As festas de Constância representam, para a entidade organizadora, um esforço financeiro grande. Mas, acredita Júlia Amorim, presidente da autarquia (CDU), o investimento tem um retorno inquantificável na autoestima da população. E, a nível económico, representam um ”balão de oxigénio” para os restaurantes, assim como para as associações do concelho que, com as suas tasquinhas, complementam a oferta gastronómica e conseguem, também elas, um retorno financeiro muito positivo.

É desta forma que a autarquia entende a importância das festas Nossa Senhora da Boa Viagem/Festas do Concelho, um momento de ”afectos e de sentimentos”, sobretudo para as gentes naturais de Constância, quer vivam ou não no concelho.

”Somos um concelho pequeno mas muito grande no que tem para dar”, afirma a autarca, que considera que as festas são um momento de afirmação do concelho ao nível do turismo. ”Temos alguma dificuldade em nos afirmar numa região tão dispersa, que vai desde o Oeste a Viseu (Turismo do Centro) e temos, por isso, um trabalho acrescido. As festas ajudam-nos na nossa afirmação e reforçam a nossa identidade cultural”, disse ainda a presidente da autarquia, que acrescentou: ”Se um dia as festas perderem o encanto, a região e o país ficam mais pobres. Não podemos deixar que a nossa estrela deixe de brilhar e deixar de nos impor”, frisou, adiantando que o custo das festividades ronda os 100 mil euros.

 

Marítimos pediam protecção divina para as viagens fluviais

As festas de Nossa Senhora da Boa Viagem têm, pelo menos, 300 anos, e surgiram na altura em que Constância ainda não era Constância. O documento mais antigo existente acerca das festas remonta ao século XVIII, 1788, no tempo em que Constância ainda era Punhete, localidade que detinha um dos mais importantes portos fluviais do país.

Depois da Páscoa, os marítimos agradeciam a Nossa Senhora da Boa Viagem as graças recebidas durante esse ano e, ao mesmo tempo, pediam protecção para o resto do ano, até à Páscoa seguinte. Um ritual que fazia parar Punhete, ano após ano.

Foi já no século XX, em 1986, que às festas de Nossa Senhora da Boa Viagem se juntaram as festas do concelho, figurino que se mantém há 30 anos e, em 1992, foi introduzido o cortejo fluvial, entre Tancos e Constância, bem como a procissão, momentos que visam perpetuar uma das tradições religiosas mais antigas da região.

”Festas há muitas, mas não há nenhuma como esta”, considera António Matias, um forte entusiasta e estudioso desta tradição, que defende acerrimamente que Constância e as suas festas deviam ter um lugar de destaque no contexto do turismo religioso na região. 

”Estas festas não são apenas foguetes e música. Têm história, significado e uma raiz que se confunde com a história desta terra”, acrescentou Matias na apresentação deste evento, que decorreu na semana passada, numa esplanada na margem do rio Zêzere.

”Os rios, o casario que se orientou em função dos rios e as festas, são o que resta destes séculos de vida na vila”, concluiu António Matias.

No dia 6, no cortejo fluvial, vão estar cerca de meia centena de embarcações, tal como no ano passado, em que participou o maior número de barcos de sempre. Praticamente todos os municípios ribeirinhos, de Abrantes até Lisboa, estarão representados, assim como diversas associações e instituições. Todo o centro histórico de Constância estará ornamentado com flores, uma das marcas da festa, num total de 20 ruas. No ano passado somente seis estiverem enfeitadas.

 

Animação

Como habitualmente, há dois palcos – o ”palco do pelourinho”, que anima a zona das esplanadas e o palco principal, o ”palco Camões”, por onde passarão Sam The Kid, D.A.M.A. e Tiago Bettencourt. Vai haver ainda animação de rua, destinada sobretudo às crianças, assim como se mantêm as mostras de doçaria, artesanato e de saberes e sabores.

 

500 euros de prémio para quem bater o recorde do Grande Prémio de Atletismo

Integrada no programa das festas, realiza-se no sábado, dia 5 de Abril (11h15), mais uma edição do Grande Prémio de Atletismo da Páscoa, pretendendo a organização completar, este ano, as 750 inscrições (número limite).

A melhor marca da prova, na distância de 10 quilómetros, foi alcançada em 2004, por Delfim Conceição, que fez o tempo de ‘29:37 minutos. Se este tempo for superado, o autor da proeza leva consigo um prémio de 500 euros. Em femininos, o melhor tempo pertence a Marina Bastos (‘33:42).

As inscrições dos atletas devem ser feitas no site da xistraca (www.xistarca.pt) e custam cinco euros. Para moradores, a participação é gratuita. Há ainda uma caminhada de 10 quilómetros, e também, em termos desportivos, no âmbito do programa das festas, destaque ainda para uma aula de zumba, no sábado, às 16 horas. No domingo realiza-se um evento ‘strongest man’.