Bons Sons: Cem Soldos continua a acreditar, e por acreditar, faz a festa a partir de hoje
Cultura » 2015-08-09Arranca hoje, o grande festival da música portuguesa. Manel Cruz e os magníficos Penicos de Prata,são apenas algumas das opções desta quinta-feira. Em entrevista, Luís Ferreira explica tudo o que se passa e o vai passar-se no futuro.
Arranca hoje, o grande festival da música portuguesa. Manel Cruz e os magníficos Penicos de Prata,são apenas algumas das opções desta quinta-feira.
Em entrevista, Luís Ferreira explica tudo o que se passa e o vai passar-se no futuro.
Já se arrependeram da decisão de ter tornado o Bons Sons um evento anual?
Já, muitas vezes (risos). E nesta fase que se aproxima, arrependemo-nos muito mais até da existência do festival. Não: estou a ironizar, mas é angustiante ter de preparar o festival quase numa semana, a que antecede ao próprio festival. Tratando-se de um festival que se realiza numa aldeia, não podemos usar o espaço de uma forma qualquer. Temos de esperar pelos os dias anteriores e hoje (31 de Julho) ainda não está quase nada feito. Temos uma semana para fazer tudo.
A aposta em manter a periodicidade anual do Bons Sons depende de que factores?
Vai depender sobretudo dos resultados. O festival vive do risco... como sabem, conta apenas com 15 por cento de apoio. Se for uma má edição, temos de repensar e ver se há capacidade e entusiasmo para o voltar a fazer no ano a seguir. Tivemos também algumas contrariedades em relação aos apoios que julgávamos ter. Do início do ano, quando anunciámos a edição deste ano, para Maio, essas expectativas, e isso teve que ver com financiamentos públicos e ficámos com menos algumas dezenas de milhares de euros.
De que forma essas dezenas de milhares de euros vão afectar os Bons Sons?
Influencia o esforço da aldeia na organização do festival. Havia coisas que queríamos aligeirar. Se é para ser anual, o peso da organização tem de ser mais leve e este ano está a ser feito com o mesmo esforço de um Bons Sons bienal. Houve apoios mais tímidos do que o que estávamos à espera e o que eu temo é não estarmos a aliviar o esforço da aldeia. Portanto, ao não acontecer isso e num cenário em que os resultados não sejam positivos, será complicado.
Falando do impacto público: o nível dos anos anteriores mantém-se?
Sim, disso não tenho dúvidas. Nos últimos dias não tenho feito outra coisa que não seja falar nas televisões, rádios e jornais, e há um enorme interesse da comunicação social. A receptividade do público também nos parece igual, embora saibamos que, como na maioria dos festivais, as pessoas compram os bilhetes na hora. Estamos curiosos para ver como a região acolhe o festival... bastava que as pessoas se envolvessem um bocadinho mais. A juntar aos que vêm de fora, isto era facílimo! Ter aqui 10 mil pessoas por dia não é assim tão extraordinário.
Passaram pelos Bons Sons, no ano passado, cerca de 40 mil pessoas. Como trazer mais se o espaço físico é o mesmo?
Nós queremos mais pessoas em Cem Soldos, mas não é ao mesmo tempo, e é essa a ideia que temos tentado fazer passar. O festival atingiu o seu formato limite com a passagem das 40 mil pessoas, mais coisa menos coisa, e agora queremos mais motivos para trazer as pessoas à aldeia. Como? Dando maior escala ao festival Por Estas Bandas, fazer mais lançamentos de álbuns, mais concertos, mais residências artísticas. É por essa razão que queremos que o Bons Sons deixe de ser apenas um festival, mas também um projecto cultural e social e contínuo. Daí o formato anual. Não temos a ambição de ter um mega festival, mas sabemos que a luta constante é manter o mesmo número de visitantes, eventualmente mais 1000 ou 2000 pessoas.
Sendo o festival anual e que tem por base a música portuguesa, como acha que se vai conseguir continuar a alimentar um dos desígnios que é a não repetição de nomes. Isto tendo e conta que, talvez, já se tenha atingido a capacidade criativa dos grupos musicais e das várias tendências.
A partir deste ano, inicia-se um novo ciclo dos Bons Sons, de cinco anos e, uma vez que esta edição está programada, conseguiria desenhar já o próximo cartaz, que já tem dois nomes garantidos. Por outro lado, neste novo ciclo deixámos cair a obrigatoriedade de não repetir nomes porque achámos que seria injusto que um grupo que cá veio em 2006 nunca mais cá pudesse vir. Passados estes anos há grupos que se tornaram mais interessantes e o público que cá esteve nesse ano não é o mesmo que vem agora. Mas sinto que ainda há produção musical suficiente para estas quatro edições. Depois, se não houver produção que alimente o festival, temos de repensar as suas características num novo ciclo.
