O milagre – a eventual vitória de Kamala Harris nas eleições norte-americanas – esteve longe, muito longe, de acontecer. Os americanos escolheram em consciência e disseram claramente o que queriam. Não votaram enganados ou iludidos; escolheram o pior porque queriam o pior. Votaram em Trump pelos seus vícios e defeitos, que são os vícios e os defeitos dos eleitores. Rejeitaram H... (ler mais...)
Quando se avalia o crescimento da extrema-direita, raramente se dá atenção à dimensão cultural. Esta é rasurada de imediato pois considera-se que quem apoia o populismo radical é, por natureza, inculto, crente em teorias da conspiração e se, por um acaso improvável, consegue distinguir o verdadeiro do falso, é para escolher o falso e escarnecer o verdadeiro. Tudo isso... (ler mais...)
Decorre o Europeu de futebol, hora em que o fervor nacionalista se exalta. O futebol, na sua dimensão industrial, foi colonizado por perspectivas ideológicas que fomentam, na consciência dos adeptos, uma visão do mundo muito específica. Essa visão associa três ideias centrais. Por um lado, a ideia de competição. Por outro a ideia de mérito. Por fim, a ideia de p... (ler mais...)
Hoje desconhecido do grande público, Francisco Teixeira de Queiroz foi um dos grandes escritores portugueses dos finais do século XIX e inícios do século XX. A Imprensa Nacional começou, em 2020, a republicar as obras do escritor nascido em Arcos-de-Valdevez, que chegou a ser deputado e Ministro dos Negócios Estrangeiros na Primeira República. Teixeira de Queiroz inscreve-se na mesma corrente li... (ler mais...)
Assistimos, nos dias de hoje, ao maior desafio que, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, foi colocado à cosmovisão liberal. Esta visão do mundo não diz respeito apenas à economia. Ela é, fundamentalmente, uma perspectiva assente nos direitos individuais e em regimes pluralistas. A ordem liberal é aquela em que a liberdade individual é o fundamento da vida em sociedade. Esta visão... (ler mais...)
Por que razão a França só comemora o 14 de Julho, o início da Revolução Francesa, e não o 27 ou 28 de Julho? O que aconteceu a 27 ou 28 de Julho de tão importante? A 27 de Julho de 1794, Maximilien Robespierre foi preso e a 28, sem julgamento, foi executado. A França libertava-se do regime do Terror, um regime sangrento, onde muitos milhares de franceses (talvez entre 16 mil e 40 m... (ler mais...)
A publicação do livro Identidade e Família – Entre a Consistência da Tradição e os Desafios da Modernidade, apresentado por Passos Coelho, gerou uma inusitada efervescência, o que foi uma vitória para os organizadores desta obra colectiva. As leituras críticas incidiram na ordem política e na ordem dos costumes. Na primeira, o detonador foi a pessoa escolhida para a apre... (ler mais...)
Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. Têm sido adiantadas múltiplas explicações. Por norma, baseadas na su... (ler mais...)
A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. M. Estlund afirma “A ideia de democracia não é naturalmente plausível”. Recentemente, numa antecipação da sua biografia a sair em Outubro, o sena... (ler mais...)
Hoje, domingo, dia em que escrevo, tive não apenas a sensação, mas a certeza de que este mundo já não é o meu. Esse a que chamei meu acabou. Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás. Penso agora nisso e não consigo perceber como e quando o meu mundo morreu, e um outro, ao qual não pertenço, nasceu, pr... (ler mais...)
Pede-se que as campanhas eleitorais sejam esclarecedoras, o que pressupõe a existência de um público a ser esclarecido. Esta ideia de esclarecimento está ligada à ideia de verdade. Esclarecer significa permitir aos eleitores o acesso à verdade. Se as campanhas eleitorais visassem o esclarecimento e, através dele, o acesso à verdade, então elas tornar-se-iam numa espécie de en... (ler mais...)
