Siul Sotnas: resistir é vencer
Cultura » 2017-04-20“Destroços de uma bomba atómica” é apresentado hoje na Praça do Peixe
“Destroços de uma bomba atómica” traz com ele “uma certa mudança no registo da sonoridade”, admitia Luís Santos ao JT quando há dois meses anunciava a saída do disco para Abril, explicando que o gravou com a ajuda de alguns músicos amigos. Por sua conta, informava o músico riachense, ficaram as vozes e as guitarras, ukuleles, teclados, baixos, efeitos sonoros com a voz, copos de vidro com água e vinho, e alguns apontamentos de percussão.
Promessa cumprida: neste seco Abril, e dia de hoje, aí está um conjunto de canções de primeira água, que podem ser ouvidas na Praça do Peixe antiga logo à noite, estando aprazado também o lançamento do disco a quem o quiser agarrar. São dez temas, a saber: A longa batalha pela Humanidade, pt, Feira das vaidades, Vende-te, A rapariga sentada numa pedra, Uma canção de Natal, Intervalo, Tu & eu, Praia dos lilases, A viagem, A longa batalha pela Humanidade, pt2. E a ouvir com atenção: quanto mais se ouve, mais se percebe que se trata de uma grande disco. Depois do conceptual e panfletário “A Máquina”, Luís Santos afirma-se aqui como um valente escritor de canções.
Calem-se por momentos os choradinhos de Úrias, Fachadas e Fúrias, nobre gente sem dúvida, mas com a benção divina, não fossem eles adventistas das trovas do vento que vai passando, com a bênção divina, diga-se em boa verdade, de uma “boa imprensa” sempre a bombar. E ouça-se as histórias contadas e cantadas por Siul Sotnas, Luís Santos do outro lado do espelho. Elas são mais que o resultado da soma, paridas com uma força que vem sabe-se lá de onde por um inspirado e talvez desalinhado cantautor, neste dias negros como o raio que os parta. Podia-se entrar assim aqui, facilmente, pelo enredo das histórias, continuar a relevar frase e palavras de uma surpreendente poética, saltar pelos desenhos melódicos, vaguear pelo grito mais aguerrido ou mais contido das guitarras, deixar entrar no peito belos coros femininos presos por uma corrente a uma atmosfera de vertiginosa nostalgia. É melhor ouvir: “Rapariga...”, “Tu&eu”, “Feira das Vaidades”, “A Viagem”, “Praia dos Lilazes”, “Vende-te”, o grande hino “Uma canção de Natal” são grande canções. E sabe-se como na maior parte dos discos há apenas uma ou duas peças de encher o olho e o resto é para encher, por conta da casa. Não é o caso, juro.
É o quê, esta música de Luís Santos por alma de Siul Sotnas? Pós-rock, pop-rock? Protest song cá da nossa? Boa música ligeira embalada por outra verdade alternativa, suportada numa hábil utilização de recursos técnicos e instrumentais e por uma densidade criativa não muito vulgar por estas paróquias perdidas do portugalório da província, que não existe para o Ipsilon nem para a Blitz? Inúteis os rótulos, sempre simplificadores. É a música de Luís Santos. Se houver paciência, se houver resistência, se não morrermos na praia dos lilazes e ouvirmos bem este disco, veremos simplesmente que é um grande disco. Tão bom que ficava ainda melhor, isto é, dispensava a entrada inicial e o epílogo das batalhas pela humanidade, que isto de batalhas sabe Luís Santos. Se resistir é vencer, a sua resistência na perseguição de uma utopia, ser músico aqui e agora, já é condição de vitória.
FICHA TÉCNICA - Luís Santos/Siul Sotnas: composição, produção, captação, guitarras eléctricas e acústicas, voz, beats, ukuleles, campainhas, copos, teclados, efeitos sonoros, baixos, artwork do disco; Maria Jeromito, produção executiva, melódicas, vozes; Patrícia Pinto e Dora Santos, vozes; Joel Madeira, baixo; Edgar Ferreira, teclados; Pedro Dias e David Santos, bateria; Alexandre Ribeiro, guitarra; Miguel Serra, mistura e masterização; edição, Paralelo 39.
