GENTE DE CÁ E DE LÁ (24)
Sociedade » 2014-07-11
Ana Patrícia Ferreira, 35 anos, investigadora, Inglaterra
Ana Patrícia Ferreira é a ”nossa” emigrante desta semana. Tem 35 anos e é natural de Torres Novas. Licenciou-se em engenharia química e fez doutoramento em biotecnologia, no Instituto Superior Técnico, de Lisboa. No momento em que decidiu emigrar trabalhava como bolseira de pós-doutoramento, associada a um projecto de investigação da universidade. Foi a falta de emprego estável que a levou para Inglaterra: ”Depois de um ano à procura de emprego na indústria em Portugal sem sucesso, enviei o currículo para fora e consegui uma oferta de trabalho numa empresa farmacêutica”.
Em 2007 mudou-se para o sudoeste do país, a cerca de 40 quilómetros de Londres. No final de 2010 aceitou uma outra proposta de trabalho perto de Liverpool, onde se encontra a viver há três anos e mei ”Sou investigadora sénior na divisão de Investigação e Desenvolvimento de uma empresa farmacêutica. Mais especificamente, o meu trabalho envolve análise de dados usando técnicas em que me especializei durante o meu Doutoramento. O meu departamento dedica-se principalmente a desenvolver formulações sólidas orais”, contou.
Partiu sozinha para Inglaterra e ao JT falou do país que encontrou: ”O ordenado é mais elevado que em Portugal mas o custo de vida também é mais alto. O preço da habitação e de muitos produtos no supermercado, especialmente hortícolas e fruta é bastante mais elevado (embora tenha notado também um aumento nos preços em Portugal da há uns tempos para cá). Outra grande diferença verifica-se a nível das pensões de reforma. Os descontos feitos pelo trabalhador e entidade patronal para a Segurança Social (National Insurance) são sensivelmente os mesmos (em percentagem do salário) que em Portugal mas as reformas só são pagas em parte pelo Estado (neste momento, o máximo é cerca de £500 ou seja 630 €, independentemente do valor do ordenado ao longo da carreira contributiva). A maioria das entidades patronais investe uma percentagem do ordenado mensalmente num fundo de pensões (5% é o valor comum) e é desse fundo que virá a maior parte da reforma. Estes fundos são investidos no mercado e têm portanto um certo risco associado visto que o seu valor flutua com as subidas e descidas das cotações em bolsas. As taxas de impostos sobre o rendimento (IRS) são semelhantes, no entanto em Inglaterra não há lugar a preencher a declaração anual que permite reembolso de parte de contribuições”, relatou Ana Patrícia Ferreira.
Desde 2007 tem, no entanto, sentido uma certa mudança na hospitalidade inglesa: ”Nos últimos três anos tem-se vindo a notar um aumento do sentimento ”anti-imigração” especialmente dirigido a imigrantes dos países da União Europeia abrangidos pela livre circulação de pessoas, principalmente a nível das notícias veiculadas nos meios de comunicação. Embora a crise não tenha afectado o mercado de trabalho tanto como o dos países da Europa do Sul (a taxa de desemprego está ligeiramente abaixo dos 7%), há áreas em que o mercado está saturado o que levou a uma certa percepção, aliás comum em outros países, de que os imigrantes virão ocupar postos de trabalho que deveriam ser ocupados por ingleses”, lamentou.
Família, amigos, sol e alimentação estão, como em todos os nossos restantes emigradas, entra os factores de maior saudade: ”Sinto falta da família e dos amigos, muitos também entretanto emigrados. Custa especialmente ter que seguir de longe o crescimento das minhas sobrinhas, mas felizmente a internet permite um acompanhamento mais próximo. Da comida, especialmente o peixe, que não se encontra em grande variedade nas grandes superfícies, e o pão, que agora preparo numa máquina que comprei. Do Verão, os cinco primeiros anos que aqui passei quase não houve sol – não tinha esperado sentir tanto a sua falta. Chegava a Julho e o relógio biológico ”pensava” que ainda era Fevereiro ou Março”.
A nível profissional não restam dúvidas a Patrícia de que emigrar foi a melhor decisã ”Tenho tido oportunidades de desenvolver a minha carreira que não teria se não tivesse vindo para fora e que me permitiram colher os frutos do tempo e trabalho que investi na minha formação”, contou. A nível pessoal, a conversa é outra: ”Estou bem adaptada à vida aqui e o nível de vida permite-me viajar e conhecer novos países (o que não conseguia enquanto bolseira em Portugal). Há no entanto uma grande diferença em termos culturais. Além disso, os ingleses são em geral reservados e leva algum tempo a desenvolver amizades. E sinto muito a falta deste nosso cantinho, de Lisboa onde vivi onze anos e de todos aqueles que deixei para trás ao embarcar nesta aventura”.
