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Os palhaços

Opinião  »  2008-11-27  »  Santana-Maia Leonardo

1. Há uma grande diferença entre respeito e ”respeitinho”. O respeito funda-se na autoridade moral, o respeitinho no autoritarismo. O que se passou na Assembleia Regional da Madeira, com um deputado a chamar «fascista» ao presidente do governo regional, ao mesmo tempo que desfraldava a bandeira do partido nazi, seria impensável suceder no Congresso ou no Senado dos Estados Unidos da América, apesar de este ser o país do mundo onde existe maior liberdade de expressão. Nem o comportamento do deputado do PND que desfraldou a bandeira nazi, nem o comportamento dos sociais-democratas madeirenses que o suspenderam de funções, o impediram de entrar na Assembleia e apresentaram queixa no tribunal.

E para ser franco, choca-me mais a reacção social-democrata do que a actuação do deputado do PND. Na verdade, ao reagirem da forma como o fizeram, os sociais-democratas da Madeira acabaram por justificar e legitimar a atitude do deputado do PND. Com efeito, só uma sociedade totalmente avessa aos mais elementares princípios da democracia e da liberdade pode reagir da forma violenta como os sociais-democratas madeirenses reagiram a uma palhaçada daquelas. Até parece que lhes enfiou a carapuça. Sem esquecer que, como diz o povo, «na terra onde fores viver, faz como vires fazer». E estando nós tão habituados a tiradas semelhantes dos presidentes do governo e assembleia regionais, ninguém compreende por que razão os sociais-democratas da Madeira se sentem agora tão ofendidos e melindrados com uma simples brincadeira de mau gosto.

No Senado e no Congresso dos EUA, isto seria, no entanto, impensável de ocorrer porque os americanos têm o cuidado de eleger congressistas e senadores, em vez de palhaços. Em Portugal, pelo contrário, as nossas assembleias só muito raramente se conseguem distinguir dum circo.

Por outro lado, nos EUA, basta uma simples notícia fundamentada que ponha em causa a honorabilidade do congressista ou do senador para este colocar, de imediato, o lugar à disposição. Em Portugal, a falta de vergonha é tanta que, quanto mais atascado estiver na lama, mais se agarra ao lugar, protegido pelas leis que ele próprio ajudou a aprovar e pelos apaniguados cujos tachos e favores comprou com o dinheiro dos contribuintes. Não se pense, no entanto, que o circo está confinado à Madeira. Aquilo é circo pobre. A quem eu nunca achei qualquer graça é ao palhaço rico, não é ao palhaço pobre. O palhaço rico é aquele que se escandaliza com as palhaçadas do palhaço pobre, mas, depois, é capaz de aprovar leis inconstitucionais ou rejeitar leis, contra a sua consciência, só para não perder votos em eleições regionais ou nacionais.

E sobretudo não acho qualquer graça a quem faz de nós palhaços, como é o caso do nosso primeiro-ministro e do ministro das Finanças que, num dia, chamam de irresponsáveis a quem apresenta determinada proposta e, no outro, aprovam precisamente as propostas que, no dia anterior, classificaram de totalmente irresponsáveis. Mas, como o povo português adora o circo, esta gente tem sempre a eleição garantida.
 

2. No dia 3 de Outubro de 2006, publiquei no meu blogue «REXISTIR» um texto intitulado ”NÃO DESITA, SENHORA MINISTRA (Não faça como eu)” que termina desta forma:

«Com as suas inteligentes medidas, a senhora ministra conseguiu, por um lado, dar uma justificação aos maus professores para continuarem a ser maus e, por outro, desmotivar e desmobilizar completamente os bons professores que agora se arrastam pelas escolas, maldizendo a sua vida e todas as horas que dedicaram à escola. Ninguém consegue ser bom professor se estiver psicologicamente em baixo. E hoje só um imbecil é que consegue manter a auto-estima em alta com esta ministra. Mas um imbecil não é, obviamente, um bom professor.

Eu, pessoalmente, para salvaguarda da minha saúde mental e por respeito a mim mesmo, já pedi licença sem vencimento de longa duração, depois de vinte e cinco anos de ensino e de vinte e cinco anos a escrever (ingloriamente) sobre a educação.

Os meus colegas mais optimistas acreditam que a senhora ministra, apercebendo-se do actual estado da Educação em Portugal, resolveu arranjar uma equipa ministerial, não para reformar o sistema, mas para o fazer ruir de vez. Se for assim, já cá não está quem falou e só me resta pedir-lhe uma coisa: não desista, senhora ministra! Mais um esforçozinho e o edifício vem abaixo!»

http://sol.sapo.pt/blogs/contracorrente

 

 

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