Siul Sotnas: resistir é vencer
Cultura » 2017-04-20“Destroços de uma bomba atómica” é apresentado hoje na Praça do Peixe
“Destroços de uma bomba atómica” traz com ele “uma certa mudança no registo da sonoridade”, admitia Luís Santos ao JT quando há dois meses anunciava a saída do disco para Abril, explicando que o gravou com a ajuda de alguns músicos amigos. Por sua conta, informava o músico riachense, ficaram as vozes e as guitarras, ukuleles, teclados, baixos, efeitos sonoros com a voz, copos de vidro com água e vinho, e alguns apontamentos de percussão.
Promessa cumprida: neste seco Abril, e dia de hoje, aí está um conjunto de canções de primeira água, que podem ser ouvidas na Praça do Peixe antiga logo à noite, estando aprazado também o lançamento do disco a quem o quiser agarrar. São dez temas, a saber: A longa batalha pela Humanidade, pt, Feira das vaidades, Vende-te, A rapariga sentada numa pedra, Uma canção de Natal, Intervalo, Tu & eu, Praia dos lilases, A viagem, A longa batalha pela Humanidade, pt2. E a ouvir com atenção: quanto mais se ouve, mais se percebe que se trata de uma grande disco. Depois do conceptual e panfletário “A Máquina”, Luís Santos afirma-se aqui como um valente escritor de canções.
Calem-se por momentos os choradinhos de Úrias, Fachadas e Fúrias, nobre gente sem dúvida, mas com a benção divina, não fossem eles adventistas das trovas do vento que vai passando, com a bênção divina, diga-se em boa verdade, de uma “boa imprensa” sempre a bombar. E ouça-se as histórias contadas e cantadas por Siul Sotnas, Luís Santos do outro lado do espelho. Elas são mais que o resultado da soma, paridas com uma força que vem sabe-se lá de onde por um inspirado e talvez desalinhado cantautor, neste dias negros como o raio que os parta. Podia-se entrar assim aqui, facilmente, pelo enredo das histórias, continuar a relevar frase e palavras de uma surpreendente poética, saltar pelos desenhos melódicos, vaguear pelo grito mais aguerrido ou mais contido das guitarras, deixar entrar no peito belos coros femininos presos por uma corrente a uma atmosfera de vertiginosa nostalgia. É melhor ouvir: “Rapariga...”, “Tu&eu”, “Feira das Vaidades”, “A Viagem”, “Praia dos Lilazes”, “Vende-te”, o grande hino “Uma canção de Natal” são grande canções. E sabe-se como na maior parte dos discos há apenas uma ou duas peças de encher o olho e o resto é para encher, por conta da casa. Não é o caso, juro.
É o quê, esta música de Luís Santos por alma de Siul Sotnas? Pós-rock, pop-rock? Protest song cá da nossa? Boa música ligeira embalada por outra verdade alternativa, suportada numa hábil utilização de recursos técnicos e instrumentais e por uma densidade criativa não muito vulgar por estas paróquias perdidas do portugalório da província, que não existe para o Ipsilon nem para a Blitz? Inúteis os rótulos, sempre simplificadores. É a música de Luís Santos. Se houver paciência, se houver resistência, se não morrermos na praia dos lilazes e ouvirmos bem este disco, veremos simplesmente que é um grande disco. Tão bom que ficava ainda melhor, isto é, dispensava a entrada inicial e o epílogo das batalhas pela humanidade, que isto de batalhas sabe Luís Santos. Se resistir é vencer, a sua resistência na perseguição de uma utopia, ser músico aqui e agora, já é condição de vitória.