Voltar a viver em Portugal está nos planos de Patrícias. Assim as condições o permitam: ”Se surgisse uma oportunidade equiparada ao trabalho que desenvolvo agora não hesitaria. Mas a realidade é que quando saí, há quase sete anos, as oportunidades para pessoas com a minha formação já eram escassas e na maior parte envolveriam ficar como bolseira de pós-doutoramento por vários anos, o que é uma situação relativamente precária”, lamentou.
GENTE DE CÁ E DE LÁ (24)
Sociedade » 2014-07-11
Ana Patrícia Ferreira, 35 anos, investigadora, Inglaterra
Ana Patrícia Ferreira é a ”nossa” emigrante desta semana. Tem 35 anos e é natural de Torres Novas. Licenciou-se em engenharia química e fez doutoramento em biotecnologia, no Instituto Superior Técnico, de Lisboa. No momento em que decidiu emigrar trabalhava como bolseira de pós-doutoramento, associada a um projecto de investigação da universidade. Foi a falta de emprego estável que a levou para Inglaterra: ”Depois de um ano à procura de emprego na indústria em Portugal sem sucesso, enviei o currículo para fora e consegui uma oferta de trabalho numa empresa farmacêutica”.
Em 2007 mudou-se para o sudoeste do país, a cerca de 40 quilómetros de Londres. No final de 2010 aceitou uma outra proposta de trabalho perto de Liverpool, onde se encontra a viver há três anos e mei ”Sou investigadora sénior na divisão de Investigação e Desenvolvimento de uma empresa farmacêutica. Mais especificamente, o meu trabalho envolve análise de dados usando técnicas em que me especializei durante o meu Doutoramento. O meu departamento dedica-se principalmente a desenvolver formulações sólidas orais”, contou.
Partiu sozinha para Inglaterra e ao JT falou do país que encontrou: ”O ordenado é mais elevado que em Portugal mas o custo de vida também é mais alto. O preço da habitação e de muitos produtos no supermercado, especialmente hortícolas e fruta é bastante mais elevado (embora tenha notado também um aumento nos preços em Portugal da há uns tempos para cá). Outra grande diferença verifica-se a nível das pensões de reforma. Os descontos feitos pelo trabalhador e entidade patronal para a Segurança Social (National Insurance) são sensivelmente os mesmos (em percentagem do salário) que em Portugal mas as reformas só são pagas em parte pelo Estado (neste momento, o máximo é cerca de £500 ou seja 630 €, independentemente do valor do ordenado ao longo da carreira contributiva). A maioria das entidades patronais investe uma percentagem do ordenado mensalmente num fundo de pensões (5% é o valor comum) e é desse fundo que virá a maior parte da reforma. Estes fundos são investidos no mercado e têm portanto um certo risco associado visto que o seu valor flutua com as subidas e descidas das cotações em bolsas. As taxas de impostos sobre o rendimento (IRS) são semelhantes, no entanto em Inglaterra não há lugar a preencher a declaração anual que permite reembolso de parte de contribuições”, relatou Ana Patrícia Ferreira.
Desde 2007 tem, no entanto, sentido uma certa mudança na hospitalidade inglesa: ”Nos últimos três anos tem-se vindo a notar um aumento do sentimento ”anti-imigração” especialmente dirigido a imigrantes dos países da União Europeia abrangidos pela livre circulação de pessoas, principalmente a nível das notícias veiculadas nos meios de comunicação. Embora a crise não tenha afectado o mercado de trabalho tanto como o dos países da Europa do Sul (a taxa de desemprego está ligeiramente abaixo dos 7%), há áreas em que o mercado está saturado o que levou a uma certa percepção, aliás comum em outros países, de que os imigrantes virão ocupar postos de trabalho que deveriam ser ocupados por ingleses”, lamentou.
Família, amigos, sol e alimentação estão, como em todos os nossos restantes emigradas, entra os factores de maior saudade: ”Sinto falta da família e dos amigos, muitos também entretanto emigrados. Custa especialmente ter que seguir de longe o crescimento das minhas sobrinhas, mas felizmente a internet permite um acompanhamento mais próximo. Da comida, especialmente o peixe, que não se encontra em grande variedade nas grandes superfícies, e o pão, que agora preparo numa máquina que comprei. Do Verão, os cinco primeiros anos que aqui passei quase não houve sol – não tinha esperado sentir tanto a sua falta. Chegava a Julho e o relógio biológico ”pensava” que ainda era Fevereiro ou Março”.
A nível profissional não restam dúvidas a Patrícia de que emigrar foi a melhor decisã ”Tenho tido oportunidades de desenvolver a minha carreira que não teria se não tivesse vindo para fora e que me permitiram colher os frutos do tempo e trabalho que investi na minha formação”, contou. A nível pessoal, a conversa é outra: ”Estou bem adaptada à vida aqui e o nível de vida permite-me viajar e conhecer novos países (o que não conseguia enquanto bolseira em Portugal). Há no entanto uma grande diferença em termos culturais. Além disso, os ingleses são em geral reservados e leva algum tempo a desenvolver amizades. E sinto muito a falta deste nosso cantinho, de Lisboa onde vivi onze anos e de todos aqueles que deixei para trás ao embarcar nesta aventura”.
