O ano de todos os perigos
Opinião » 2023-12-18 » Jorge Carreira Maia" Vamos sair de 2023 num cenário péssimo, mas o que se prefigura para 2024 é pior"
Começámos 2023, com uma guerra no nosso espaço geopolítico, mas com uma tomada de consciência de muitos países da União Europeia de que as melindrosas questões de defesa devem ser levadas muito a sério. Nessa hora, os EUA estavam firmemente empenhados no apoio à Ucrânia. Internamente, tínhamos um governo com maioria absoluta e um Presidente da República com apoio popular. Vamos chegar a 2024, com duas guerras no nosso espaço geopolítico. As divisões na União Europeia no apoio à Ucrânia estão a enfraquecer tanto a Ucrânia como a própria União Europeia. Também os EUA estão manietados, pelas suas instituições, no apoio à Ucrânia. Em Portugal, a Assembleia da República foi dissolvida e o Presidente está sob fogo justicialista.
Vamos sair de 2023 num cenário péssimo, mas o que se prefigura para 2024 é pior. A nível interno, as novas eleições têm grande possibilidade de trazer instabilidade política, com um governo centrado no PSD, mas submetido aos delíquios da Iniciativa Liberal e à berraria justicialista do Chega. Será muito difícil que uma geringonça de direita seja tão inócua para o regime como foi a de esquerda. A haver uma geringonça de direita, dificilmente a postura equilibrada do PSD, resultante de um jogo entre a sua tradição liberal-conservadora e a sua pretensão social-democrata, o que seria uma boa resposta para a actual situação, terá qualquer possibilidade de ser mantida. Tanto a IL como o Chega são partidos maximalistas, que querem subverter o regime, embora com perspectivas diferentes. Caso mantenham as posturas ideológicas actuais, serão fonte de grande instabilidade ou acabarão por subjugar o PSD aos seus devaneios ideológicos.
O pior, todavia, pode nem chegar de Portugal. Não é impossível que a situação do Médio Oriente se deteriore e o conflito, ainda contido em Gaza, possa alastrar de forma consistente para outras zonas. No entanto, será dos EUA que poderão vir as piores notícias, com a eleição de Donald Trump. Nesse momento, não apenas a Ucrânia terá poucas hipóteses de vencer a guerra, como corre o risco de desaparecer como país independente. A Aliança Atlântica poderá entrar em colapso e a Europa ficará completamente desprotegida e sem capacidade de enfrentar os perigos a que a exporá a desarticulação da NATO. A isto deve somar-se o fim da crença de que as guerras para conquista territorial eram coisa do passado ou de países atrasados. Não será inverosímil ver eclodir conflitos que, em contradição com o direito internacional, tenham por objectivo conquistar território e submeter povos ao jugo de outros. 2024 é o ano de todos os perigos.
O ano de todos os perigos
Opinião » 2023-12-18 » Jorge Carreira MaiaVamos sair de 2023 num cenário péssimo, mas o que se prefigura para 2024 é pior
Começámos 2023, com uma guerra no nosso espaço geopolítico, mas com uma tomada de consciência de muitos países da União Europeia de que as melindrosas questões de defesa devem ser levadas muito a sério. Nessa hora, os EUA estavam firmemente empenhados no apoio à Ucrânia. Internamente, tínhamos um governo com maioria absoluta e um Presidente da República com apoio popular. Vamos chegar a 2024, com duas guerras no nosso espaço geopolítico. As divisões na União Europeia no apoio à Ucrânia estão a enfraquecer tanto a Ucrânia como a própria União Europeia. Também os EUA estão manietados, pelas suas instituições, no apoio à Ucrânia. Em Portugal, a Assembleia da República foi dissolvida e o Presidente está sob fogo justicialista.
Vamos sair de 2023 num cenário péssimo, mas o que se prefigura para 2024 é pior. A nível interno, as novas eleições têm grande possibilidade de trazer instabilidade política, com um governo centrado no PSD, mas submetido aos delíquios da Iniciativa Liberal e à berraria justicialista do Chega. Será muito difícil que uma geringonça de direita seja tão inócua para o regime como foi a de esquerda. A haver uma geringonça de direita, dificilmente a postura equilibrada do PSD, resultante de um jogo entre a sua tradição liberal-conservadora e a sua pretensão social-democrata, o que seria uma boa resposta para a actual situação, terá qualquer possibilidade de ser mantida. Tanto a IL como o Chega são partidos maximalistas, que querem subverter o regime, embora com perspectivas diferentes. Caso mantenham as posturas ideológicas actuais, serão fonte de grande instabilidade ou acabarão por subjugar o PSD aos seus devaneios ideológicos.
O pior, todavia, pode nem chegar de Portugal. Não é impossível que a situação do Médio Oriente se deteriore e o conflito, ainda contido em Gaza, possa alastrar de forma consistente para outras zonas. No entanto, será dos EUA que poderão vir as piores notícias, com a eleição de Donald Trump. Nesse momento, não apenas a Ucrânia terá poucas hipóteses de vencer a guerra, como corre o risco de desaparecer como país independente. A Aliança Atlântica poderá entrar em colapso e a Europa ficará completamente desprotegida e sem capacidade de enfrentar os perigos a que a exporá a desarticulação da NATO. A isto deve somar-se o fim da crença de que as guerras para conquista territorial eram coisa do passado ou de países atrasados. Não será inverosímil ver eclodir conflitos que, em contradição com o direito internacional, tenham por objectivo conquistar território e submeter povos ao jugo de outros. 2024 é o ano de todos os perigos.
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O miúdo vai à frente » 2024-04-25 » Hélder Dias |
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Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
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