Torres Novas/Autárquicas: PS perde quase mil votos mas mantém maioria na Câmara – a análise e os resultados
Sociedade » 2021-10-03Com 45% dos votos, os socialistas têm 71% dos lugares no executivo
Eram 30 795 eleitores, só 17 375 foram às urnas. Votaram pelo PS 7 865 eleitores, votaram contra o PS 8 822 eleitores. Mas os 45% de votos nos socialistas deram-lhe 71% de lugares no executivo, regras do senhor Hondt. Na Assembleia Municipal, a oposição está em maioria, 11 contra 10 vogais do PS.
Vamos aos vencedores: o PS venceu as eleições autárquicas em Torres Novas e, contra muitas expectativas e contas de cabeça feitas nas semanas anteriores, conseguiu manter os cinco eleitos no executivo municipal, mesmo perdendo 988 votos. A oposição, à direita e à esquerda, apostava na perda da maioria absoluta do PS, dada a entrada em cena de António Rodrigues, que em princípio iria fracturar o eleitorado socialista, mas isso não aconteceu e agora, sabendo-se os resultados, já há quem diga que a votação de Pedro Ferreira se ficou a dever à entrada em cena de António Rodrigues. Já lá vamos.
O PS venceu, mas perdeu 988 votos. Os socialistas conseguiram 45% dos votos e a oposição cerca de 51%, mas é evidente que beneficia quem concentra votos e no caso do PS, os 45% de votos deram-lhe 71% dos lugares no executivo municipal. A oposição, votos somados, teve cerca de 1000 votos a mais que o PS, mas repartidos por várias forças deram-lhe apenas 30% dos lugares no executivo, isto é, dois vereadores. É a lógica do método de Hondt, que ainda assim é dos menos maus.
Os perdedores
António Rodrigues e o seu movimento foram os grandes perdedores destas eleições. E o antigo presidente da Câmara foi mesmo o grande derrotado, porque era o único que se apresentava como real alternativa de poder. Costuma dizer-se que as revoluções trituram os seus heróis e, neste caso, António Rodrigues, o herói da “revolução socialista autárquica” em Torres Novas, iniciada por ele em 1994 e que chega ao fim do ciclo daqui a quatro anos, com a saída do seu braço-direito de duas décadas (se este entretanto não trair o eleitorado), foi triturado sem apelo nem agravo. A carreira política de um homem que conseguiu cinco vitórias autárquicas para o PS, quatro com a maioria absoluta e votações que talvez nunca sejam igualadas, e que deixou a maioria das obras emblemáticas do “regime socialista”, acaba sem glória, com Rodrigues a sentir na pele a crueldade do eleitorado socialista que, mais do que heranças e suposto reconhecimento, risca o quadrado no manajeiro que distribui, no momento, lentilhas e prebendas. O movimento PNT dificilmente sobreviverá a esta derrota, é uma opinião, porque lhe falta a razão da sua existência e aquilo que poderia traçar um qualquer futuro. Tudo se centrava na figura de Rodrigues e no projectos de Rodrigues, e sem isso, não há uma visão, não há um programa. Rodrigues foi claro antes das eleições: seria candidato a presidente da Câmara. O eleitorado não quis, o antigo presidente não vai obviamente assumir o cargo de vereador.
O segundo grande perdedor destas eleições foi o Bloco de Esquerda. Tendo ficado a escassas quatro décimas do PSD há quatro anos, os bloquistas acalentavam a esperança de manter a votação, dado o trabalho autárquico realizado durante todo o mandato, genericamente reconhecido como ímpar, e nunca lhe passou pela cabeça, à partida, perder o lugar na vereação. Mas o BE perdeu 1300 votos, uma hecatombe, ficando-se pelos 1195 contra os 2498 de 2017. Não se pode dizer, de ânimo leve, que a perda de votos do Bloco foi para António Rodrigues, uma tese que não colhe grandes apoios, até porque a descida bloquista foi geral. No Entroncamento, também tivera forte votação em 2017, com um vereador eleito, no dia 26 foram-se dois terços dos votos e o “lugar” do BE é agora do Chega. Em Portimão aconteceu o mesmo, tudo casos em que não havia nenhuma lista independente. Em Abrantes, o BE também ficou sem vereador. De resto, há aspectos destas eleições autárquicas que só se vão perceber nas próximas legislativas. Mas os bloquistas torrejanos terão vivido a maior decepção da noite eleitoral torrejana.
