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Campo do bairro Camões: da glória dos tempos antigos à tristeza dos tempos modernos

Desporto  »  2015-04-10 

O campo de futebol do bairro Camões, no Entroncamento, passou à história no final da década de 2000 (há não muito tempo), quando o Complexo Desportivo do Bonito foi inaugurado, em Fevereiro de 2009 - cinco anos antes tinha sido inaugurado o campo de relva natural.

Localizado à entrada da cidade, no sentido Torres Novas-Entroncamento, naquele recinto desportivo que tem ainda um outro campo de futebol de pequenas dimensões [70x30metros] e dois campos de ténis, já quase não sobra pedra sobre pedra. O parque desportivo está irreconhecível mas não deixa, apesar de tudo, de ser um local de memórias. As ervas daninhas invadiram o terreno de jogo, as bancadas e a sua cobertura dão sinais de ruína e há também vestígios de destruição no acesso aos balneários.

Aquele recinto desportivo, construído pela CP (passou para o domínio municipal na década de 90), começou por estar ao serviço do Grupo Desportivo dos Ferroviários do Entroncamento (GDFE), fundado nos anos 30 do século passado mas, depois da revolução de Abril, surgiram duas novas colectividades: o CADE, que é o único clube de futebol activo na cidade, e ainda o Centro Recreativo do Casal do Grilo, que chegou a ter equipas a disputar o campeonato distrital do INATEL.

Mas, antes, o futebol já era rei no Entroncamento com o surgimento do Sporting Clube do Entroncamento, segundo Eduardo Brito, a primeira agremiação desportiva fundada na terra dos comboios, por Luís (”Louis”) de Paris. O clube não tinha campo próprio e utilizou um terreno improvisado junto à estrada das Vendas. Houve ainda a ”temível” equipa da P.A.M. (Parque Automóvel Militar), que tinha o seu campo na parada militar.

A estes seguiu-se o União Futebol Entroncamento (UFE), fundado em 1928 (desde a década de 50 que está muito direccionado para o hóquei em patins) e o grupo desportivo Onze Unidos Futebol Clube – estes dois clubes terão tido os seus próprios campos de futebol – o UFE, por exemplo, tinha o seu campo de futebol na actual ”Zona Verde” e os Onze Unidos no local onde é hoje o bairro Frederico Ulrich.

Mas pelo campo do bairro Camões passaram várias gerações de desportistas naquele que foi, durante largas décadas, o principal recinto de futebol da cidade do Entroncamento. E entre os muitos jogadores que ali começaram a dar os primeiros pontapés na bola, houve alguns que se notabilizaram. Virgílio Mendes terá sido o jogador mais bem-sucedido que partiu do Entroncamento, nomeadamente do Ferroviários. Na década de 50 transferiu-se para o FC Porto.

Mais recentemente, nos anos 90, o torrejano Pepa, formado no CADE, transferiu-se para o Benfica e, quando ainda era júnior, chegou a jogar pela equipa principal no final do mês de Janeiro de 1999. A estreia foi auspiciosa, marcando um golo no antigo estádio da Luz, mas o verdadeiro sucesso na carreira de futebolista não se cumpriu. Deixou de jogar precocemente, ao serviço do Olhanense.

Estes foram, de facto, os nomes mais sonantes de ”produtos” oriundos da formação dos dois clubes do Entroncamento, mas houve muitos outros jovens que se formaram no CADE e que se destacaram, atingindo selecções nacionais jovens, como Ricardo Lima, Ricardo Alves, Pedro Ferreira ou Daniel Casaleiro, recorda Luís Grácio, ex-treinador de equipas de iniciados do CADE.

Muitos outros teriam tido qualidades para chegar mais alto e mais longe, mas o futebol de alto nível não tem capacidade para aproveitar todas as pérolas e algumas vão ficando pelos campeonatos distritais e nacionais (nos campeonatos amadores), onde a evolução como atletas é fortemente condicionada.

Hoje quase não resta pedra sobre pedra no campo do bairro Camões. Apenas existe desolação. Largas centenas de pessoas, milhares até, entre técnicos, dirigentes, jogadores e até adeptos, terão uma história ou o relato de um acontecimento para contar. Uns mais felizes, outros nem tanto, certamente.

Convidado a enumerar um desses momentos, Luís Grácio recorda as consequências dramáticas de um jogo de juvenis ”muito intenso”, entre o CADE e UD Santarém, e que terminou com vitória do CADE, que conquistaria o título distrital e respectiva subida e divisão aos campeonatos nacionais. Na emoção do jogo, um director e entusiasta do CADE viria a sentir-se mal no intervalo do jogo. Teve de ser assistido no hospital por ter entrado em estado de coma e viria a falecer algum tempo mais tarde.

À parte deste episódio que, apesar de trágico, simboliza a enorme paixão clubística que ali se viveu, Luís Grácio recorda a ”enorme satisfação” que o pessoal ligado ao CADE sentiu no momento em que o clube passou a disfrutar de tão boas instalações, apesar dos ”vários os momentos de glória associados a este campo, com muitas conquistas distritais e muitos apuramentos para provas nacionais”. No entanto, há hoje uma mistura de sentimentos, positivos e negativos, em relação à situação actual do campo de futebol. ”Passados estes anos existe nostalgia, pelo menos da minha parte, por ver o estado em que está o Bairro”, confessa.

Em meados dos anos 80, a câmara municipal do Entroncamento procedeu a vários melhoramentos: construção de dois novos balneários, acabamento da bancada central e construção de um espaço destinado à comunicação social.

