O transporte ferroviário foi o tema que o partido ecologista “Os Verdes” trouxe ao Entroncamento, esta segunda-feira, dia 22, no âmbito de um roteiro distrital em torno das questões do ambiente que está no terreno desde o dia 19 e que se prolonga até ao dia 8 de Novembro. Em cada paragem destas jornadas o PEV aborda um tema diferente.

A passagem da “caravana” partido ecologista “Os Verdes” (PEV) pela cidade Entroncamento, no âmbito das jornadas ecológicas do distrito de Santarém, teve como tema central o transporte ferroviário.

Aproveitando o último dia da semana da mobilidade, os ecologistas privilegiaram uma reflexão acerca deste tema, considerando Manuela Cunha que os transportes são factor fundamental para o desenvolvimento das regiões.

“Sem transporte as pessoas não se podem deslocar para os seus empregos, para procurar emprego, e uma pessoa não aceita um emprego se o transporte lhe levar metade do salário. São necessários transportes a custos razoáveis”, defendeu. Na sua opinião, o preço dos passes do comboio está muito alto (acima dos 200 euros entre o Entroncamento e Lisboa), não contando com as deslocações urbanas dentro da capital.

Manuela Cunha falou também das vantagem do comboio em relação ao rodoviário no transporte de bens. “O governo só fala em exportações, mas como exportar se só se encerram linhas de caminho-de-ferro?”, questiona, lembrando as vantagens ambientais e económicas, já que se poupava na importação de combustíveis, que tanto contribuem para o déficit do país.

Nesta iniciativa que visa fazer um levantamento dos problemas que afectam a qualidade de vida das pessoas bem como o desenvolvimento no distrito e do país, mas também destacar os pontos positivos que deveriam servir de alavanca para ajudar o país a sair da crise, o PEV salienta a existência da EMEF e defende a sua potencialização.

Considerada uma empresa fundamental no sector, uma vez que é a responsável pela manutenção e renovação do material circulante, e “Os Verdes” contestam que os últimos governos insistam no seu “desmantelamento”.

“A empresa garante a nossa segurança e poderia contribuir para se importar menos”, referiu, sublinhando que a Linha do Douro tenha carruagens alugadas a Espanha e cuja manutenção é feita no país vizinho “quando existem no Entroncamento carruagens que poderiam ser arranjadas e colocadas a circular”.

“Isto não é gastar dinheiro?” questiona, interrogando-se se o país está a ser gerido “por gente equilibrada”.

“A EMEF é uma empresa fundamental que deveria ser preservada e contribuir para o bem-estar e desenvolvimento do país”, notou, lembrando o encerramento das oficinas da Figueira da Foz e o contínuo decréscimo de trabalhadores nas oficinas do Entroncamento, o principal pólo ferroviário do país.

Segundo João Azevedo, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, existem actualmente cerca de 340 funcionários nas oficinas do Entroncamento, contra as 600 que existiam há cinco anos. Desde o início dos anos 80 que o complexo do Entroncamento das oficinas da EMEF vêm registando sistematicamente perda do número de trabalhadores. Nessa altura havia perto de 1900 homens ao serviço da CP.

“A nossa empresa é responsável pela manutenção de todo o material ferroviário mas a empresa mãe, a CP, está a enviar o material para revisão com muito tempo de atraso. Há muitos comboios a circular, nomeadamente os Alfas, que não têm as reparações em dia. Deviam ter entrado no ano passado e continuam a circular. Este retardar pode pôr em perigo segurança das pessoas.

“Os Verdes” entregaram aos representantes dos trabalhadores da EMEF um diploma que simboliza o seu reconhecimento para com os funcionários da empresa, não apenas pela luta em defesa dos seus postos de trabalho, mas também pela luta que travam “em defesa de uma empresa da qual o país precisa”.