De acordo com Joaquim Inácio, presidente do conselho de administração da AUSTRA, há uma empresa da Gouxaria que, desde Janeiro deste ano, tem estado a falhar com o pagamento das taxas mensais de utilização do sistema, acumulando já um valor bastante superior a 75 mil euros.

Neste período realizaram-se algumas reuniões e tentativas de acordos mas a situação manteve-se tal e qual, até que foi levantado um processo disciplinar que levou à expulsão da empresa Wet White, enquanto associada da AUSTRA.

Com efeito, e salvaguardados pelos regulamentos da associação, garante o responsável, técnicos da AUSTRA deslocaram-se à empresa para interromper a ligação ao sistema de tratamento das águas residuais, mas a entrada na unidade não foi permitida, pelo que não foi possível cumprir essa ordem. Houve outras tentativas para fazer o corte da ligação, através de um balão que se coloca na conduta e que serviria de obstáculo ao caudal proveniente da empresa, mas este foi ”furado” e não cumpriu a sua função. Segundo os dirigentes da associação, houve outras tentativas para proceder ao corte da ligação, mas a empresa terá conseguido impedi-lo com recurso ao estacionamento de viaturas na zona dos coletores e ”e outro tipo de obstrução”.

Só às primeiras horas do dia 23 de Julho, e depois de algumas tentativas mal sucedidas, técnicos da AUSTRA, do lado de fora da unidade, procederam ao corte da ligação, partindo um colector. ”A nossa intervenção só durou uma manhã porque houve uma intervenção pirata nesse mesmo dia”, assegura Joaquim Inácio. Essa ligação ”clandestina e à margem da lei” mantém-se até hoje.

Os vereadores independentes, recorde-se, criticaram o modo como o corte da ligação foi efectuado, mas os dirigentes da associação de utilizadores entendem que não podem nem devem abrir mão de uma faculdade que lhes assiste, que é cortar a ligação a quem não paga a utilização do sistema. Perante estes dados, os administradores da AUSTRA perguntam aos independentes de outra forma deveriam ter actuado.

”A AUSTRA agiu no cumprimento do regulamento e a responsabilidade de não causar acidentes ambientais, neste caso concreto, é da empresa. Há aqui uma tentativa de passar o ónus para o lado AUSTRA mas, a partir do momento em que a empresa é notificada acerca do corte da ligação, esta passa a ser a responsável caso continue a verter efluentes no sistema”, considera Joaquim Inácio.

Hoje, o responsável admite que a associação foi demasiado tolerante e facilitou como não o devia ter feito, permitindo que a dívida se avolumasse nas condições em que efectivamente se verificou. 

 

Obras na ETAR estão adiantadas

As obras de requalificação da ETAR de Alcanena, da responsabilidade da AUSTRA, estão a decorrer desde o início do Verão estão em fase final de conclusão, notando-se já melhorias no funcionamento do equipamento, asseguram os responsáveis.

Um dos aspectos mais relevantes desta intervenção é a construção de um novo tanque que permitirá o tratamento diferenciado das águas residuais e dos sulfuretos, matéria orgânica muito agressiva que é proveniente das unidades industriais e que é a grande responsável pelo desgaste dos equipamentos. Este elemento químico deixará de chegar das fábricas à ETAR via colectores, mas sim via transporte.

O investimento ”de vulto” antecede o projecto de substituição da rede de colectores, que prevê a construção de uma rede separadora dos esgotos domésticos e industriais. ”Quando esta obra estiver completa vão registar-se melhorias significativas no ambiente no concelho de Alcanena”, acredita Joaquim Inácio, que considera que nesta fase de grandes investimentos a associação não pode pactuar com ”calotes”. As obras na ETAR e a participação da AUSTRA na substituição da rede de colectores rondam um investimento de cerca de 2 milhões de euros.