Mas há princípios que fazem parte do ADN do Bons Sons que se mantêm inalteráveis?
Há duas regras fundamentais que queremos manter para este novo ciclo de cinco anos: usar a aldeia - o território e as pessoas -, como base dos Bons Sons. E manter a matriz da música portuguesa. Queremos também contribuir para a criação de um roteiro internacional para os grupos portugueses. A produção criativa vai começar a asfixiar se não criarmos esses roteiros internacionais. Ninguém vai ver 30 vezes Linda Martini, ou seja quem for, mesmo que editem novos álbuns. Achamos que podemos ajudar nisso.
De que forma essa rede é construída?
Queremos fazer do festival um showcase do que de melhor se faz em Portugal e para isso convidamos programadores, críticos, agentes e comunicação social. Tenho sido convidado para espaços de apresentação de novas bandas, enquanto programador do Bons Sons, mas é muito esquisito estar numa sala com 20 pessoas e haver alguém a tocar para nós. Parece um coisa tipo Ídolos, os músicos num momento de sofrimento porque estão a ser avaliados, tão inibidos que acaba por ser confrangedor. E não se percebe como aquela música funciona ao vivo, num palco. Se essa avaliação acontecer num contexto de festival, em que as bandas nem sabem se está algum agente ou programador a assistir no meio dos espectadores, funciona melhor.
O Bons Sons é um evento que cria valor na região, já o tem dito várias vezes. O que falta para convencer a região de que é uma marca que deve ser acarinhada?
Acho que não se deve olhar para Cem Soldos como um aldeia do concelho de Tomar, mas como uma aldeia da região. Os subsídios camarários que recebemos, e não é uma crítica, sãoquase nulos para a dimensão dos Bons Sons e, no entanto, os benefícios para a região são enormes. De repente, quem não consegue tirar dividendos com o festival é Cem Soldos, que apenas consegue pagar o investimento. Estudos indicam que, com realização do festival, ficam na região entre 700 mil e um milhão de euros. Se fosse uma empresa a fazer isso era fantástico, mas como é um grupo de voluntários, de uma aldeia, parece não ter o mesmo valor e deveria ser o contrário. Somos uma aldeia que acredita e por acreditar faz, e isto pode ser contagiante.
Bons Sons: Cem Soldos continua a acreditar, e por acreditar, faz a festa a partir de hoje
Cultura » 2015-08-09Arranca hoje, o grande festival da música portuguesa. Manel Cruz e os magníficos Penicos de Prata,são apenas algumas das opções desta quinta-feira. Em entrevista, Luís Ferreira explica tudo o que se passa e o vai passar-se no futuro.
Arranca hoje, o grande festival da música portuguesa. Manel Cruz e os magníficos Penicos de Prata,são apenas algumas das opções desta quinta-feira.
Em entrevista, Luís Ferreira explica tudo o que se passa e o vai passar-se no futuro.
Já se arrependeram da decisão de ter tornado o Bons Sons um evento anual?
Já, muitas vezes (risos). E nesta fase que se aproxima, arrependemo-nos muito mais até da existência do festival. Não: estou a ironizar, mas é angustiante ter de preparar o festival quase numa semana, a que antecede ao próprio festival. Tratando-se de um festival que se realiza numa aldeia, não podemos usar o espaço de uma forma qualquer. Temos de esperar pelos os dias anteriores e hoje (31 de Julho) ainda não está quase nada feito. Temos uma semana para fazer tudo.
A aposta em manter a periodicidade anual do Bons Sons depende de que factores?
Vai depender sobretudo dos resultados. O festival vive do risco... como sabem, conta apenas com 15 por cento de apoio. Se for uma má edição, temos de repensar e ver se há capacidade e entusiasmo para o voltar a fazer no ano a seguir. Tivemos também algumas contrariedades em relação aos apoios que julgávamos ter. Do início do ano, quando anunciámos a edição deste ano, para Maio, essas expectativas, e isso teve que ver com financiamentos públicos e ficámos com menos algumas dezenas de milhares de euros.
De que forma essas dezenas de milhares de euros vão afectar os Bons Sons?
Influencia o esforço da aldeia na organização do festival. Havia coisas que queríamos aligeirar. Se é para ser anual, o peso da organização tem de ser mais leve e este ano está a ser feito com o mesmo esforço de um Bons Sons bienal. Houve apoios mais tímidos do que o que estávamos à espera e o que eu temo é não estarmos a aliviar o esforço da aldeia. Portanto, ao não acontecer isso e num cenário em que os resultados não sejam positivos, será complicado.