Cerca de 50% dos americanos entre os 18 e os 45 anos não acham que a democracia seja a melhor forma de governo. Metade das novas gerações está disponível para viver sob um regime autoritário. Isto nos Estados Unidos, uma das democracias mais antigas e consolidadas do planeta, uma nação intrinsecamente democrática, onde um complexo jogo de checks and balances tem por funç&ati... (ler mais...)
Começámos 2023, com uma guerra no nosso espaço geopolítico, mas com uma tomada de consciência de muitos países da União Europeia de que as melindrosas questões de defesa devem ser levadas muito a sério. Nessa hora, os EUA estavam firmemente empenhados no apoio à Ucrânia. Internamente, tínhamos um governo com maioria absoluta e um Presidente da Rep&... (ler mais...)
Gostaria de falar neste artigo do acontecimento que, na semana passada, arrastou a queda do governo. Confesso, todavia, que ainda não percebi o que se passou. Deixo isso de lado e volto-me para uma revista. Tem o nome de Crítica XXI e é dirigida por Rui Ramos e Jaime Nogueira Pinto, dois influentes intelectuais da direita portuguesa. O interessante da revista, de que sou assinante, é ela ser uma revista cultural e i... (ler mais...)
Em entrevista ao Público, na semana passada, o realizador Woody Allen diz, a certa altura, “O que me aconteceu não foi por eu ser bom ou por ter qualidade, por vezes foi porque tive sorte. Quando comecei, ninguém queria que eu realizasse (cinema)”. Noutro passo, acrescenta: “Acho que o acaso desempenha um papel extremamente importante na nossa vida, muito maior do que as pessoas gostam de pensar”, e... (ler mais...)
O caso de um seleccionador de futebol que beija na boca uma jogadora. O caso de uma jornalista de televisão que é apalpada durante um directo. O caso de um Presidente da República que comenta a indumentária pouco resistente ao frio de uma mulher. Estes casos geraram um enorme rebuliço por tudo o que é sítio, e, como se sabe, actualmente, sítios e lugares são nas redes sociais. O ma... (ler mais...)
Com excepção de um núcleo jacobino e da liderança estarola da extrema-direita, a aceitação da visita do Papa Francisco, e do que veio dizer, foi muito ampla. Será o actual Papa um taumaturgo capaz de operar milagres e de fazer coincidir gente que, por norma, tem as mais contrárias opiniões? O carisma de Giorgio Bergoglio ajuda bastante. Papas anteriores, de perfil mais conservador,... (ler mais...)
Não estou certo de que as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), realizadas em Portugal, tenham sido uma afirmação da Igreja portuguesa. Estou convicto, porém, de que foram um poderoso revelador da existência, no país, de uma corrente radical jacobina fortemente aguerrida, apesar de claramente minoritária. Manifestou-se em coisas estapafúrdias, como a decapitação da está... (ler mais...)
Os acontecimentos em França são mais um sinal de que a democracia liberal corre graves riscos na Europa. O que se tem passado será capitalizado pela extrema-direita. Por toda a Europa, mas não só, surgem nuvens negras que ameaçam as democracias. Em 1992, Francis Fukuyama publica The End of History and the Last Man. O fim da história não se refere ao fim dos conflitos políticos e da... (ler mais...)
No Público online de 28 de Maio, há uma entrevista interessante a Mohan Mohan, antigo gestor da Procter & Gamble, uma multinacional detentora de inúmeros marcas bem conhecidas dos consumidores portugueses. A entrevista tem um curioso título: Se os gestores fossem movidos por valores, não teríamos a crise que enfrentamos hoje. O título é interessante porque reconhece explicitamente que... (ler mais...)
» 2024-11-14
» Maria Augusta Torcato
É um banco, talvez, feliz! - maria augusta torcato |
» 2024-11-14
» Jorge Carreira Maia
Mérito e inveja - jorge carreira maia |