Voltar a viver em Portugal está nos planos de Patrícias. Assim as condições o permitam: ”Se surgisse uma oportunidade equiparada ao trabalho que desenvolvo agora não hesitaria. Mas a realidade é que quando saí, há quase sete anos, as oportunidades para pessoas com a minha formação já eram escassas e na maior parte envolveriam ficar como bolseira de pós-doutoramento por vários anos, o que é uma situação relativamente precária”, lamentou.
Torres Novas: “Comemorações Populares” do 25 de Abril » 2024-04-22 Em simultâneo com as comemorações levadas a efeito pelo município, realizam-se também no concelho outras iniciativas: no dia 23 há um debate sobre mediação cultural no Museu Agrícola de Riachos, às 11 horas, às 19 uma sessão musical no auditório da biblioteca de Torres Novas, com a participação do coro de Alcorriol e da Banda Operária, no dia 25 de Abril um almoço comemorativo no Hotel dos Cavaleiros, uma arruada com desfile popular da praça 5 de Outubro para o Parque da Liberdade, às 15H0 e pelas 17H, no largo da Igreja Velha, em Riachos, uma sessão musical promovida pelo Paralelo 39. |
25 de Abril em Alcanena: Ana Lains com António Saiote » 2024-04-22 O programa de comemorações dos 50 anos do 25 de Abril terá início no dia 24 de Abril, quarta-feira, com o concerto comemorativo “António Saiote convida Ana Laíns, às 21:30h, na Praça 8 de Maio, em Alcanena, seguido da atuação do DJ Pedro Galinha, às 23:30h (ambos de entrada livre). |
MÚSICA: Rui Veloso em Alcanena » 2024-04-22 Integrado no programa de comemorações do 110.º aniversário da Fundação do Concelho de Alcanena, terá lugar, no dia 8 de Maio, quarta-feira, às 21h30, na Praça 8 de Maio, em Alcanena, um concerto de Rui Veloso, um dos grandes nomes da música portuguesa e um dos mais influentes, com uma carreira repleta de sucessos, que atravessam gerações. |
Comemorações do 50.º aniversário do 25 de abril, em Torres Novas » 2024-04-22 O Município de Torres Novas assinala o Dia da Liberdade com um programa comemorativo do 50.º aniversário do 25 de abril de 1974, que inclui a sessão solene, a decorrer pela manhã, no Parque da Liberdade, onde à tarde serão homenageados os presos políticos naturais e residentes em Torres Novas à altura em que foram detidos. |
Renova: arquivado processo contra cidadãos que passaram dia da Espiga junto à nascente do rio Almonda » 2024-04-22 O Ministério Público mandou arquivar, por falta de provas, a participação movida pela empresa Renova contra vários cidadãos que passaram o ‘Dia da Espiga’ junto à nascente do Rio Almonda, alegando “danos e invasão de propriedade privada”. |
PUBLICIDADE INSTITUCIONAL - Centro Social Santa Eufémia – Chancelaria Assembleia Geral CONVOCATÓRIA » 2024-04-10 Centro Social Santa Eufémia – Chancelaria Assembleia Geral CONVOCATÓRIA Nos termos do artigo 29.º, alínea a, do número 2, convoco as/os Exma(o)s associada(o)s para uma Assembleia Geral ordinária, a realizar no próximo dia 28 de abril de 2024, pelas 15H00, nas instalações do Centro. |
Espectáculo de porcos em Riachos causa estranheza » 2024-04-08 Anunciava-se no cartaz das actividades do dia 7 de Abril, domingo, da Associação Equestre Riachense, como “porcalhada”. Mas estaria longe de imaginar-se que o espectáculo prometido seria um exercício de perseguição a um leitão, num chiqueiro, até o animal, aterrorizado, ser atirado para dentro de um recipiente situado no meio do recinto. |
Bombeiros: nova direcção, velhos hábitos » 2024-03-21 Chegou ao fim a guerra nos Bombeiros Voluntários Torrejanos. Pelo menos, para já. A nova direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Torrejanos tomou posse ao fim da tarde de hoje, 21 de Março, Dia Mundial da Poesia. |
Paulo Ganhão Simões, presidente da Junta de Pedrógão: “Só se consegue tentar reverter a desertificação com mais investimento público” » 2024-03-21 Diz que é uma pessoa diferente após esta já longa carreira de autarca e que também ficou com uma percepção mais rica do que é o território da sua freguesia. Considera que contribuiu para mitigar antigos antagonismos, faz um balanço positivo da sua acção, mas ainda tem projectos por finalizar, entre eles uma melhor ligação à sede do concelho. |
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