O PCP foi outro perdedor. O objectivo passava por recuperar o vereador perdido em 2017, mas isso não aconteceu e, ainda por cima, verificou-se mais uma descida de votação, com Guedelha a ficar aquém do score conseguido por Filipa Rodrigues. Uma decepção enorme para os comunistas torrejanos e um golpe num património de intervenção autárquica sólido desde 1976. Ao fim de quase 50 anos, o PCP está reduzido a um lugar na Assembleia Municipal.
A coligação PSD/CDS também não terá sido um negócio bem conseguido para Tiago Ferreira, a julgar pelos números. Em 2017, os centristas e social-democratas averbaram, somados, 3 310 votos. Agora, a coligação ficou-se pelos 2937 votos, com o mesmo vereador eleito, mas com perda efectiva na assembleia municipal. Neste caso, parece mais fácil admitir que Tiago Ferreira foi vítima de alguma transferência de votos para a IL e CH, mas o segundo lugar numas eleições com dois candidatos de peso não deslustra, como é evidente, para o dirigente local social-democrata.
Para onde foram os votos de quem os perdeu? Os números são dados a uma certa magia que nos encanta e engana, mas não deixa de ser curioso que os votos perdidos pelo PS, 988, somados aos perdidos pelo BE, 1 303 e aos perdidos pelo PCP, 558, perfaçam 2 848 votos. E qual foi a votação de Rodrigues? 2 880! Parece directo, mas as coisas não se passam assim. Como já se disse, prevalece a tese de que as perdas do Bloco e do PCP se devem a eleitores destes partidos que foram engrossar o score de Pedro Ferreira com medo de uma hipotética vitória de Rodrigues. Prevalece, mas pode não ter sido assim. Já lá vamos.
Quanto às perdas do PSD/CDS, já é mais pacífico que, grosso modo, se tenham transformado em votos na Iniciativa Liberal. A IL obteve 221, talvez aquém do esperado, enquanto o CH atingiu 541 sufrágios.
Assembleia: oposição em maioria
O PS venceu as eleições para a assembleia municipal, mas a oposição teve mais votos, como aconteceu no caso da eleição para a câmara. Só que, havendo neste caso mais lugares para distribuir, 21, enquanto na câmara há 7, o método de Hondt faz com que o resultado em mandatos fique mais próximo da “verdade” dos votos. O PS elegeu 10 vogais, a oposição 11. O movimento Pela Nossa Terra tem quatro lugares, tantos quantos o PSD/CDS. E aqui é que bate o ponto. Em 2017, o PSD tinha 4 lugares na AM e o CDS um, cinco no total, agora juntos ficaram com 4. O Bloco elegeu dois vogais, tendo perdido um, enquanto o PCP perdeu também um, ficando reduzido à representação da sua cabeça-de-lista, Cristina Tomé.
Em geral, a votação dos partidos da oposição foi mais forte para a assembleia, em comparação com a da câmara: Arnaldo Santos valeu mais 315 votos que Tiago Ferreira, Roberto Barata superou a votação de Helena Pinto em 179 votos e Cristina Tomé teve mais 239 votos que Nuno Guedelha. Também o Chega e a IB tiveram mais votos para a AM do que para a CM. Só no caso de Ar-PNT Zuzarte Reis teve votação inferior à de Rodrigues para a CM. Se na votação para a Câmara, os partidos da oposição tiveram mais 957 votos que o PS, no caso da Assembleia essa diferença foi de 2 245 votos a mais para as forças da oposição.
Tendo o eleitorado votado no sentido de dar maioria à oposição na assembleia municipal, quis com isso dizer que queria uma maioria socialista na câmara, mas mais fiscalizada e escrutinada e com as decisões mais importantes a serem consensualizadas com a oposição. Assim não vai acontecer, já que têm assento na AM, por lei, os autarcas das freguesias, que não foram eleitos para este órgão e, portanto, não têm qualquer legitimidade política para lá estar, da mesma forma que não há membros das assembleias municipais ou de outros órgãos a falsificar a vontade eleitoral expressa nas assembleias de freguesia. É um absurdo do sistema eleitoral autárquico, que desvirtua a vontade dos eleitores e o resultado das eleições para as assembleias municipais, questionando-se, até, se vale a pena realizarem-se essas eleições.
