O futebol e o radicalismo de direita - jorge carreira maia
Decorre o Europeu de futebol, hora em que o fervor nacionalista se exalta. O futebol, na sua dimensão industrial, foi colonizado por perspectivas ideológicas que fomentam, na consciência dos adeptos, uma visão do mundo muito específica. Essa visão associa três ideias centrais. Por um lado, a ideia de competição. Por outro a ideia de mérito. Por fim, a ideia de pertença à tribo e à nação. Quem defende valores racionais na convivência humana e regimes políticos demo-liberais está espantado e preocupado pela emergência da extrema-direita e da direita radical. Não se interroga, porém, como o desporto de alta competição, no caso da Europa e de parte do mundo, o futebol, foi fundamental para difundir um conjunto de crenças que facilitaram a adesão a essas visões ideológicas. Embora, há décadas, nos campos de futebol, existam sinais claros disso.
A indústria do futebol propaga uma visão da vida que se alinha com o neoliberalismo e o tribalismo nacional. Dois dos elementos centrais dessa indústria são a competição, como se se estivesse num mercado, e o mérito. Só os melhores têm lugar nos sítios onde se é muito bem pago. A relação entre essa visão do futebol de alta competição e as nossas sociedades é tão clara que não vale a pena explicá-la. Um terceiro elemento da indústria do futebol é a emoção do adepto. Não a emoção estética de um grande golo ou de uma bela jogada, mas o orgulho de derrotar os adversários, de os humilhar, de mostrar que somos ontologicamente superiores, super-homens, enquanto os outros são sub-humanos. Isto manifesta-se no clubismo e, ao nível de selecções, no nacionalismo. O nacionalismo, durante muito tempo na Europa, apenas subsistiu no futebol, onde era cultuado ao extremo.
Apesar de parte da extrema-direita actual se apresentar com programas economicamente antiliberais, outra parte combina o radicalismo libertário na economia com o tribalismo nacionalista. Contudo, mesmo essas direitas que, aparentemente, querem limitar a concorrência do mercado, apenas o fazem em nome da concorrência entre tribos, entre nós e os outros. A progressão dessas direitas extremadas e radicais encontrou, nas consciências das pessoas, uma visão do mundo, formatada, durante décadas, pela indústria do futebol. Parte da população tinha a consciência disponível para acolher aquele tipo de ideologia. Não é um acaso que a liderança portuguesa desses sectores ideológicos tenha vindo do exaltado comentário futebolístico. O futebol é um belo jogo, mas a indústria do futebol, onde pertencem os campeonatos de selecções, não é ideologicamente neutra e, muito menos, pura. Bons jogos.
O futebol e o radicalismo de direita - jorge carreira maia
Decorre o Europeu de futebol, hora em que o fervor nacionalista se exalta. O futebol, na sua dimensão industrial, foi colonizado por perspectivas ideológicas que fomentam, na consciência dos adeptos, uma visão do mundo muito específica. Essa visão associa três ideias centrais. Por um lado, a ideia de competição. Por outro a ideia de mérito. Por fim, a ideia de pertença à tribo e à nação. Quem defende valores racionais na convivência humana e regimes políticos demo-liberais está espantado e preocupado pela emergência da extrema-direita e da direita radical. Não se interroga, porém, como o desporto de alta competição, no caso da Europa e de parte do mundo, o futebol, foi fundamental para difundir um conjunto de crenças que facilitaram a adesão a essas visões ideológicas. Embora, há décadas, nos campos de futebol, existam sinais claros disso.
A indústria do futebol propaga uma visão da vida que se alinha com o neoliberalismo e o tribalismo nacional. Dois dos elementos centrais dessa indústria são a competição, como se se estivesse num mercado, e o mérito. Só os melhores têm lugar nos sítios onde se é muito bem pago. A relação entre essa visão do futebol de alta competição e as nossas sociedades é tão clara que não vale a pena explicá-la. Um terceiro elemento da indústria do futebol é a emoção do adepto. Não a emoção estética de um grande golo ou de uma bela jogada, mas o orgulho de derrotar os adversários, de os humilhar, de mostrar que somos ontologicamente superiores, super-homens, enquanto os outros são sub-humanos. Isto manifesta-se no clubismo e, ao nível de selecções, no nacionalismo. O nacionalismo, durante muito tempo na Europa, apenas subsistiu no futebol, onde era cultuado ao extremo.
