Na morte de António Lúcio Vieira
Sociedade » 2020-06-12
Morreu, no dia 4 de Junho, na sua casa em Torres Novas, António Lúcio Vieira, que contava 78 anos. Natural de Alcanena, residia em Torres Novas há muitas décadas e desde cedo se envolveu na actividade cultural torrejana, centrada sobretudo no teatro e na literatura.
Durante muitos anos foi empregado de escritórios dos Claras/Rodoviária Nacional, em Torres Novas, passando depois a desempenhar o cargo de relações públicas da empresa, de onde saiu muito antes da idade da reforma.
Iniciou a sua actividade cultural mais marcante no teatro amador, integrando e dirigindo alguns grupos de teatro locais. A partir de 1972, encenou duas peças no Teatro Experimental Torrejano (até 1974 sob a tutela do Centro de Juventude de Torres Novas, sob a direcção de João Tolda, vice-presidente da câmara): o “Auto do Físico” e a “Antígona”. Este último texto clássico foi objecto de alguma desconstrução estética e formal, originando um desagradável surruru na apresentação pública da peça no teatro Virgínia. A verdade é que o TET, integrando jovens como Luís Pisco, César Ruivo ou José Rosa, entre outros, alguns bastante próximos de um núcleo juvenil conotado com a oposição, seria alvo de um ligeiro aviso por parte da “situação”, mas seria João Tolda a sossegar os ânimos, quer de um lado quer de outro, impedindo outros desenvolvimentos.
Depois do 25 de Abril, já em 1977, a encenação da “Guerra Santa” (texto de 1967, de Luís de Sttau Monteiro), no Festival de Teatro de Santarém, causaria algum frisson dada a crueza com que a peça tratava a instituição militar, na época pouco dada a críticas mesmo no ambiente de grande liberdade que caracterizou essa fase da vida portuguesa. A actividade do TET ficaria por aqui e o trabalho teatral de Lúcio Vieira, aquele que lhe deu mais saliência, praticamente também.
Motivou-o também o cinema amador, tendo integrado com António José Cardoso a equipa “Fotograma”, apoiada pelo Cine Clube de Torres Novas e que produziu três curtas metragens em Super 8, nos anos 70 do século passado.
Também nos anos 70, já depois do 25 de Abril, e durante um curto período, fez parte da equipa do jornal “O Almonda”, com responsabilidades ao nível da redacção. No âmbito jornalístico, fez rádio em várias estações locais e regionais, mas sem se demorar demasiado em nenhuma delas.
Colaborou também como correspondente/repórter local da antiga revista do “Correio da Manhã”, a sua actividade jornalística mais visível.
Antes, também ainda na década de 70, tivera uma curta fase de escritor de cantigas, tendo feito uma parceria com o cantor Paco Bandeira. Mas essa faceta de escritor de canções já era antiga, a um nível local, se tivermos em linha de conta os textos que Lúcio Vieira fizera para artistas amadores locais, na participação em festivais amadores de canção, ou a sua episódica colaboração com a Orquestra Típica Scalabitana, para quem escreveu algumas cantigas de parceria com o maestro António Gavino.
Nos últimos 20 anos, António Lúcio Vieira centrou-se sobretudo na actividade literária, tendo publicado vários livros de poesia, teatro e romance, acrescentados a algumas publicações editadas no início da sua actividade literária.
No entanto, há alguns anos, durante o consulado de Tiago Guedes como director artístico do Teatro Virgínia, ainda se proporcionou uma tentativa de regresso de Lúcio Vieira ao teatro, aquando da remontagem do Auto do Físico, mas a experiência não teve êxito.
Há algum tempo, o antigo encenador encontrava-se doente e na sua casa, no centro da cidade, onde acabou por falecer.
Presidente da câmara deturpa biografia
Após a morte de Lúcio Vieira, as chamadas “redes sociais” foram pródigas em textos sobre a vida do autor de “Aldeia Brava”, inventado-se cargos e outros detalhes que não têm importância, mas que não correspondem à verdade.
Mais gravosa foi a referência do presidente da câmara, Pedro Ferreira, em texto publicado no site oficial da Torres Novas FM, adulterando uma fase importante da actividade teatral de Lúcio Vieira: “Antes do 25 de abril, com muita coragem encenou a peça teatral “A GUERRA SANTA” de Luís Sttau Monteiro, com jovens torrejanos, que lhe traria muita popularidade.” Ora, “A Guerra Santa” foi encenada por Lúcio Vieira e levada à cena pelo TET em 1977, já muito depois do 25 de Abril. Aliás, foi no convívio com o grupo de jovens do TET, muito próximo do 25 de Abril, anos de 72/73, que Lúcio Vieira interagiu com alguns deles ligados à contestação ao regime.
Nos anos 60, o encenador não integrou qualquer movimento ou núcleo ligado à oposição, até porque, influenciado pela doutrinação do regime enquanto combatente na Guiné ao serviço do exército colonial português, ainda não se tinha demarcado da actividade política da Acção Nacional Popular (o partido único do regime), em Torres Novas, como se documenta nas fontes escritas e fílmicas relacionadas com as pseudo-eleições de 1969.
Na morte de António Lúcio Vieira
Sociedade » 2020-06-12Morreu, no dia 4 de Junho, na sua casa em Torres Novas, António Lúcio Vieira, que contava 78 anos. Natural de Alcanena, residia em Torres Novas há muitas décadas e desde cedo se envolveu na actividade cultural torrejana, centrada sobretudo no teatro e na literatura.
