Dia histórico: povo de Torres Novas diz basta à Renova
Sociedade » 2022-07-28Assembleia quase unânime exige acesso público e livre à nascente do Almonda
A assembleia municipal de Torres Novas, reunida ontem quarta-feira, tomou uma deliberação de significado político tremendo: aprovou quase por unanimidade uma recomendação à Câmara que esteve na base de um abaixo-assinado de quase mil assinaturas exigindo o acesso público à nascente do rio Almonda.
De certo modo foi uma surpresa, o voto dos representantes do povo torrejano, todos menos Arnaldo Santos (ex-presidente da Câmara), representantes de todas as bancadas partidárias, da esquerda à direita, voto categórico no apoio aos três pontos da recomendação à Câmara Municipal, subscrita pela plataforma ambientalista “Colectivo” e que dão um sinal inequívoco do sentimento que grassa em relação à Renova, em resultado de uma atitude isolacionista, nada empática e de afronta a toda e qualquer ideia que traduza o desejo da comunidade de fazer reverter a apropriação privada de certos aspectos ligados ao rio.
A recomendação é clara e diz o seguinte:
“O Município deve liderar e empenhar-se na concretização de um plano de requalificação da zona da Nascente do Rio Almonda, cujas acções imediatas serão:
- a pavimentação adequada da estrada pública até próximo da nascente;
- o acesso livre e público à nascente, com a negociação para a retirada da vedação metálica e a criação de condições para a fruição visual da nascente e sua envolvência, acautelando a segurança através de meios normais como os avisos aos visitantes;
- o diálogo com os proprietários de algumas edificações em ruínas com vista à limpeza das mesmas;
Sem perder de vista, a médio prazo, a elaboração de um plano de pormenor de reabilitação urbanística e paisagística do núcleo histórico do Moinho da Fonte, que inclua um programa de recuperação do edificado ainda existente e a libertação de todo o leito do rio, com a deslocalização dos pavilhões fabris que o cobrem para a nova unidade da Zibreira”.
Cautelosa e comedida em todos os seus aspectos, a recomendação sugere que o executivo municipal reabilite a estrada pública do Moinho da Fonte que vai até perto da nascente, medida de reduzidos custos e fácil de concretizar, que negoceie com a empresa a retirada da ridícula e ostensiva vedação colocada à volta do plano de água da nascente para permitir a fruição visual da mesma, acautelando contudo a segurança dos visitantes de outras formas, e uma acção de colaboração com os proprietários das casas e estruturas em ruínas na estrada pública na limpeza das mesmas para o embelezamento possível do local.
Para além destas três questões voltadas para o imediato, a recomendação sugere ainda o óbvio: que, em termos de ordenamento, a médio prazo seja equacionado um programa mais vasto de reabilitação do centro histórico da povoação do Moinho da Fonte, que inclua a retirada do edifício fabril construído ilegalmente sobre o leito do rio em 1971.
Esta posição quase unânime dos representantes do povo do concelho não terá sido estranha, disseram alguns protagonistas ao JT, à jogada desastrosa e intolerável da Renova, ao enviar, nas vésperas da Assembleia Municipal, um mail que o presidente José Trincão Marques distribuiu a todos os membros daquele órgão e em que a empresa, por um lado, contestava as declarações da vogal da CDU, em assembleia anterior, sobre a sua política de despedimentos, e por outro lado se barricava numa posição inexplicável ao dizer, na prática, que o rio é da Renova, quando escrevia que as águas do rio são da Renova. Terá sido este o rastilho que deu alento à assembleia municipal praticamente toda para dizer à empresa que já basta desta atitude de afronta aos sentimentos da comunidade torrejana em relação ao seu rio. “Foi isto que nós queríamos ouvir”, disse ao JT outro membro da Assembleia Municipal ao comentar este hara-kiri da Renova.
De facto, caiu mal esta tentativa de condicionamento (foi assim que foi entendida) de um órgão político representativo do concelho e o facto de a empresa querer imiscuir-se em debates políticos e rebater posições políticas legítimas que neles são travados. “Se alguém da Renova quer fazer política, que se candidate e venha para cá”, ouviu-se, enquanto a vogal da CDU, Cristina Tomé, reafirmava tudo o que dissera sobre a política de despedimentos e de contratações da empresa.
Esta posição histórica da assembleia municipal veio dizer uma coisa importante, separar as águas, avisar: uma coisa é a economia, as empresas, por muito poder que tenham, outra coisa é a política, a arma dos cidadãos para traduzirem o que consideram ser o melhor caminho e as melhores soluções para o futuro da comunidade, princípio que se sobrepões aos interesses particulares dos indivíduos e das empresas.
Por outro lado, a decisão dos representantes do povo de Torres Novas representa uma vitória em toda a linha da plataforma ambientalista “Um Colectivo” e da justeza e do sentido justiça das suas posições, por nela se reverem todos os partidos e forças políticas representantes do povo na assembleia, incluindo os presidentes das juntas de freguesia da Zibreira e de Pedrógão, ambos com responsabilidades no Moinho da Fonte, local on de se localiza a fábrica velha da Renova, caso da Zibreira, e a zona histórica da povoação, caso do Pedrógão.
A plataforma “Colectivo” é um movimento independente, totalmente desligado de qualquer força política local, mas com contactos institucionais com muitos movimentos e plataformas ambientalistas portugueses e que coloca Torres Novas na linha da frente dos combates do futuro pelo clima, pelo ambiente e pela utilização sustentada dos recursos naturais. Formado por jovens, levou a cabo várias acções de sensibilização ecológica, para além da petição que reuniu 10 mil assinaturas em defesa do acesso livre à nascente do rio Almonda.
