Pequenos lugares - adelino pires
Sociedade » 2024-09-23
Segui-lhes o rasto. Falaram-me que vinham de longe, algures de uma aldeia não sei se perdida, se antes achada. Para além das montanhas, no alto bem alto já perto do céu, alguém se lembrara de erguer um mosteiro, talvez para que a partida se tornasse mais curta, ou antes que em vida as distâncias da fé se medissem aos palmos.
Crescia assim um lugar de mil almas penadas e vários instintos.
Era pequeno, o lugar. Briançon se chamava. No miolo dos Alpes, Altos Alpes e baixas esperanças, a vida movia-se por entre mercadores de livros de venda ambulante e gente abastada, poupando nas custas de privilégios régios e crivos apertados de mesas censórias.
Ali e assim se iludiam tesoura e tesouros, serpenteando caminhos de segredos escondidos e cumplicidades ocultas. Os livros sombrios (quais livros-pirata), viajavam das origens onde eram impressos (alguns em Genève, Lyon, até mesmo Bruxelas), chegando ali, pequeno lugar, onde o aconchego do ócio lhes permitisse o negócio. Como que um ninho perdido antes de um longo voo para outras paragens.
Já lá vão muitos anos. Segui-lhes o rasto. Aos Faure, Bertrand, Rolland, Borel...
De lá vieram, por aqui ficaram. Talvez a neve dos Alpes lhes gelasse o feitio ou a mátria distância lhes secasse os afectos. Se a desconfiança emudece e o segredo protege, a cumplicidade cimenta-se na sua matriz. E assim polvilharam saberes nestoutro lugar, onde o sol adormece nas águas do mar.
Dos ilustres Bertrand ainda hoje se fala, mesmo que, desde há muito, os velhos irmãos ou mesmo a viúva, perdessem as rédeas da sua velha casa. De Rolland (e de outros) ficaram os livros de edições cuidadas, o apuro, o esmero e a paixão dos prefácios, retribuindo o aconchego com que fora acolhido. De todos e de muitos, restou a semente.
Neste pequeno país a história do livro nunca se faria sem os sinuosos caminhos desse pequeno lugar. A ele se devem os fios de uma longa meada onde entra Ratton (também ele de lá), que não cabe desfiar numa crónica assim.
Se de pequenas árvores nascem grandes frutos, lugares existem por pequenos que sejam, que serão o fruto da terra e do sol. E das mãos que os cuidam, das gentes que os regam.
Passaram alguns séculos. Folheio agora outro livro trinta anos depois. E há “Um Deus Passeando Pela Brisa Da Tarde”, de páginas belas e palavras sábias, que sem que se soubesse passou por aqui...
(nos 30 anos do JT)
Pequenos lugares - adelino pires
Sociedade » 2024-09-23Segui-lhes o rasto. Falaram-me que vinham de longe, algures de uma aldeia não sei se perdida, se antes achada. Para além das montanhas, no alto bem alto já perto do céu, alguém se lembrara de erguer um mosteiro, talvez para que a partida se tornasse mais curta, ou antes que em vida as distâncias da fé se medissem aos palmos.
Crescia assim um lugar de mil almas penadas e vários instintos.
Era pequeno, o lugar. Briançon se chamava. No miolo dos Alpes, Altos Alpes e baixas esperanças, a vida movia-se por entre mercadores de livros de venda ambulante e gente abastada, poupando nas custas de privilégios régios e crivos apertados de mesas censórias.
Ali e assim se iludiam tesoura e tesouros, serpenteando caminhos de segredos escondidos e cumplicidades ocultas. Os livros sombrios (quais livros-pirata), viajavam das origens onde eram impressos (alguns em Genève, Lyon, até mesmo Bruxelas), chegando ali, pequeno lugar, onde o aconchego do ócio lhes permitisse o negócio. Como que um ninho perdido antes de um longo voo para outras paragens.
Já lá vão muitos anos. Segui-lhes o rasto. Aos Faure, Bertrand, Rolland, Borel...
De lá vieram, por aqui ficaram. Talvez a neve dos Alpes lhes gelasse o feitio ou a mátria distância lhes secasse os afectos. Se a desconfiança emudece e o segredo protege, a cumplicidade cimenta-se na sua matriz. E assim polvilharam saberes nestoutro lugar, onde o sol adormece nas águas do mar.
Dos ilustres Bertrand ainda hoje se fala, mesmo que, desde há muito, os velhos irmãos ou mesmo a viúva, perdessem as rédeas da sua velha casa. De Rolland (e de outros) ficaram os livros de edições cuidadas, o apuro, o esmero e a paixão dos prefácios, retribuindo o aconchego com que fora acolhido. De todos e de muitos, restou a semente.
Neste pequeno país a história do livro nunca se faria sem os sinuosos caminhos desse pequeno lugar. A ele se devem os fios de uma longa meada onde entra Ratton (também ele de lá), que não cabe desfiar numa crónica assim.
Se de pequenas árvores nascem grandes frutos, lugares existem por pequenos que sejam, que serão o fruto da terra e do sol. E das mãos que os cuidam, das gentes que os regam.
Passaram alguns séculos. Folheio agora outro livro trinta anos depois. E há “Um Deus Passeando Pela Brisa Da Tarde”, de páginas belas e palavras sábias, que sem que se soubesse passou por aqui...
(nos 30 anos do JT)
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