Freguesias: surpresa em Olaia/Paço
Em Assentis, Leonel Santos fez uma corrida sem adversários notórios, com o PS a apresentar uma lista para cumprir calendário, já que durante o mandato foi sempre mais forte a aproximação entre o autarca de Assentis e a maioria socialista do que outra coisa. Sem concorrência acrescida do AR-PNT, e sem lista do PSD, tratou-se de uma vitória natural a rondar os 50%.
A grande surpresa foi a derrota socialista em Olaia/Paço, com o PSD a averbar uma vitória que lhe fugia há muito tempo. Foi a vitória mais curta de todas as autárquicas das freguesias, mas é uma junta que fica fora do universo socialista, juntando-se a Assentis.
O panorama restante equivale a oito vitórias do PS, com destaque para a vitória na Chancelaria, com um score de 64%. Numa freguesia que outrora foi uma espécie de “cavaquistão” durante décadas, é relevante a vitória, por estes números, de Alfredo Antunes, que confirma o seu estatuto de autarca mais popular do concelho de Torres Novas, muito acima de qualquer outro, com mais votos na sua freguesia do que Pedro Ferreira.
Outra vitória gorda do PS foi na Zibreira, mas aí o PS jogava muito em casa recandidatando um autarca simultaneamente dirigente da autarquia, o que poderá ter ajudado nos 55% obtidos por João Cassis, que teve mais votos do que Pedro Ferreira para a Câmara na sua freguesia. As vitórias socialistas foram mais curtas nas freguesias mais urbanas, as da cidade e Meia Via, fugindo a esta regra Riachos. Na terceira mais populosa freguesia do concelho, o antigo candidato da CDU Pereira Jorge, agora com a camisola cor-de-rosa, arrancou uma vitória com números acima dos 40%.
Estas eleições nas freguesias não correram mal para o PSD/CDS que, mesmo sem apresentar lista em Assentis, teve mais votos (2459) do que nas votações para a CM e AM. O mesmo aconteceu com o PCP, que teve 1384 votos, mesmo sem lista em Chancelaria, superando as suas votações na CM e na AM. Até o Bloco teve dois votos a mais (1197) do que para a CM (1195), mesmo sem concorrer a duas das dez freguesias. Nas freguesias, o AR-PNT foi mesmo a segunda força, à frente do PSD/CDS, com 3 464 votos, bem acima dos obtidos por António Rodrigues para a Câmara.
Afinal, qual é a tese?
Se o Bloco, o PCP e mesmo o PSD/CDS tiveram mais votos para Assembleia Municipal e até para as Assembleias de Freguesia, em relação às suas votações para a Câmara Municipal, este facto parece dar alguma razão aos que defendem que, nestes partidos, houve parte considerável do seu eleitorado que na eleição para a Câmara “fugiu” e deu o voto o Pedro Ferreira para travar uma eventual vitória de António Rodrigues, receio que afinal não se justificava. Se esta tese fosse comprovada, provaria que António Rodrigues, para além de ter ficado longe do seu objectivo, foi derrotado pelo PS e ainda por cima lhe fez o jeito de ajudar a minguar os partidos à sua esquerda, BE e PCP.
Mas terá sido mesmo assim? E a tese contrária? Esta: a votação dos partidos da oposição para a Câmara terá sido a sua votação real, e o que se passou foi que houve eleitores que votaram Pedro Ferreira para a Câmara que não quiseram meter os ovos todos no mesmo cesto para dar um papel mais fiscalizador à Assembleia, transferindo o seu voto para os partidos da oposição. Pode ter sido? Vejamos. Quantos votos perdeu o PS para a Assembleia face ao score da Câmara? 676 votos. Qual foi o acréscimo de votos dos partidos da oposição na sua votação para a Assembleia? PSD, 315 votos, Bloco, 179 e PCP 235 votos. Total, 729 votos. Parece Deus a jogar aos dados. Em conclusão, conjecturas e cenários que não se podem comprovar, embora uns possam parecer mais verosímeis que outros. J.C.L.