FICHA TÉCNICA - Luís Santos/Siul Sotnas: composição, produção, captação, guitarras eléctricas e acústicas, voz, beats, ukuleles, campainhas, copos, teclados, efeitos sonoros, baixos, artwork do disco; Maria Jeromito, produção executiva, melódicas, vozes; Patrícia Pinto e Dora Santos, vozes; Joel Madeira, baixo; Edgar Ferreira, teclados; Pedro Dias e David Santos, bateria; Alexandre Ribeiro, guitarra; Miguel Serra, mistura e masterização; edição, Paralelo 39.
Música: “Rocket”, sexta à noite na praça » 2025-07-17 A “Vila Bairro Comercial Digital” é um projecto que visa promover a dinamização do centro histórico de Torres Novas, tornando o comércio local mais competitivo, conectado e digital” – assegura uma nota da autarquia. |
![]() É o regresso do VOLver, programação cultural em rede entre os municípios de Torres Novas e Vila Nova da Barquinha, um convite à livre participação num vasto programa cultural diversificado, que decorrerá de Julho e Dezembro, em Torres Novas e em Vila Nova da Barquinha. |
![]() O Município de Torres Novas vai promover, hoje e amanhã, um fim de semana aberto em Villa Cardílio. Após a conclusão dos trabalhos de reconstrução do ninfeu e o início de uma nova campanha de escavações arqueológicas, esta será uma rara oportunidade de visitar os mosaicos do peristilo, que não se encontram acessíveis ao público desde 2022, e que estarão excepcionalmente a descoberto durante estes dias. |
![]() João Canuto é o curador e organizador, numa co-produção com Paralelo 39 -Associação de saberes e arte, do Festival Silenzio - Cinema Independente, que se realizará no dia 26 de Julho, no Estúdio Alfa, em Torres Novas, com entrada livre. |
![]() A emblemática Festa da Bênção do Gado regressa em 2026 com data marcada entre 24 de Julho a 3 de Agosto, prometendo ser um reencontro emotivo com as tradições, a fé e a identidade rural da vila de Riachos. |
Palestra sobre arqueologia » 2025-07-11 Sob o mote “Falar à Cerca”, o auditório exterior do Núcleo de Arqueologia do Museu Carlos Reis - Cerca da Vila recebe, no próximo dia 14 de Julho, pelas 18 horas, uma sessão dedicada à temática da Arqueologia. |
![]() No próximo dia 8 de julho, o Núcleo de Arqueologia do Museu Municipal Carlos Reis - Cerca da Vila comemora o seu 1.º aniversário. Para celebrar esta data, o Município de Torres Novas fará pelas 18 horas a apresentação pública da “visita 360º à Gruta do Almonda”, que ficará disponível na sala da exposição temporária “Arqueologia do Almonda: uma janela sobre meio milhão de anos de história”. |
![]() No emblemático cenário do Convento de Cristo em Tomar, o pintor Sam Abercromby apresenta uma mostra inédita de 100 quadros, numa exposição que se revela uma poderosa viagem visual ao coração do mito português. |
![]() Os museus de Sesimbra, Torres Novas e Soares dos Reis, do Porto, foram os museus que mais distinções obtiveram na sessão anual de entrega de prémios APOM (Associação Portuguesa de Museologia), que se realizou ontem, segunda-feira, em Loulé. |
Poezz, espectáculo de jazz e poesia na Biblioteca » 2025-05-17 No âmbito das comemorações do Dia do Autor Português, a Biblioteca Municipal Gustavo Pinto Lopes (BMGPL) promove, no dia 22 de Maio, quinta-feira, às 21h30, um espectáculo de jazz e poesia pela voz e interpretação de Pedro Freitas (O Poeta da Cidade) e pelo improviso do saxofone de Kenny Caetano. |
» 2025-07-12
Silenzio, Festival de cinema independente, dia 26 |
» 2025-07-05
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Hoje e amanhã, fim de semana aberto em Villa Cardílio |
» 2025-07-11
Festa da Bênção do Gado está de volta em 2026 |
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