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Sam Abercromby: um “sebastianismo revisitado” assombroso e genial
Cultura » 2022-01-26
“Como estrangeiro, Sam Abercromby adquiriu o distanciamento de etnólogo, que chega a uma cultura diferente e descobre o que de singular encontra diante de si. Como o etnólogo procura desvendar a estrutura da organização social, Abercromby parece situar facilmente os traços identificadores da paisagem, numa abordagem não estritamente naturalista, mas marcada por uma ambiência neo-lírica. Quase sempre a pintura de Sam é uma espécie de pintura conceptual, que parte de um projecto, que pressupõe investigação” – isto escrevíamos nós em 1994, já lá vão 28 anos, a pretexto da exposição “Sombra, Céu e Serra” em Torres Novas, quando o artista australiano, chegado a Portugal oito anos antes, se deixara deslumbrar pelos olivais da serra de Aire e produziu uma séria monográfica de pasteis e óleos e com ela nos surpreendeu com uma serra que nunca nenhum de nós, que somos de cá, tinha visto assim.
Nesse ano, Sam já tinha um longo percurso de pintor e de artista multifacetado, com passagens pela Grécia, logo em 1968, Roma, Paris, com um regresso à Austrália para realizar uma grande encomenda do governo australiano, uma pintura de grandes dimensões.
Chegado a esta região em 1986, Sam Abercromby andou por Tomar. Radicou-se durante uns bons anos na casa grande do Paço, em Vila do Paço, pintou frescos, madeiras, telas de grandes dimensões, fez-se artista da terra colhendo frutos e construindo pelas suas próprias mãos, concretizou projectos musicais muito próprios, mas sobretudo deixou uma vasta obra artística que foi emergindo de ciclos criativos, conceptuais e vivenciais, onde a sua auto-biografia e as suas personagens se misturavam em narrativas densas de significados simbólicos e de carga onírica próxima das abordagens surrealistas ou do realismo mágico, se podemos convocar essa tendência para a pintura.
Esta mostra, patente no ArtSpace João Carvalho, na Gouxaria, e que pode ser vista até final de Março, é uma viagem alucinante de Sam Abercromby às mitologias clássicas do sebastianismo, a que ele acrescentou, como é de seu timbre, uma “realidade paralela” tecida através de cruzamentos simbólicos com a sua própria construção histórica-literária do mito português e com a sua vida, dentro desse espantoso emaranhado de vida e morte, de sonho e mistério a transbordar das telas e a perturbar-nos como só a grande arte pode fazer. Obrigatório ver, imperativo ver. As entradas são livres. J.C.L.
© 2025 • www.jornaltorrejano.pt • jornal@jornaltorrejano.pt
Sam Abercromby: um “sebastianismo revisitado” assombroso e genial
Cultura » 2022-01-26
“Como estrangeiro, Sam Abercromby adquiriu o distanciamento de etnólogo, que chega a uma cultura diferente e descobre o que de singular encontra diante de si. Como o etnólogo procura desvendar a estrutura da organização social, Abercromby parece situar facilmente os traços identificadores da paisagem, numa abordagem não estritamente naturalista, mas marcada por uma ambiência neo-lírica. Quase sempre a pintura de Sam é uma espécie de pintura conceptual, que parte de um projecto, que pressupõe investigação” – isto escrevíamos nós em 1994, já lá vão 28 anos, a pretexto da exposição “Sombra, Céu e Serra” em Torres Novas, quando o artista australiano, chegado a Portugal oito anos antes, se deixara deslumbrar pelos olivais da serra de Aire e produziu uma séria monográfica de pasteis e óleos e com ela nos surpreendeu com uma serra que nunca nenhum de nós, que somos de cá, tinha visto assim.
Nesse ano, Sam já tinha um longo percurso de pintor e de artista multifacetado, com passagens pela Grécia, logo em 1968, Roma, Paris, com um regresso à Austrália para realizar uma grande encomenda do governo australiano, uma pintura de grandes dimensões.
Chegado a esta região em 1986, Sam Abercromby andou por Tomar. Radicou-se durante uns bons anos na casa grande do Paço, em Vila do Paço, pintou frescos, madeiras, telas de grandes dimensões, fez-se artista da terra colhendo frutos e construindo pelas suas próprias mãos, concretizou projectos musicais muito próprios, mas sobretudo deixou uma vasta obra artística que foi emergindo de ciclos criativos, conceptuais e vivenciais, onde a sua auto-biografia e as suas personagens se misturavam em narrativas densas de significados simbólicos e de carga onírica próxima das abordagens surrealistas ou do realismo mágico, se podemos convocar essa tendência para a pintura.