Apesar de parte da extrema-direita actual se apresentar com programas economicamente antiliberais, outra parte combina o radicalismo libertário na economia com o tribalismo nacionalista. Contudo, mesmo essas direitas que, aparentemente, querem limitar a concorrência do mercado, apenas o fazem em nome da concorrência entre tribos, entre nós e os outros. A progressão dessas direitas extremadas e radicais encontrou, nas consciências das pessoas, uma visão do mundo, formatada, durante décadas, pela indústria do futebol. Parte da população tinha a consciência disponível para acolher aquele tipo de ideologia. Não é um acaso que a liderança portuguesa desses sectores ideológicos tenha vindo do exaltado comentário futebolístico. O futebol é um belo jogo, mas a indústria do futebol, onde pertencem os campeonatos de selecções, não é ideologicamente neutra e, muito menos, pura. Bons jogos.
![]() Nos últimos dias do ano veio a revelação da descoberta de mais um trilho de pegadas de dinossauros na Serra de Aire. Neste canto do mundo, outras vidas que aqui andaram, foram deixando involuntariamente o seu rasto e na viagem dos tempos chegaram-se a nós e o passado encontra-se com o presente. |
![]() É um banco, talvez, feliz! Era uma vez um banco. Não. É um banco e um banco, talvez, feliz! E não. Não é um banco dos que nos desassossegam pelo que nos custam e cobram, mas dos que nos permitem sossegar, descansar. |
![]() O milagre – a eventual vitória de Kamala Harris nas eleições norte-americanas – esteve longe, muito longe, de acontecer. Os americanos escolheram em consciência e disseram claramente o que queriam. Não votaram enganados ou iludidos; escolheram o pior porque queriam o pior. |
![]() |
![]() Dir-se-ia que três décadas passaram num ápice. No entanto, foram cerca de 11 mil dias iguais a outros 11 mil dias dos que passaram e dos que hão-de vir. Temos, felizmente, uma concepção e uma percepção emocional da história, como se o corpo vivo da sociedade tivesse os mesmos humores da biologia humana. |
![]() Quando se pergunta a alguém, que nunca teve os holofotes apontados para si, se quer ser entrevistado para um jornal local ou regional, ele diz logo “Entrevistado? Mas não tenho nada para dizer!”. Essa é a resposta que surge mais vezes de gente que nunca teve possibilidade de dar a sua opinião ou de contar um episódio da sua vida, só porque acha que isso não é importante, Toda a gente está inundada pelos canhenhos oficiais do que é importante para a nossa vida e depois dessa verdadeira lavagem ao cérebro é mais que óbvio que o que dizem que é importante está lá por cima a cagar sentenças por tudo e por nada. |
![]() Para lembrar o 30.º aniversário do renascimento do “Jornal Torrejano”, terei de começar, obrigatoriamente, lembrando aqui e homenageando com a devida humildade, o Joaquim da Silva Lopes, infelizmente já falecido. |
![]() Uma existência de trinta anos é um certificado de responsabilidade. Um jornal adulto. Com tarimba, memória, provas dadas. Nasceu como uma urgência local duma informação séria, transparente, num concelho em que a informação era controlada pelo conservadorismo católico e o centrismo municipal subsidiado da Rádio Local. |
![]() Os gloriosos trinta, a expressão original onde me fui inspirar, tem pouco que ver com longevidade e muito com mudança, desenvolvimento, crescimento, progresso. Refere-se às três décadas pós segunda guerra mundial, em que a Europa galopou para se reconstruir, em mais dimensões que meramente a literal. |
![]() Nos cerca de 900 anos de história, se dermos como assente que se esta se terá iniciado com as aventuras de D. Afonso Henriques nesta aba da Serra de Aire, os 30 anos de vida do “Jornal Torrejano”, são um tempo muito breve. |