em ambiente, nem em espírito.

A escola por objectivos - a preparação do terceiro ciclo, para o secundário, e deste para o universitário, alterou o dinamismo democrático assente no activismo igualitário da criação duma escola pública de qualidade. As classificações transformaram-se na vaca sagrada do sistema educativo actual, teoricamente permissores de carreiras definidas pelo mérito: o bacharelato, a licenciatura, o mestrado, e doutoramento. Na prática, diferenciadoras entre quem quer e pode, e quem quer mas não pode, nas despesas das matrículas, habitação, alimentação, custos obrigatórios diversos, que, ano a ano, agravaram aos segundos as possibilidades dum curso superior, afastado das possibilidades económicas familiares, e sem realistas alternativas ministeriais para a sua superação.

O individualismo e a cultura do self made man substituíram, na escola, os valores da empatia, da entreajuda, do respeito pelo outro.

A escola pública foi sendo, conscientemente, minimizada pela política governamental, e por parte de grupos de comunicação social, ante a privada, onde a capacidade económica gera a lei, e as elites consolidam a seu domínio do poder político, passado de pais a filhos. Repare-se como as vagas existentes no ensino superior público, se aumentaram em todo o país, tornaram-se dramáticas no ensino superior politécnico, principalmente no situado fora doa grandes centros populacionais, como nos casos de Santarém e de Tomar. Lisboa e Porto rebentam pelas costuras, o litoral acumula, o interior definha. O centralismo selecciona, o país empobrece.

Regresso aos meus netos e aos telemóveis. Tenho à minha frente a notícia sobre o estudo que a Universidade do Minho realizou nos segundo e terceiro ciclos e ensino secundário, em que os jovens do 6.º ano passavam uma média de três horas num dia de semana normal ao telemóvel, os do secundário quatro, sendo as raparigas quem mais passa o tempo na internet e nas redes sociais.

Os perigos do uso viciante do telemóvel, na Internet e redes sociais, são sinistramente superiores à sua qualidade de socialização.

A manipulação que os produtores dos conteúdos pretendem exercer nas mentalidades jovens, em formação, onde a curiosidade e a normal irreverência conduzem inconscientemente à assunção de regras forjadas para alimentação do seu espírito, inquieto com o cinzentismo do mundo real, transformam-nos em frágeis e fáceis presas do vampirismo tecnológico, monopolizado por elites totalitárias e antidemocráticas

Esperemos que o acerto humanizante da limitação do telemóvel nas escolas europeias consiga resistir à selvajaria manipulada da sua utilização fora delas.

Há que estar atento!

 

 

 Outras notícias - Opinião


Se me for permitido - antónio mário santos »  2025-10-18  »  António Mário Santos

Em democracia, o voto do povo é soberano. Tanto os vencedores, como os vencidos, devem reflectir no resultado das opções populares, como na consequência para os projectos com que se apresentaram na campanha. Sou um dos perdedores.
(ler mais...)


Autárquicas em Torres Novas - jorge carreira maia »  2025-10-18  »  Jorge Carreira Maia

Trincão Marques. O PS perdeu 1533 votos (diminui 7,7%) e dois vereadores. Uma vitória risível, quase uma derrota de Trincão Marques? Pelo contrário. A candidatura socialista tinha contra si 3 factores importantes: 1.
(ler mais...)


O universo num grão de areia - carlos paiva »  2025-10-18  »  Carlos Paiva

Somos um povo granular. Se há algum denominador comum no nosso comportamento, é esse o mais evidente. Por defeito, permanecemos divididos em pequenos domínios e, apenas pontualmente, mediante grande pressão, somos capazes de união num bloco sólido.
(ler mais...)


Martim Sousa Tavares e o efeito da arte - inês vidal »  2025-10-04  »  Inês Vidal

Sinto-me sempre noutra cidade, numa daquelas grandes, bem cotadas, por essa Europa adentro, quando me sento no auditório da Biblioteca Municipal de Torres Novas a ouvir Martim Sousa Tavares. Na terceira conferência do ciclo “Arte, beleza e significado ao longo do tempo”, que tem estado a promover na cidade ao longo deste ano, Martim fala de vida e de arte, começando na música clássica, passando pela escultura e pela pintura, indo da ópera ao teatro.
(ler mais...)


Equívocos desastrosos - acácio gouveia »  2025-10-04  »  Acácio Gouveia

Pelos mesmos caminhos não se chega sempre aos mesmos fins

Jean Jacques Rousseau

 

Quando ouço os generais Agostinho Sousa ou Carlos Branco tecerem considerações acerca da guerra na Ucrânia, presumo que estejam cronologicamente desfasados e, ao lançar os olhares para leste, vislumbrem a sigla CCCP e não РФ.
(ler mais...)


Mitos e lendas de Kaispergama - carlos paiva »  2025-10-04 

Diz o ditado popular: mãos ociosas são a oficina do diabo. Sendo o cérebro o principal órgão do ser humano, cuja capacidade superior o distingue dos outros seres vivos, é órgão feito para pensar.
(ler mais...)


Terramotos, tsunamis e incêndios - jorge carreira maia »  2025-10-02  »  Jorge Carreira Maia

Corre como se fosse uma maldição chinesa, mas é duvidosa a origem. Diz o seguinte: “Que vivas tempos interessantes!”. Ora, não apenas os tempos são interessantes, como muitos de nós os vivem como uma maldição.
(ler mais...)


Linguagem comum - jorge carreira maia »  2025-09-20  »  Jorge Carreira Maia

As democracias vivem do desacordo e do conflito entre perspectivas e interesses políticos divergentes. Contudo, esses desacordos e conflitos estão enraizados numa linguagem comum que permite que os projectos políticos sejam julgados pelo voto popular, sem isso representar um problema para quem defende projectos derrotados, nem dar um acréscimo de poder e de legitimidade – para além do que está na lei – a quem vence.
(ler mais...)


Um país a brincar - carlos paiva »  2025-09-20  »  Carlos Paiva

"A malta sabe que é curto. Mas vai ter de dar." Episódios ilustradores da mentalidade portuguesa, em versão condensada. Ou, a cronologia recente em pontos altos, do culto da irresponsabilidade endémica lusitana.

 Acidente de aviação na ilha da Madeira em 1977, do qual resultaram 131 mortos.
(ler mais...)

 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2025-10-18  »  Jorge Carreira Maia Autárquicas em Torres Novas - jorge carreira maia
»  2025-10-18  »  António Mário Santos Se me for permitido - antónio mário santos
»  2025-10-18  »  Carlos Paiva O universo num grão de areia - carlos paiva