Maria de Sousa, produtora de castanha, amêndoa, passa de uva, figo preto e pingo de mel e nozes, é presença assídua na feira dos frutos secos de Torres Novas desde a primeira edição do certame, que se realizou de 9 a 12 de Outubro de 1986.

Esta produtora de Casais da Igreja, freguesia de Assentis, concelho de Torres Novas, não falhou até hoje uma feira, acreditando que, actualmente, é das únicas vendedoras presentes naquele evento que vende exclusivamente o que produz, ”muito embora haja por aí mais quem tenha fama de ser produtor mas vende produtos que compra”, asseverou.

As suas árvores, amendoeiras, nogueiras e figueiras, estão espalhadas por diversas fazendas, não apenas em Casais da Igreja mas também, por exemplo, em Paialvo, e a produção é feita com recurso ao método artesanal.

A secagem da uva, para transformar em passa de uva, por exemplo, é feita em estufa, mas apenas com uma cobertura para proteger a produção em caso de chuva. Nas laterais está destapada, refere, para descrever que o processo é o mais natural possível.

Questionada sobre se o que vende hoje é o mesmo que se vendia em 1986, Maria de Sousa responde com alguma tristeza: ”Nem lá perto!”

Esta vendedora, que também está no mercado semanal da terça-feira, sublinha que a concorrência dos produtos importados faz alguma mossa no seu negócio, que é de pequena dimensão.

Actualmente os expositores procuram diversificar a oferta, apresentando uma vasta gama de frutos secos, muitos dos quais transformados e cristalizados.

Além da feira dos frutos secos de Torres Novas há, no país, outros eventos semelhantes que visam a divulgação deste produt são os casos da feira de frutos secos e derivados de Alcantarilha, Silves (Algarve), da feira dos frutos secos do Alvito (Alentejo) ou a feira de S. Simão, em Alcobaça, que tem nos frutos secos a sua principal atracção.

 

Próxima edição está a ser pensada

A próxima edição da feira dos frutos secos vai coincidir com o 30.º aniversário da elevação de Torres Novas a cidade e, nessa medida, está a ser pensado um certame especial que seja do agrado de todos. Com efeito, têm sido realizados inquéritos aos expositores e aos visitantes, no sentido de se perceber o que pode ser melhorado.

”Temos que perceber melhor o que o cliente procura e o que temos para oferecer e na minha opinião a feira tem vindo a ajustar-se convenientemente à procura, apesar do número de visitantes se ter vindo manter. Pelos inquéritos que fazemos notamos algum descontentamento pelos moldes em que funciona. Este ano vamos dirigir inquéritos aos expositores, que são quem cria a oferta, e aos visitantes. Depois de analisada a opinião da oferta e da procura, definiremos o modelo que melhor defenda os interesses culturais da nossa ligação ao fruto seco”, diz António Ferreira, do sector do turismo da autarquia torrejana.

É sua convicção que a feira do próximo marcará indelevelmente o rumo deste evento, no futuro, admitindo que todas as hipóteses estão em cima da mesa.

”A necessidade de fazer boa gestão orçamental é imperiosa. Não podemos fazer algo que depois não conseguimos pagar e, para esse efeito, temos de ter uma visão do utilizador-pagador, o que não quer dizer que as entradas não possam ser gratuitas. Temos é de encontrar formas de financiamento que permita realizar o evento”.

Se abdicarmos da receita de bilheteira e passarmos essa fatia para os expositores, torna-se inviável a sua participação. Temos de tornar em cada vez mais os espaços dos expositores mais baratos. São aspectos que têm de ser ponderados. Eventualmente poderemos contar em 2015 com fundos comunitários. Isso facilitaria as coisas, neste caso, melhorando a acessibilidade ao evento do ponto de vista financeiro”, concluiu.