”Portugal é onde está a minha família e não há país que possa competir com isso”

Mariana Paulino Santos, 29 anos, doutoranda, Austrália

Mariana Paulino Santos é torrejana, tem 29 anos e mudou-se para longe. Há três anos que reside em Melbourne, na Austrália, onde é aluna de doutoramento em engenharia mecânica. Fez mestrado em engenharia mecânica na Universidade de Aveiro, onde estava já a frequentar o doutoramento na mesma área quando optou por continuar os estudos no outro lado do mundo.

Mais do que a procura de um bom futuro, foi a busca de novas experiências que levou Mariana até à Austrália: ”Sempre gostei de viajar e de novas experiências, conhecer novas culturas, passar por novas aventuras, etc, e isso teve provavelmente muito mais peso na minha decisão que qualquer outro motivo. Fi-lo pela experiência pessoal e profissional, de viver, estudar e trabalhar na Austrália. Na verdade, não vim à procura de emprego ou de melhor qualidade de vida, até porque vim como estudante e vivo maioritariamente da minha bolsa de estudo. Por isso até costumo dizer que não sou propriamente um bom exemplo do típico emigrante. Sou por enquanto, como diz no meu visto, estudante internacional. Se continuarei emigrada depois de completo o meu doutoramento, ainda não sei. Acredito que a reduzida oferta de emprego em Portugal venha a ter alguma influência nessa decisão, mas espero não ser determinante”.

Partiu sozinha para esta aventura. Daquilo que entretanto já viu no país que a acolhe, destaca uma maior oferta de emprego e melhores salários: ”Existe, claramente, uma maior oferta de emprego na Austrália, apesar de esta não ser tão proeminente na minha área profissional. As condições de trabalho, regulamentações de horas extra e salários são significativamente superiores em qualquer sector”, conta Mariana.

A língua não foi entrave à sua integração, já que sempre dominou o inglês. De qualquer forma, Mariana assegura que para qualquer outra pessoa a integração é simplificada pela hospitalidade de quem já passou pelo mesmo process ”Melbourne é uma cidade com uma mistura grande de nacionalidades e por isso a aprendizagem da língua pode ser feita cá com o apoio de outras pessoas que estão a passar ou já passaram por essa fase, e com o apoio dos próprios locais que são muito acessíveis”.

Apesar de estar a ser uma grande experiência, as saudades vão matando aos poucos: ”Família, amigos e a ”bicharada” lá de casa estão, claro, no topo da lista daquilo que mais sinto falta de Portugal. A experiência está ser muito boa e enriquecedora, quer em termos profissionais quer pessoais. Estar a 18 mil quilómetros da família e amigos é o único ”contra” para mim, e claro, custa muito. Se tivesse escolhido um outro país menos distante, dentro da Europa, seria provavelmente mais fácil, e talvez pudesse até fazer visitas de fim-de-semana como o fazia em Portugal. Mas, certamente, não seria a mesma experiência/aventura”.

Voltar a viver em Portugal está nos planos de Mariana: ”Continua a ser um país de que gosto muito. Gosto da cultura, das pessoas, do estilo de vida, do clima, da comida... Acho que é um país excelente para se viver. Mas, mais que isso, Portugal é onde está a minha família, e não há nenhum outro país que possa competir com isso”.