Na sequência de notícias publicadas nas três últimas edições deste jornal, àcerca de uma intervenção da AUSTRA num colector de uma empresa associada, o Jornal Torrejano foi esta semana confrontado com uma ”avalanche” de reacções que, a serem publicadas tal como nos chegaram, teríamos de dedicar um número inteiro a este assunto.

Pela nossa parte, já entendemos o que se passa verdadeiramente e a opinião pública também já o saberá. E, tudo mais o que venha a ser escrito, por muita volta que dê, não vai contribuir para um melhor esclarecimento.

Este enredo, recorde-se, começou com divulgação, da nossa parte, de posições defendidas pelos vereadores independentes sobre o corte efectuado pela AUSTRA à ligação de uma empresa de curtumes ao sistema de tratamento de águas residuais. Posições defendidas em reuniões de câmara públicas, que deram aso a debate político. Foi com base nessas declarações que o JT publicou os primeiros dois textos.

Mais tarde, na sede da AUSTRA, o Jornal Torrejano ouviu as explicações dos seus administradores acerca do sucedido, o que deu origem a um terceiro texto sobre este assunto. Entretanto, os Independentes pelo Concelho de Alcanena (ICA) dirigiram-se apressadamente ao nosso jornal com um direito de resposta (embora o texto não tenha, ao abrigo da Lei de Imprensa invocada, esse enquadramento) e recebemos mais esclarecimentos, desta feita por parte da empresa Alcurte, que parte das suas instalações cedidas à empresa visada neste processo. A empresa referida nos anteriores textos, a Wet-White, por sua vez, também entendeu prestar esclarecimentos.

 

O que diz a Wet-White:

”Na sequência das duas notícias que constam no vosso jornal intituladas ”Alcanena: Independentes insistem que corte de ramal em fábrica não é solução” e ”Alcanena: Austra reage a opiniões dos independentes sobre corte na ligação de empresa ao sistema de águas residuais” vimos prestar o seguinte esclareciment

- A Wet White Lda formalizou em 22/7/2014, junto da Austra, uma reclamação escrita alegando erros de medição da contagem das águas residuais que lhe foram faturadas;

- Até esta data não têm conhecimento de qualquer decisão dessa reclamação que devia ter efeitos suspensivos relativos ao pagamento;

- Está convencida, que da análise da reclamação, resultará uma substancial redução dos valores da sua alegada dívida perante a Austra;

- Acrescendo que os 44 metros cúbicos que lhe foram faturados em Agosto de 2014 evidenciam outro abuso nos valores que lhe foram faturados desde 2009, uma vez que provam uma política de duplicação de faturação em que a mesma quantidade de água é faturada ao proprietário do edifício e à Wet White Lda, duplicando nessa parte as receitas da Austra, sendo necessário analisar todos os valores que nos foram debitados neste período;

- Dessa análise resultará a correção dos valores que a Austra debitou à Wet White Lda, agravados pelo acréscimo mensal de 10%, passando a Wet White Lda a ser credora da Austra:

Mesmo que da correção dos valores que nos foram faturados não resultasse a inversão do saldo, o valor que permaneça em dívida será de tal forma reduzido que teremos capacidade para proceder ao seu pagamento;

- Nestas circunstâncias, desde 17 de Agosto, que a Wet White não descarrega águas residuais a partir do prédio urbano 1848, cujo proprietário é a Alcurte Curtumes SA, situação que é do conhecimento da Austra;

- É totalmente falso que alguma vez a Austra tenha sido impedida de entrar nas instalações usadas pela Wet White Lda, sendo que o seu proprietário, Alcurte Curtumes SA, gere o seu acesso, tendo uma política de porta aberta, com a qual até nem concordamos, da qual resulta que todos podem entrar sem qualquer aviso, nomeadamente pelo portão da Travessa da Saudade, razão pela qlual era frequente que os funcionários da Austra entrassem sem que a Wet White tivesse conhecimento da sua visita.

Estranhamos assim o texto das duas noticias que não falam da reclamação que entregámos parecendo existir um alinhamento de posições que estranhamos, nesta situação que continuamos sem entender”.

 

A Alcurte:

Em 2009 a empresa Wet White (WW) passou a utilizar uns pavilhões da Alcurte, antiga Manuel Branco de Oliveira e Filhos LDA, passando a WW a descarregar as suas águas residuais pelo mesmo colector que a Alcurte, por ”conveniência da AUSTRA”, diz António Alexandre, administrador da empresa detentora dos pavilhões.

Com o bloqueio efectuado pela AUSTRA em Julho passado à ligação da WW ao sistema, devido às taxas em atraso, a Alcurte diz-se injustamente afectada uma vez não está em incumprimento. A AUSTRA, por seu lado, assegura propôs à Alcurte a construção de um tanque para alojar o caudal produzido e que este seria transportado até à ETAR por uma viatura. Solução que, segundo a AUSTRA, a Alcurte não aceitou.

Perante o corte na ligação efectuado pela AUSTRA, no dia 24 de Julho, António Alexandre é taxativo. ”Como a Alcurte descarrega as suas águas residuais por este ramal e a AUSTRA nunca a advertiu de qualquer ”corte de ligação” os derrames daí resultantes são da responsabilidade da AUSTRA”. O responsável diz ainda que há queixas-crime a decorrer contra a AUSTRA e defende que esta está contratualmente obrigada a zelar pela conservação dos equipamentos e não a destruí-los.

 

E os independentes:

No direito de resposta invocado, o grupo independente (ICA) não é referido nada de extraordinariamente novo, reafirmando aquela organização a sua discordância pela forma como a AUSTRA actuou, conforme já noticiamos por duas vezes neste jornal.

”Em boa verdade só questionámos o executivo da câmara municipal de Alcanena se tinha conhecimento da destruição de uma parte da rede de colectores, propriedade do município. Só pedimos esclarecimento acerca da verdade desses factos (…) e acabámos por ser informados por um elemento do executivo que de facto tinha sido arrancada uma manilha para evitar a ligação da empresa devedora (...). Ficámos, portanto, informados e manifestámos a nossa discordância pela forma apressada como a medida foi tomada, segundo parece, depois de terem passados mais de 6 meses desde que a empresa terá entrado em incumprimento (…). Em nossa opinião (...) num estado de direito, há sempre lugar ao recurso à Justiça que tomará as medidas julgadas mais adequadas à resolução do conflito”, reafirmam.