Torres Novas/Autárquicas: PS perde quase mil votos mas mantém maioria na Câmara – a análise e os resultados
Sociedade » 2021-10-03Com 45% dos votos, os socialistas têm 71% dos lugares no executivo
Eram 30 795 eleitores, só 17 375 foram às urnas. Votaram pelo PS 7 865 eleitores, votaram contra o PS 8 822 eleitores. Mas os 45% de votos nos socialistas deram-lhe 71% de lugares no executivo, regras do senhor Hondt. Na Assembleia Municipal, a oposição está em maioria, 11 contra 10 vogais do PS.
Vamos aos vencedores: o PS venceu as eleições autárquicas em Torres Novas e, contra muitas expectativas e contas de cabeça feitas nas semanas anteriores, conseguiu manter os cinco eleitos no executivo municipal, mesmo perdendo 988 votos. A oposição, à direita e à esquerda, apostava na perda da maioria absoluta do PS, dada a entrada em cena de António Rodrigues, que em princípio iria fracturar o eleitorado socialista, mas isso não aconteceu e agora, sabendo-se os resultados, já há quem diga que a votação de Pedro Ferreira se ficou a dever à entrada em cena de António Rodrigues. Já lá vamos.
O PS venceu, mas perdeu 988 votos. Os socialistas conseguiram 45% dos votos e a oposição cerca de 51%, mas é evidente que beneficia quem concentra votos e no caso do PS, os 45% de votos deram-lhe 71% dos lugares no executivo municipal. A oposição, votos somados, teve cerca de 1000 votos a mais que o PS, mas repartidos por várias forças deram-lhe apenas 30% dos lugares no executivo, isto é, dois vereadores. É a lógica do método de Hondt, que ainda assim é dos menos maus.
Os perdedores
António Rodrigues e o seu movimento foram os grandes perdedores destas eleições. E o antigo presidente da Câmara foi mesmo o grande derrotado, porque era o único que se apresentava como real alternativa de poder. Costuma dizer-se que as revoluções trituram os seus heróis e, neste caso, António Rodrigues, o herói da “revolução socialista autárquica” em Torres Novas, iniciada por ele em 1994 e que chega ao fim do ciclo daqui a quatro anos, com a saída do seu braço-direito de duas décadas (se este entretanto não trair o eleitorado), foi triturado sem apelo nem agravo. A carreira política de um homem que conseguiu cinco vitórias autárquicas para o PS, quatro com a maioria absoluta e votações que talvez nunca sejam igualadas, e que deixou a maioria das obras emblemáticas do “regime socialista”, acaba sem glória, com Rodrigues a sentir na pele a crueldade do eleitorado socialista que, mais do que heranças e suposto reconhecimento, risca o quadrado no manajeiro que distribui, no momento, lentilhas e prebendas. O movimento PNT dificilmente sobreviverá a esta derrota, é uma opinião, porque lhe falta a razão da sua existência e aquilo que poderia traçar um qualquer futuro. Tudo se centrava na figura de Rodrigues e no projectos de Rodrigues, e sem isso, não há uma visão, não há um programa. Rodrigues foi claro antes das eleições: seria candidato a presidente da Câmara. O eleitorado não quis, o antigo presidente não vai obviamente assumir o cargo de vereador.
O segundo grande perdedor destas eleições foi o Bloco de Esquerda. Tendo ficado a escassas quatro décimas do PSD há quatro anos, os bloquistas acalentavam a esperança de manter a votação, dado o trabalho autárquico realizado durante todo o mandato, genericamente reconhecido como ímpar, e nunca lhe passou pela cabeça, à partida, perder o lugar na vereação. Mas o BE perdeu 1300 votos, uma hecatombe, ficando-se pelos 1195 contra os 2498 de 2017. Não se pode dizer, de ânimo leve, que a perda de votos do Bloco foi para António Rodrigues, uma tese que não colhe grandes apoios, até porque a descida bloquista foi geral. No Entroncamento, também tivera forte votação em 2017, com um vereador eleito, no dia 26 foram-se dois terços dos votos e o “lugar” do BE é agora do Chega. Em Portimão aconteceu o mesmo, tudo casos em que não havia nenhuma lista independente. Em Abrantes, o BE também ficou sem vereador. De resto, há aspectos destas eleições autárquicas que só se vão perceber nas próximas legislativas. Mas os bloquistas torrejanos terão vivido a maior decepção da noite eleitoral torrejana.