Esta mostra, patente no ArtSpace João Carvalho, na Gouxaria, e que pode ser vista até final de Março, é uma viagem alucinante de Sam Abercromby às mitologias clássicas do sebastianismo, a que ele acrescentou, como é de seu timbre, uma “realidade paralela” tecida através de cruzamentos simbólicos com a sua própria construção histórica-literária do mito português e com a sua vida, dentro desse espantoso emaranhado de vida e morte, de sonho e mistério a transbordar das telas e a perturbar-nos como só a grande arte pode fazer. Obrigatório ver, imperativo ver. As entradas são livres. J.C.L.
“Nova Augusta” é apresentada dia 28
» 2024-12-20
Edita-se este ano o n.º 36 da “Nova Augusta”, revista de cultura do Município de Torres Novas. A sessão de lançamento será realizada na Biblioteca Municipal Gustavo Pinto Lopes, no próximo dia 28 de Dezembro, pelas 15h30. |
Apresentação do livro «Semeador de Palavras - Entrevistas a José Afonso» no CHUDE, dia 15
» 2024-12-04
No âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, o CHUDE – Centro Humberto Delgado vai receber, no dia 15 de Dezembro, a partir das 15h30, a apresentação do livro «Semeador de Palavras - Entrevistas a José Afonso», da autoria da Associação José Afonso. |
José Trincão Marques lança livro sobre temas ambientais, domingo, às 16 horas
» 2024-11-30
“Caminho Livre”, assim se intitula o livro que vai ser apresentado dia 8 de Dezembro, pelas 16 horas, no auditório municipal, sito na biblioteca, da autoria de José Trincão Marques. A publicação reúne uma vasta colectânea de artigos publicados pelo autor na imprensa local sobretudo a partir de meados dos anos 90 do século passado, mas integra igualmente textos de intervenção política, sempre com o ambiente como tema, em fóruns como a assembleia municipal de Torres Novas, de que o autor é presidente. |
"Contos de um Futuro Antigo": novo livro de Manuel Fernandes Vicente apresentado este domingo no Entroncamento
» 2024-11-26
O escritor Manuel Fernandes Vicente apresenta no próximo domingo, no feriado do Primeiro de Dezembro, pelas 16 horas, no Cineteatro São João do Entroncamento, o seu primeiro livro de contos – Contos de um Futuro Antigo – uma obra com o selo das Edições Vieira da Silva. |
Carlota Marques: os jardins da vida em forma de livro
» 2024-11-22
Carlota Marques, natural da freguesia de Chancelaria, vai publicar brevemente o seu primeiro livro, intitulado “A natureza e o jardineiro da vida”. Os escritos estavam guardados desde 2014 e foram o resultado de uma reflexão e superação de um dramático acontecimento da sua vida pessoal pelo que, dizer que se trata de um romance, será redutor. |
José Pedro Maia lança livro em Árgea
» 2024-10-27
José Pedro Maia, Pedro Olaia na arte das letras, é residente em Lisboa, mas os seus pais e quase toda a sua família são naturais do concelho de Torres Novas, freguesia de Olaia, aldeia de Árgea. O seu avô paterno, falecido já no distante ano de 1974, combateu na Flandres durante a Grande Guerra, com o posto de sargento (miliciano) e foi condecorado com a medalha de Cruz de Guerra. |
António Rodrigues apresentou livro sobre municipalismo em Timor
» 2024-10-09
A vinda de uma comitiva timorense a Portugal para contactos bilaterais com a administração portuguesa foi o pretexto para António Rodrigues apresentar, também em Torres Novas, o seu livro “Que modelo de municipalismo para Timor Leste?” em sessão que decorreu ontem, terça-feira, no auditório municipal. |
Teatro Virgínia de Setembro a Dezembro: Afonso Padilha, Ricardo Ribeiro, Tim e muito mais
» 2024-09-23
A programação do Teatro Virgínia até ao final do ano inclui música, dança, teatro, cinema e stand up comedy. Afonso Padilha, Ricardo Ribeiro, Luana do Bem, Elmano Sancho, Tim, Teatro Nacional de São Carlos, bem como diversos espectáculos no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, integram a agenda de Setembro a Dezembro. |
Bons Sons celebra 50 anos do 25 de Abril
» 2024-08-05
É uma novidade da programação do festival Bons Sons deste ano: o festival vai nesta 12.ª edição celebrar os 50 anos do 25 de Abril com a apresentação do espectáculo "Quis Saber Quem Sou", uma produção artística que, segundo a organização, “se situa entre um concerto e uma peça de teatro e faz uma homenagem às canções da revolução e ao cancioneiro de teor político e de protesto dos séculos XX e XXI”. |
Festas do Almonda com Bárbara Tinoco, Marisa Liz e Sara Correia
» 2024-06-23
As “Festas do Almonda”, que assinalam anualmente a elevação de Torres Novas à condição de cidade, estão de regresso aos jardins da Fontinha (e não ao “jardim das Rosas”, como erradamente se anuncia), entre 28 a 30 de junho e de 4 a 8 julho de 2024. |