 

Um local que respira história

O campo do Bairro Camões é mais do que um simples campo de futebol. É um local emblemático da cidade do Entroncament de memórias, de conquistas, de emoções e também de afectos. Grandes tardes desportivas ali se passaram. O primeiro grande acontecimento histórico registou-se em Dezembro de 1947 quando o GD ”Os Ferroviários” se sagrou campeão distrital pela primeira vez. ”A grande final”, como escreveu no jornal ”O Entroncamento” Eduardo Brito, opôs o Ferroviários ao Alhandra, vencendo a equipa da casa por 2-0 com golos de Branco e de Virgílio. Nesse jogo, contava o jornalista de então, terá acontecido um terceiro golo ao qual o árbitro terá feito ”vista grossa” e não validou. De qualquer forma, o título não fugiu à equipa do Entroncamento.

Seguiram-se anos no campeonato nacional da II Divisão, disputando a formação ferroviária encontros com importantes equipas do futebol nacional. Embora nem sempre os resultados tenham sido os melhores, houve jogos históricos no campo do bairro Camões como o encontro diante do União de Coimbra (2-0) ou do Operário (Barreiro), que o Ferroviários venceu por 6-2, alguns dos resultados que permitiram a manutenção naquela competição. Isto no tempo em que nos jogos fora de portas as viagens eram feitas de comboio.

Na temporada 1949/50, os Ferroviários desceram aos distritais para nesse ano se sagrarem novamente campeões distritais, tendo para isso contribuído algumas vitórias, como os 6-0 sobre os Leões de Santarém ou o 2-0 sobre o Rossiense, na última jornada. Mas, naquele tempo, não era apenas os jogos das equipas seniores que mexiam com o povo. Em juniores, as coisas também eram levadas muito a sério. Num jogo do campeonato distrital, entre Ferroviários e Torres Novas, em Março de 1950, o campo do bairro Camões rebentou pelas costuras. O encontro terminou com uma vitória dos locais por 2-1.

Na história mais contemporânea há igualmente exemplos de acontecimentos dignos de registo. Por exemplo, a igualdade a uma bola no encontro com o CDTN, em Outubro de 85, a contar para a terceira jornada do campeonato distrital da 1.ª divisão. Nesse jogo os ”amarelos” massacraram na primeira parte, especialmente nos primeiros 20 minutos. Além do golo apontado, muitos ficaram por marcar. Só que, no segundo tempo, o Ferroviários inverteu os acontecimentos muito por culpa de um Egídio e um Raimundo endiabrados.

”Tarde de glória”, foi o título da crónica publicada no JT sobre o jogo disputado entre o GDFE e o Alferrarede, em 23 de Maio de 1999, derradeira jornada do campeonato distrital em que o emblema do Entroncamento foi vencedor, com 69 pontos, mais dois que o Cartaxo, que foi 2.º da tabela. Na última partida, o Ferroviários venceu por 2-0, num jogo em que o empate chegava e Marquitos e Cartola fizeram os dois golos da partida que terminou em festa e com invasão de campo. Nessa temporada, o clube perdeu cinco pontos na ponta final do campeonato, ao empatar no Tramagal (1-1) e ao perder em casa com o Caxarias (0-2), nas 25.º e 26.ª jornada. Resultados que, de alguma forma, fizeram tremer a equipa de José Moita.


Virgílio Mendes: da Barquinha para a alta roda do futebol nacional

Virgílio Marques Mendes (1926-2009) foi transferido do Ferroviários para o Futebol Clube do Porto, emblema no qual viria a alcançar grande notoriedade, assim como na selecção nacional. Antes de ter rumado à Invicta, o então serralheiro das oficinas da CP, aos 18 anos, meteu uma licença e viajou até Lisboa para fazer testes no Benfica, o seu clube de eleição. Os testes decorreram ao longo de três semanas mas o jovem, natural de Vila Nova da Barquinha, não convenceu o staff benfiquista. Foi contratado pelo Elvas, mas o clube alentejano não tinha grandes condições para lhe pagar um bom ordenado e Virgílio Mendes não pôde naquela ocasião despedir-se da CP, para onde voltou, assim que terminou a licença.

Um dia, em 1947, estava ele na oficina quando lhe surgiu um tal Soares dos Reis que o levou até ao Porto, onde os seus atributos já impressionaram. Virgílio foi contratado, deixou a sua profissão e estreou-se num jogo contra o Leixões, em que marcou dois golos. Apesar da sua apetência para os golos (no Ferroviários era avançado centro), no Porto foi recuando, primeiro para o meio campo, e depois para lateral direito, onde se afirmou, no FCP e na selecção nacional, onde jogou por 39 vezes (10 das quais como capitão). O seu arreganho no encontro entre Itália e Portugal, disputado em Génova, levou a que passasse a ter o cognome ”Leão de Génova”. O seu último jogo pela equipa das ”Quinas” foi num Jugoslávia-Portugal, em 22 Maio de 1960, já com quase 34 anos de idade.

No F.C. Porto jogou ao longo de 15 anos (347 jogos no campeonato nacional), tendo sido bicampeão nacional (1955-56 e 1958-59) e venceu duas vezes a Taça de Portugal (1955-56 e 1957-58). Colaborou com vários treinadores, entre os quais os campeões Yustrich e Guttmann. Antes, ainda passou por alguns clubes nacionais, nomeadamente o SC Mirandela.

Em 1997 recebeu o ”Dragão de Ouro”, símbolo do reconhecimento profundo do clube ao qual esteve ligado nas mais variadas funções. Foi um exemplo apontado aos mais novos no Lar do Jogador, agora ”Casa do Dragão”, que frequentou até aos seus últimos dias de vida em Abril de 2009.

 

 

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