O PCP foi outro perdedor. O objectivo passava por recuperar o vereador perdido em 2017, mas isso não aconteceu e, ainda por cima, verificou-se mais uma descida de votação, com Guedelha a ficar aquém do score conseguido por Filipa Rodrigues. Uma decepção enorme para os comunistas torrejanos e um golpe num património de intervenção autárquica sólido desde 1976. Ao fim de quase 50 anos, o PCP está reduzido a um lugar na Assembleia Municipal.
A coligação PSD/CDS também não terá sido um negócio bem conseguido para Tiago Ferreira, a julgar pelos números. Em 2017, os centristas e social-democratas averbaram, somados, 3 310 votos. Agora, a coligação ficou-se pelos 2937 votos, com o mesmo vereador eleito, mas com perda efectiva na assembleia municipal. Neste caso, parece mais fácil admitir que Tiago Ferreira foi vítima de alguma transferência de votos para a IL e CH, mas o segundo lugar numas eleições com dois candidatos de peso não deslustra, como é evidente, para o dirigente local social-democrata.
Para onde foram os votos de quem os perdeu? Os números são dados a uma certa magia que nos encanta e engana, mas não deixa de ser curioso que os votos perdidos pelo PS, 988, somados aos perdidos pelo BE, 1 303 e aos perdidos pelo PCP, 558, perfaçam 2 848 votos. E qual foi a votação de Rodrigues? 2 880! Parece directo, mas as coisas não se passam assim. Como já se disse, prevalece a tese de que as perdas do Bloco e do PCP se devem a eleitores destes partidos que foram engrossar o score de Pedro Ferreira com medo de uma hipotética vitória de Rodrigues. Prevalece, mas pode não ter sido assim. Já lá vamos.
Quanto às perdas do PSD/CDS, já é mais pacífico que, grosso modo, se tenham transformado em votos na Iniciativa Liberal. A IL obteve 221, talvez aquém do esperado, enquanto o CH atingiu 541 sufrágios.
Assembleia: oposição em maioria
O PS venceu as eleições para a assembleia municipal, mas a oposição teve mais votos, como aconteceu no caso da eleição para a câmara. Só que, havendo neste caso mais lugares para distribuir, 21, enquanto na câmara há 7, o método de Hondt faz com que o resultado em mandatos fique mais próximo da “verdade” dos votos. O PS elegeu 10 vogais, a oposição 11. O movimento Pela Nossa Terra tem quatro lugares, tantos quantos o PSD/CDS. E aqui é que bate o ponto. Em 2017, o PSD tinha 4 lugares na AM e o CDS um, cinco no total, agora juntos ficaram com 4. O Bloco elegeu dois vogais, tendo perdido um, enquanto o PCP perdeu também um, ficando reduzido à representação da sua cabeça-de-lista, Cristina Tomé.
Em geral, a votação dos partidos da oposição foi mais forte para a assembleia, em comparação com a da câmara: Arnaldo Santos valeu mais 315 votos que Tiago Ferreira, Roberto Barata superou a votação de Helena Pinto em 179 votos e Cristina Tomé teve mais 239 votos que Nuno Guedelha. Também o Chega e a IB tiveram mais votos para a AM do que para a CM. Só no caso de Ar-PNT Zuzarte Reis teve votação inferior à de Rodrigues para a CM. Se na votação para a Câmara, os partidos da oposição tiveram mais 957 votos que o PS, no caso da Assembleia essa diferença foi de 2 245 votos a mais para as forças da oposição.
Tendo o eleitorado votado no sentido de dar maioria à oposição na assembleia municipal, quis com isso dizer que queria uma maioria socialista na câmara, mas mais fiscalizada e escrutinada e com as decisões mais importantes a serem consensualizadas com a oposição. Assim não vai acontecer, já que têm assento na AM, por lei, os autarcas das freguesias, que não foram eleitos para este órgão e, portanto, não têm qualquer legitimidade política para lá estar, da mesma forma que não há membros das assembleias municipais ou de outros órgãos a falsificar a vontade eleitoral expressa nas assembleias de freguesia. É um absurdo do sistema eleitoral autárquico, que desvirtua a vontade dos eleitores e o resultado das eleições para as assembleias municipais, questionando-se, até, se vale a pena realizarem-se essas eleições.