Falando do impacto público: o nível dos anos anteriores mantém-se?
Sim, disso não tenho dúvidas. Nos últimos dias não tenho feito outra coisa que não seja falar nas televisões, rádios e jornais, e há um enorme interesse da comunicação social. A receptividade do público também nos parece igual, embora saibamos que, como na maioria dos festivais, as pessoas compram os bilhetes na hora. Estamos curiosos para ver como a região acolhe o festival... bastava que as pessoas se envolvessem um bocadinho mais. A juntar aos que vêm de fora, isto era facílimo! Ter aqui 10 mil pessoas por dia não é assim tão extraordinário.
Passaram pelos Bons Sons, no ano passado, cerca de 40 mil pessoas. Como trazer mais se o espaço físico é o mesmo?
Nós queremos mais pessoas em Cem Soldos, mas não é ao mesmo tempo, e é essa a ideia que temos tentado fazer passar. O festival atingiu o seu formato limite com a passagem das 40 mil pessoas, mais coisa menos coisa, e agora queremos mais motivos para trazer as pessoas à aldeia. Como? Dando maior escala ao festival Por Estas Bandas, fazer mais lançamentos de álbuns, mais concertos, mais residências artísticas. É por essa razão que queremos que o Bons Sons deixe de ser apenas um festival, mas também um projecto cultural e social e contínuo. Daí o formato anual. Não temos a ambição de ter um mega festival, mas sabemos que a luta constante é manter o mesmo número de visitantes, eventualmente mais 1000 ou 2000 pessoas.
Sendo o festival anual e que tem por base a música portuguesa, como acha que se vai conseguir continuar a alimentar um dos desígnios que é a não repetição de nomes. Isto tendo e conta que, talvez, já se tenha atingido a capacidade criativa dos grupos musicais e das várias tendências.
A partir deste ano, inicia-se um novo ciclo dos Bons Sons, de cinco anos e, uma vez que esta edição está programada, conseguiria desenhar já o próximo cartaz, que já tem dois nomes garantidos. Por outro lado, neste novo ciclo deixámos cair a obrigatoriedade de não repetir nomes porque achámos que seria injusto que um grupo que cá veio em 2006 nunca mais cá pudesse vir. Passados estes anos há grupos que se tornaram mais interessantes e o público que cá esteve nesse ano não é o mesmo que vem agora. Mas sinto que ainda há produção musical suficiente para estas quatro edições. Depois, se não houver produção que alimente o festival, temos de repensar as suas características num novo ciclo.
Mas há princípios que fazem parte do ADN do Bons Sons que se mantêm inalteráveis?
Há duas regras fundamentais que queremos manter para este novo ciclo de cinco anos: usar a aldeia - o território e as pessoas -, como base dos Bons Sons. E manter a matriz da música portuguesa. Queremos também contribuir para a criação de um roteiro internacional para os grupos portugueses. A produção criativa vai começar a asfixiar se não criarmos esses roteiros internacionais. Ninguém vai ver 30 vezes Linda Martini, ou seja quem for, mesmo que editem novos álbuns. Achamos que podemos ajudar nisso.
De que forma essa rede é construída?
Queremos fazer do festival um showcase do que de melhor se faz em Portugal e para isso convidamos programadores, críticos, agentes e comunicação social. Tenho sido convidado para espaços de apresentação de novas bandas, enquanto programador do Bons Sons, mas é muito esquisito estar numa sala com 20 pessoas e haver alguém a tocar para nós. Parece um coisa tipo Ídolos, os músicos num momento de sofrimento porque estão a ser avaliados, tão inibidos que acaba por ser confrangedor. E não se percebe como aquela música funciona ao vivo, num palco. Se essa avaliação acontecer num contexto de festival, em que as bandas nem sabem se está algum agente ou programador a assistir no meio dos espectadores, funciona melhor.
O Bons Sons é um evento que cria valor na região, já o tem dito várias vezes. O que falta para convencer a região de que é uma marca que deve ser acarinhada?
Acho que não se deve olhar para Cem Soldos como um aldeia do concelho de Tomar, mas como uma aldeia da região. Os subsídios camarários que recebemos, e não é uma crítica, sãoquase nulos para a dimensão dos Bons Sons e, no entanto, os benefícios para a região são enormes. De repente, quem não consegue tirar dividendos com o festival é Cem Soldos, que apenas consegue pagar o investimento. Estudos indicam que, com realização do festival, ficam na região entre 700 mil e um milhão de euros. Se fosse uma empresa a fazer isso era fantástico, mas como é um grupo de voluntários, de uma aldeia, parece não ter o mesmo valor e deveria ser o contrário. Somos uma aldeia que acredita e por acreditar faz, e isto pode ser contagiante.
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