Durante muitos anos foi empregado de escritórios dos Claras/Rodoviária Nacional, em Torres Novas, passando depois a desempenhar o cargo de relações públicas da empresa, de onde saiu muito antes da idade da reforma.
Iniciou a sua actividade cultural mais marcante no teatro amador, integrando e dirigindo alguns grupos de teatro locais. A partir de 1972, encenou duas peças no Teatro Experimental Torrejano (até 1974 sob a tutela do Centro de Juventude de Torres Novas, sob a direcção de João Tolda, vice-presidente da câmara): o “Auto do Físico” e a “Antígona”. Este último texto clássico foi objecto de alguma desconstrução estética e formal, originando um desagradável surruru na apresentação pública da peça no teatro Virgínia. A verdade é que o TET, integrando jovens como Luís Pisco, César Ruivo ou José Rosa, entre outros, alguns bastante próximos de um núcleo juvenil conotado com a oposição, seria alvo de um ligeiro aviso por parte da “situação”, mas seria João Tolda a sossegar os ânimos, quer de um lado quer de outro, impedindo outros desenvolvimentos.
Depois do 25 de Abril, já em 1977, a encenação da “Guerra Santa” (texto de 1967, de Luís de Sttau Monteiro), no Festival de Teatro de Santarém, causaria algum frisson dada a crueza com que a peça tratava a instituição militar, na época pouco dada a críticas mesmo no ambiente de grande liberdade que caracterizou essa fase da vida portuguesa. A actividade do TET ficaria por aqui e o trabalho teatral de Lúcio Vieira, aquele que lhe deu mais saliência, praticamente também.
Motivou-o também o cinema amador, tendo integrado com António José Cardoso a equipa “Fotograma”, apoiada pelo Cine Clube de Torres Novas e que produziu três curtas metragens em Super 8, nos anos 70 do século passado.
Também nos anos 70, já depois do 25 de Abril, e durante um curto período, fez parte da equipa do jornal “O Almonda”, com responsabilidades ao nível da redacção. No âmbito jornalístico, fez rádio em várias estações locais e regionais, mas sem se demorar demasiado em nenhuma delas.
Colaborou também como correspondente/repórter local da antiga revista do “Correio da Manhã”, a sua actividade jornalística mais visível.
Antes, também ainda na década de 70, tivera uma curta fase de escritor de cantigas, tendo feito uma parceria com o cantor Paco Bandeira. Mas essa faceta de escritor de canções já era antiga, a um nível local, se tivermos em linha de conta os textos que Lúcio Vieira fizera para artistas amadores locais, na participação em festivais amadores de canção, ou a sua episódica colaboração com a Orquestra Típica Scalabitana, para quem escreveu algumas cantigas de parceria com o maestro António Gavino.
Nos últimos 20 anos, António Lúcio Vieira centrou-se sobretudo na actividade literária, tendo publicado vários livros de poesia, teatro e romance, acrescentados a algumas publicações editadas no início da sua actividade literária.
No entanto, há alguns anos, durante o consulado de Tiago Guedes como director artístico do Teatro Virgínia, ainda se proporcionou uma tentativa de regresso de Lúcio Vieira ao teatro, aquando da remontagem do Auto do Físico, mas a experiência não teve êxito.
Há algum tempo, o antigo encenador encontrava-se doente e na sua casa, no centro da cidade, onde acabou por falecer.
Presidente da câmara deturpa biografia
Após a morte de Lúcio Vieira, as chamadas “redes sociais” foram pródigas em textos sobre a vida do autor de “Aldeia Brava”, inventado-se cargos e outros detalhes que não têm importância, mas que não correspondem à verdade.
Mais gravosa foi a referência do presidente da câmara, Pedro Ferreira, em texto publicado no site oficial da Torres Novas FM, adulterando uma fase importante da actividade teatral de Lúcio Vieira: “Antes do 25 de abril, com muita coragem encenou a peça teatral “A GUERRA SANTA” de Luís Sttau Monteiro, com jovens torrejanos, que lhe traria muita popularidade.” Ora, “A Guerra Santa” foi encenada por Lúcio Vieira e levada à cena pelo TET em 1977, já muito depois do 25 de Abril. Aliás, foi no convívio com o grupo de jovens do TET, muito próximo do 25 de Abril, anos de 72/73, que Lúcio Vieira interagiu com alguns deles ligados à contestação ao regime.
Nos anos 60, o encenador não integrou qualquer movimento ou núcleo ligado à oposição, até porque, influenciado pela doutrinação do regime enquanto combatente na Guiné ao serviço do exército colonial português, ainda não se tinha demarcado da actividade política da Acção Nacional Popular (o partido único do regime), em Torres Novas, como se documenta nas fontes escritas e fílmicas relacionadas com as pseudo-eleições de 1969.
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![]() Vila Nova da Barquinha prepara-se para receber mais uma edição da Feira do Tejo, entre 12 e 15 de junho de 2025, “numa celebração vibrante da identidade cultural, artística e comunitária do concelho”. |
Apresentação do livro “Maria Lamas, Amor, Paz e Liberdade” no Museu Municipal Carlos Reis » 2025-06-06 No âmbito da exposição «As Mulheres de Maria Lamas», o Museu Municipal Carlos Reis vai receber, no dia 7 de Junho, a partir das 16 horas, a apresentação do livro «Maria Lamas, Amor, Paz e Liberdade» (Editora Barca do Inferno), da autoria de Mafalda Brito e Rui Pedro Lourenço. |