Freguesias: surpresa em Olaia/Paço
Em Assentis, Leonel Santos fez uma corrida sem adversários notórios, com o PS a apresentar uma lista para cumprir calendário, já que durante o mandato foi sempre mais forte a aproximação entre o autarca de Assentis e a maioria socialista do que outra coisa. Sem concorrência acrescida do AR-PNT, e sem lista do PSD, tratou-se de uma vitória natural a rondar os 50%.
A grande surpresa foi a derrota socialista em Olaia/Paço, com o PSD a averbar uma vitória que lhe fugia há muito tempo. Foi a vitória mais curta de todas as autárquicas das freguesias, mas é uma junta que fica fora do universo socialista, juntando-se a Assentis.
O panorama restante equivale a oito vitórias do PS, com destaque para a vitória na Chancelaria, com um score de 64%. Numa freguesia que outrora foi uma espécie de “cavaquistão” durante décadas, é relevante a vitória, por estes números, de Alfredo Antunes, que confirma o seu estatuto de autarca mais popular do concelho de Torres Novas, muito acima de qualquer outro, com mais votos na sua freguesia do que Pedro Ferreira.
Outra vitória gorda do PS foi na Zibreira, mas aí o PS jogava muito em casa recandidatando um autarca simultaneamente dirigente da autarquia, o que poderá ter ajudado nos 55% obtidos por João Cassis, que teve mais votos do que Pedro Ferreira para a Câmara na sua freguesia. As vitórias socialistas foram mais curtas nas freguesias mais urbanas, as da cidade e Meia Via, fugindo a esta regra Riachos. Na terceira mais populosa freguesia do concelho, o antigo candidato da CDU Pereira Jorge, agora com a camisola cor-de-rosa, arrancou uma vitória com números acima dos 40%.
Estas eleições nas freguesias não correram mal para o PSD/CDS que, mesmo sem apresentar lista em Assentis, teve mais votos (2459) do que nas votações para a CM e AM. O mesmo aconteceu com o PCP, que teve 1384 votos, mesmo sem lista em Chancelaria, superando as suas votações na CM e na AM. Até o Bloco teve dois votos a mais (1197) do que para a CM (1195), mesmo sem concorrer a duas das dez freguesias. Nas freguesias, o AR-PNT foi mesmo a segunda força, à frente do PSD/CDS, com 3 464 votos, bem acima dos obtidos por António Rodrigues para a Câmara.
Afinal, qual é a tese?
Se o Bloco, o PCP e mesmo o PSD/CDS tiveram mais votos para Assembleia Municipal e até para as Assembleias de Freguesia, em relação às suas votações para a Câmara Municipal, este facto parece dar alguma razão aos que defendem que, nestes partidos, houve parte considerável do seu eleitorado que na eleição para a Câmara “fugiu” e deu o voto o Pedro Ferreira para travar uma eventual vitória de António Rodrigues, receio que afinal não se justificava. Se esta tese fosse comprovada, provaria que António Rodrigues, para além de ter ficado longe do seu objectivo, foi derrotado pelo PS e ainda por cima lhe fez o jeito de ajudar a minguar os partidos à sua esquerda, BE e PCP.
Mas terá sido mesmo assim? E a tese contrária? Esta: a votação dos partidos da oposição para a Câmara terá sido a sua votação real, e o que se passou foi que houve eleitores que votaram Pedro Ferreira para a Câmara que não quiseram meter os ovos todos no mesmo cesto para dar um papel mais fiscalizador à Assembleia, transferindo o seu voto para os partidos da oposição. Pode ter sido? Vejamos. Quantos votos perdeu o PS para a Assembleia face ao score da Câmara? 676 votos. Qual foi o acréscimo de votos dos partidos da oposição na sua votação para a Assembleia? PSD, 315 votos, Bloco, 179 e PCP 235 votos. Total, 729 votos. Parece Deus a jogar aos dados. Em conclusão, conjecturas e cenários que não se podem comprovar, embora uns possam parecer mais verosímeis que outros. J.C.L.
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