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Morreu Carlos Trincão Marques, figura marcante da sociedade torrejana

Sociedade  »  2018-08-15 

Advogado, político, dirigente associativo

Nascido em Riachos em 1944, Carlos Trincão Marques morreu na madrugada de  quarta-feira, em Lisboa, onde se encontrava hospitalizado na sequência da doença que o atormentava nos últimos tempos.

Filho do riachense Dr. José Marques, proprietário agricultor, conhecido e prestigiado advogado em Torres Novas, Carlos Trincão Marques continuou a tradição familiar e cursou direito na Universidade de Coimbra, onde teve os primeiros contactos com a oposição ao regime salazarista tornando-se próximo de algumas figuras ligadas às lutas estudantis do início da década de 60 do século passado.

Regressado a Torres Novas, para exercer, nos primeiros tempos, juntamente com seu pai, integrou-se no movimento associativo local e foi protagonista directo de movimentos e forças de oposição política ao regime.

Mas, quando se formou, já estava de algum modo integrado no movimento associativo em Riachos. Veio para Torres Novas e o trampolim para a sua entrada no meio sócio-político foi o Cine-Clube. Foi presidente dessa, na altura, viva e dinâmica colectividade torrejana, que era, paralelamente, um fórum de actividade política.

A melhor recordação dessa época, Trincão Marques nunca o escondeu, foi o primeiro Movimento Inter-Colectividades (MIC), que teve uma dinâmica enorme na afirmação do movimento associativo do concelho, constituído fundamentalmente pelo Clube de Campismo, Choral Phydellius e Bombeiros. O MIC proporcionou uma grande movimentação de pessoas e, em 1973, realizou o célebre convívio na Quinta de São Gião, a que acorreram 400 pessoas, sobretudo jovens ligdos aos movimentos oposicionistas. A PIDE resgistou esse encontro, referindo-se expressamente ao discurso de Carlos Trincão Marques.

Ainda em 1973 realizou-se em Aveiro o congresso nacional da oposição democrática, e Carlos Trincão Marques foi convidado para fazer parte da comissão nacional, em representação do distrito de Santarém. Nas pseudo-eleições desse ano, teria papel de destaque nas listas da oposição no distrito de Santarém, em representação do concelho de Torres Novas.

Desde sempre vigiado pela PIDE, a polícia política, que o “acompanhava” a par e passo, nunca deixou de estar na primeira linha do combate democrático em Torres Novas, ajudando outros oposicionistas locais. Conjuntamente com João Espanhol, amigo de décadas, constituía uma espécie de representação tolerada da oposição, reconhecida pelas autoridades políticas locais.

Logo a seguir ao 25 de Abril de 1974 foi dirigente local e distrital do MDP/CDE e foi nessa qualidade que foi chamado a liderar a primeira comissão administrativa da câmara municipal de Torres Novas, a que presidiu até finais de 1975 quando, por pressão do PS, que se afirmara maioritário nas urnas (eleições para a Constituinte, em Abril de 1975), a comissão administrativa foi destituída e substituída por outra, da confiança do Partido Socialista, que do início de Janeiro até Dezembro de 1976 (data das primeiras eleições democráticas para as autarquias) geriu os destinos do município de Torres Novas.

Em entrevista ao JORNAL TORREJANO, em 2015, Trincão Marques recordava com felicidade esses tempos. “Havia uma euforia enorme. Apercebemo-nos da situação financeira da câmara, que era muito má, e o primeiro comunicado que fizemos foi precisamente sobre isso. Foi nessa altura que se começou a criar a dinâmica das comissões de moradores, chegaram a existir 150 comissões no concelho. E, ao contrário do que se possa dizer, as comissões não eram controladas. Não tínhamos qualquer intervenção e se formos analisar os nomes envolvidos, eram pessoas do PS, PSD, CDS e outras sem partido nenhum.”

Entretanto, por caricato, o pretexto utilizado a seguir ao o 25 de Novembro para destituir a primeira comissão administrativa da câmara, foi o de que alguns dos seus membros tinham andado a fazer treino de tiro na escola de para-quedistas, em Tancos, matéria que constava do relatório preliminar do 25 de Novembro. “Com esse pretexto correram connosco. Os motivos, obviamente, eram falsos, e não tinham qualquer fundamento. Era preciso não conhecer as pessoas para dizer isso… Por detrás estiveram, claramente, movimentações de natureza político-partidárias”, refere Trincão Marques. Na verdade, os acusados de receber lições de tiro (Trincão Marques, João Espanhol e outros) foram absolvidos desse processo quando exigiram a sua clarificação.

Após os tempos agitados do PREC, Trincão Marques aderiu ao PCP e foi nessa qualidade que foi protagonista directo das campanhas autárquicas da coligação comunista, ainda durante os anos 80 e inícios da década da 90, tornando-se então, por várias vezes, mandatário das listas autárquicas do PCP, de que era referência local de primeira linha.

Quando se retirou da luta política mais directa empenhou-se muito fortemente no movimento associativo riachense e torrejano, tornando-se um protagonista directo da criação do Museu Agrícola de Riachos, de que foi grande e continuado benemérito. Foi com a sua acção à frente do Museu que a instituição logrou conseguir que a câmara adquirisse as instalações para o município, viabilizando a continuidade do projecto.

“Sempre entendi que o associativismo é a maior escola de cidadania. Aos 17 anos fui dirigente da sociedade columbófila de Riachos - fui columbófilo durante muitos anos - e depois estive ligado a várias associações de Torres Novas, desde o clube de natação, no desenvolvimento do MIC… sempre tive uma grande paixão pelo movimento associativo. Do ponto de vista pessoal, não sou capaz de ter uma actividade profissional sem ter uma actividade alternativa. Sempre precisei disso”, confessava ao JT na referida entrevista de 2015.

Em Torres Novas, dedicou muito do seu esforço das últimas décadas ao Montepio de Nossa Senhora da Nazaré, ajudando a instituição na fase, crucial, da alienação do teatro Virgínia e da construção da sede, o que permitiu o renascimento da antiga colectividade torrejana.

Nos últimos tempos, dedicou mais tempo aos seus interesses culturais, coleccionando objectos artísticos e documentação histórica de interesse concelhio, canalizando generosamente parte das suas “descobertas” ao Museu Carlos Reis e ao Arquivo Municipal de Torres Novas.

Permaneceu fiel, até ao fim dos seus 74 anos, aos ideiais políticos de sempre, afirmando em 2015 ao JORNAL TORREJANO”: “Pode ser um bocado de chavão, mas considero que os objectivos de uma sociedade mais justa, de matriz socialista, do meu ponto de vista continuam válidos independentemente de experiências fracassadas que tenham existido”.

O corpo de Carlos  Trincão Marques vai estar amanhã em Riachos no Museu Agrícola, a partir das 11 horas da manhã, realizando-se o funeral para o cemitério de Riachos às 18 horas.

À família, mulher, filhos e netos, o JT apresenta sentidas condolências.

 

 

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