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Bater no fundo mais profundo - joão carlos lopes

Sociedade  »  2022-10-10 

1. Num certo sentido, nada é eterno. Mas há coisas que nunca devem ser mudadas, fazendo sentido que lutemos para que sejam eternas. Ninguém ousará alguma vez deitar abaixo a Torre Eiffel, espetar qualquer coisa à frente da fonte de Trevi ou colocar uma escultura contemporânea ao pé da janela do Capítulo.

A outra escala, também nós temos coisas em que nunca devemos mexer. Pela saúde da nossa alma colectiva. Torres Novas, cidade parca em belezas arquitectónicas, tem dois locais/paisagens que são inseparáveis da ideia que temos desta cidade. São aquelas imagens que nunca nos abandonarão, que estão cravadas na nossa memória como as imagens fortes da nossa terra, aquelas que, excluindo tudo o resto, guardaríamos.

Uma delas, é a praça e a vista do castelo. É um pedaço de cenário da cidade de rara beleza e enquadramento, que se tornou ainda mais extraordinário quando, em finais do século XIX se demoliram, devido a incêndio, os paços do concelho que se situavam a poente. A praça é assim, grosso modo assim, há 150 anos. Tem sido bem tratada, melhorada, sem lhe tocarem em nada, sem nada lhe acrescentarem. Até o painel de Luís Filipe de Abreu, a mais rica obra de arte pública de toda a cidade, foi colocado em molde tão discreto e local tão cuidadosamente escolhido que precisa de aproximação física para ser visto. Como se fosse um tesouro escondido que é preciso descobrir.

O outro local é talvez mais impactante em beleza, composição, encanto: a vista que, da avenida, se tem do velho jardim municipal aos pés do castelo com o rio de permeio. Trata-se de uma versão tardia dos jardins românticos do século XIX, onde a função de passeio público e a explosão ornamental coexistiam e no nosso jardim coexistem, criando um cenário que parece de filme. Os canteiros, os jarrões, o desenho dos caminhos que têm a função de passeio, os pequenos caramanchões, o desvelo com que são tratadas as árvores, as relvas e as flores, fazem daquele local paradisíaco o bilhete postal de Torres Novas. É aquele o postal de Torres Novas, há décadas, é uma imagem, esta sim rara e difícil de encontrar paralelo em quaisquer outras terras do país. A imortalidade da cidade, se pudermos falar assim, está ali. É o nosso tesouro, aquele troço de jardim que vai da ponte do raro até ao Porto dos Namorados, com especial destaque para o pedaço que culmina na primeira curva do rio e da sua aproximação à avenida. É nesse maravilhoso pedaço de jardim que está um busto de Carlos Reis.

 2. É normal, aceitável, necessário até, que as cidades acolham e integrem os sinais da sua contemporaneidade. Mas, os que intervêm na cidade para deixar uma marca do seu tempo devem fazê-lo com parcimónia, contenção e reserva, deixando espaço para os tempos que hão-de vir. A intervenção da contemporaneidade deve estar em consonância com contextos, planos, estéticas e escalas do seu tempo. Por isso, essa intervenção deve procurar que, sendo um risco na paisagem, passe despercebida na primeira abordagem, dada a sua integração. Colocar na cidade um cubo evocativo da paz, é à partida uma iniciativa sensata e nobre nas intenções. Qualquer pessoa, no seu perfeito juízo, sendo perguntada sobre o local para implantar um objecto plástico, de linguagem contemporânea, sugeria logo, e bem, qualquer espaço verde em zonas novas ou jardins recentes da cidade. Em contexto, portanto, e até para que a carga monumental/decorativa/ornamental não se concentre em locais já saturados e se espalhe, criando novos polos de atenção sobre o espaço público.

 3. A colocação do cubo de plástico da paz, no meio do caminho do passeio público do nosso velho jardim, a dois metros do busto de Carlos Reis, retirando espaço de respiração ao monumento e interpondo-se no seu diálogo com o enquadramento circundante, de que é elemento pivot, não é apenas uma nódoa, é um atentado à alma da cidade. O grupo de desembestados arrivistas que se tem entretido a destruir e avacalhar o património da cidade deve ter feito um concurso interno para escolher o pior sítio possível para colocar o cubo de plástico, o sítio onde nunca por nunca se devia meter um cubo de plástico ou o que quer que fosse. A acção é um crime de lesa património, de destruição parcial da estrutura do jardim, é uma cena que envergonha todos os torrejanos que, à boca calada, rangem os dentes de raiva mas não têm coragem de, publicamente, dar largas à sua indignação (as amarras do regime são muito fortes).

Cada tiro, cada melro, cada cavadela cada minhoca: é assim a acção desta trupe deslumbrada que acha que pode fazer tudo sem perguntar, sem ouvir uma opinião, sem cuidar de saber se pode mesmo fazer o que acha que pode fazer, levando tudo à frente numa sanha destrutiva que ultrapassa tudo o que se pode esperar, como se a cidade e a aquilo que faz parte da sua alma fossem um palco de brincadeiras com o nível conceptual das crianças de um jardim de infância.

Aquilo que está no jardim municipal (a pandilha tem sonhos húmidos só de pensar nos planos escondidos para o destruir) é mais um sinal de que a coisa não bateu só no fundo. Bateu nas profundezas mais profundas do fundo. Em breve refrega pública, o presidente da Câmara assegurou que é mentira, que não há qualquer plano para destruir o jardim. Se não há, mande retirar de imediato o cubo de plástico do local e colocá-lo num espaço verde da cidade nova. Torres Novas ficava agradecida com esse pequeno gesto.

 

 

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