Dia histórico: povo de Torres Novas diz basta à Renova
Sociedade » 2022-07-28Assembleia quase unânime exige acesso público e livre à nascente do Almonda
A assembleia municipal de Torres Novas, reunida ontem quarta-feira, tomou uma deliberação de significado político tremendo: aprovou quase por unanimidade uma recomendação à Câmara que esteve na base de um abaixo-assinado de quase mil assinaturas exigindo o acesso público à nascente do rio Almonda.
De certo modo foi uma surpresa, o voto dos representantes do povo torrejano, todos menos Arnaldo Santos (ex-presidente da Câmara), representantes de todas as bancadas partidárias, da esquerda à direita, voto categórico no apoio aos três pontos da recomendação à Câmara Municipal, subscrita pela plataforma ambientalista “Colectivo” e que dão um sinal inequívoco do sentimento que grassa em relação à Renova, em resultado de uma atitude isolacionista, nada empática e de afronta a toda e qualquer ideia que traduza o desejo da comunidade de fazer reverter a apropriação privada de certos aspectos ligados ao rio.
A recomendação é clara e diz o seguinte:
“O Município deve liderar e empenhar-se na concretização de um plano de requalificação da zona da Nascente do Rio Almonda, cujas acções imediatas serão:
- a pavimentação adequada da estrada pública até próximo da nascente;
- o acesso livre e público à nascente, com a negociação para a retirada da vedação metálica e a criação de condições para a fruição visual da nascente e sua envolvência, acautelando a segurança através de meios normais como os avisos aos visitantes;
- o diálogo com os proprietários de algumas edificações em ruínas com vista à limpeza das mesmas;
Sem perder de vista, a médio prazo, a elaboração de um plano de pormenor de reabilitação urbanística e paisagística do núcleo histórico do Moinho da Fonte, que inclua um programa de recuperação do edificado ainda existente e a libertação de todo o leito do rio, com a deslocalização dos pavilhões fabris que o cobrem para a nova unidade da Zibreira”.
Cautelosa e comedida em todos os seus aspectos, a recomendação sugere que o executivo municipal reabilite a estrada pública do Moinho da Fonte que vai até perto da nascente, medida de reduzidos custos e fácil de concretizar, que negoceie com a empresa a retirada da ridícula e ostensiva vedação colocada à volta do plano de água da nascente para permitir a fruição visual da mesma, acautelando contudo a segurança dos visitantes de outras formas, e uma acção de colaboração com os proprietários das casas e estruturas em ruínas na estrada pública na limpeza das mesmas para o embelezamento possível do local.
Para além destas três questões voltadas para o imediato, a recomendação sugere ainda o óbvio: que, em termos de ordenamento, a médio prazo seja equacionado um programa mais vasto de reabilitação do centro histórico da povoação do Moinho da Fonte, que inclua a retirada do edifício fabril construído ilegalmente sobre o leito do rio em 1971.
Esta posição quase unânime dos representantes do povo do concelho não terá sido estranha, disseram alguns protagonistas ao JT, à jogada desastrosa e intolerável da Renova, ao enviar, nas vésperas da Assembleia Municipal, um mail que o presidente José Trincão Marques distribuiu a todos os membros daquele órgão e em que a empresa, por um lado, contestava as declarações da vogal da CDU, em assembleia anterior, sobre a sua política de despedimentos, e por outro lado se barricava numa posição inexplicável ao dizer, na prática, que o rio é da Renova, quando escrevia que as águas do rio são da Renova. Terá sido este o rastilho que deu alento à assembleia municipal praticamente toda para dizer à empresa que já basta desta atitude de afronta aos sentimentos da comunidade torrejana em relação ao seu rio. “Foi isto que nós queríamos ouvir”, disse ao JT outro membro da Assembleia Municipal ao comentar este hara-kiri da Renova.
De facto, caiu mal esta tentativa de condicionamento (foi assim que foi entendida) de um órgão político representativo do concelho e o facto de a empresa querer imiscuir-se em debates políticos e rebater posições políticas legítimas que neles são travados. “Se alguém da Renova quer fazer política, que se candidate e venha para cá”, ouviu-se, enquanto a vogal da CDU, Cristina Tomé, reafirmava tudo o que dissera sobre a política de despedimentos e de contratações da empresa.
Esta posição histórica da assembleia municipal veio dizer uma coisa importante, separar as águas, avisar: uma coisa é a economia, as empresas, por muito poder que tenham, outra coisa é a política, a arma dos cidadãos para traduzirem o que consideram ser o melhor caminho e as melhores soluções para o futuro da comunidade, princípio que se sobrepões aos interesses particulares dos indivíduos e das empresas.
Por outro lado, a decisão dos representantes do povo de Torres Novas representa uma vitória em toda a linha da plataforma ambientalista “Um Colectivo” e da justeza e do sentido justiça das suas posições, por nela se reverem todos os partidos e forças políticas representantes do povo na assembleia, incluindo os presidentes das juntas de freguesia da Zibreira e de Pedrógão, ambos com responsabilidades no Moinho da Fonte, local on de se localiza a fábrica velha da Renova, caso da Zibreira, e a zona histórica da povoação, caso do Pedrógão.
A plataforma “Colectivo” é um movimento independente, totalmente desligado de qualquer força política local, mas com contactos institucionais com muitos movimentos e plataformas ambientalistas portugueses e que coloca Torres Novas na linha da frente dos combates do futuro pelo clima, pelo ambiente e pela utilização sustentada dos recursos naturais. Formado por jovens, levou a cabo várias acções de sensibilização ecológica, para além da petição que reuniu 10 mil assinaturas em defesa do acesso livre à nascente do rio Almonda.
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