Coube a Pedro Ferreira, presidente da câmara municipal, fazer um enquadramento inicial dos documentos em análise, começando o autarca socialista por fazer uma referência às ”profundas alterações” do paradigma de gestão das autarquias, que já se havia manifestado em 2012 e que se manteve em 2013.

”Passou-se de um período caracterizado por investimentos em equipamentos e infra-estruturas públicas, para um de contenção de despesa pública (…) e de poupança interna”, explicou Pedro Ferreira. ”Os objectivos estratégicos das GOP 2009-2013, quando focalizados no ano 2013, não poderão ser avaliados sem se ter em conta estas condicionantes”. O presidente da câmara explicou, em seguida, que os documentos espelham os sinais de crise económica, que se reflecte na arrecadação de receitas próprias e evidenciou que, mesmo neste cenário, foi possível reduzir o valor da dívida global em cerca de 4 milhões de euros. ”São valores bem expressivos, traduzindo-se numa redução de 14%. A dívida passou de de 34.790 mil euros em 2012 para 29.976 mil euros em 2013”, afiançou.

Henrique Reis, vereador do PSD, aconselhou à maioria socialista ”disciplina e bom senso” nas suas decisões pois, disse, o futuro não é risonho. ”Vai ter de haver muita contenção nos investimentos, pois será muito difícil à câmara fazer o suporte das candidaturas comunitárias”.

Por outro lado, acrescentou, a dependência financeira do município aumentou: ”O município consegue apenas 30 por cento das receitas do seu orçamento. Se o governo fecha a torneira cria-se uma situação muito difícil”, advertiu.

Por fim, Henrique Reis reconheceu o esforço da câmara em ”aproximar-se da realidade” mas apontou para a necessidade de se promover outro tipo de gestão na autarquia, sublinhado ser necessária coragem. ”Se isso não acontecer, a câmara de Torres Novas passará a ser o espelho do país”.

Filipa Rodrigues, vereadora da CDU, também frisou o aumento da dependência financeira do município torrejano e alertou para a necessidade de contenção, já que as receitas não cobrem as despesas.

Helena Pinto, vereadora do BE, começou a sua intervenção justificando o sentido do seu voto negativo. Não pela demonstração dos resultados, que são matéria factual, mas pela nota introdutória do relatório, assinada pelo presidente da câmara. Para Helena Pinto, o texto não refere as principais razões pelas quais a actuação da câmara foi condicionada: além da conjuntura económica do país, invocada por Pedro Ferreira, faltou referir que as opções da câmara foram limitadas pelas políticas locais dos últimos anos, imputando todas as responsabilidades ao PS. ”A gestão socialista tem sido ruinosa e despesista e foi essa a principal razão que conduziu a câmara a este regime apertado”, frisou.

Para a vereadora do bloco, o facto de ter também sido omitido neste relatório o resultado da inspecção da IGF, foi um erro crasso e, sublinhou, a adesão ao PAEL fez com que a câmara fique amarrada a uma série de compromissos até 2027. ”A austeridade está para ficar em Torres Novas”. Pedro Ferreira disse que, em relação a essa matéria, é possível que o prazo da dívida se possa reduzir entre 7 a 10 anos.

Este relatório de contas passou com os votos da maioria socialista, contou com a abstenção do vereador do PSD e com os votos contra da CDU e BE.