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Destruir o outro

Opinião  »  2015-10-18  »  Jorge Carreira Maia

"Parece haver por toda a parte uma necessidade de destruir o outro. Destruir as suas ideias políticas, a sua visão moral do mundo, as suas crenças religiosas."

O clima pós-eleitoral em Portugal, com o grau inusitado de intolerância que tem vindo à luz do dia, é apenas o sintoma de uma doença que alastra por todo o planeta. De há uns anos para cá, tem sido clara a ascendência de ideias e práticas que, em vez de buscarem compromissos, são pautadas pelo desejo cego de aniquilar moral ou fisicamente o outro. A queda do Muro de Berlim, que pôs fim a um período de intolerância controlada, não deu lugar a uma situação mais tolerante e menos perigosa. Alguns exemplos bastam para percebermos que aquilo que agora se manifesta em Portugal, suscitado por resultados eleitorais equívocos, é apenas o reflexo de uma doença que corrói as entranhas da humanidade.

O exemplo mais flagrante é o do fanatismo religioso proveniente do Islão. Não é o único fanatismo religioso, mas é aquele que mais vítimas faz e que tem um programa claro de amedrontamento e de liquidação do outro. O regime chinês também não se caracteriza pela brandura com que trata os opositores. Muitos regimes africanos seguem, de forma mais irracional, o padrão chinês. Na América Latina, do Brasil à Venezuela, a intolerância política cresce todos os dias. Nos EUA, onde havia uma longa tradição de compromisso entre republicanos e democratas, há muito que se vive em grande tensão, com os republicanos a liquidarem, sempre que podem, as iniciativas dos democratas. A própria União Europeia, através de um conjunto de tratados e de organismos não democraticamente validados, aniquilou a possibilidade de alternativas políticas, o que, apesar da aparente brandura, não passa de uma forma refinada de intolerância política, que por vezes se manifesta com extrema brutalidade como no caso da Grécia.

Parece haver por toda a parte uma necessidade de destruir o outro. Destruir as suas ideias políticas, a sua visão moral do mundo, as suas crenças religiosas. Estão-se a formar grandes conglomerados unidimensionais que lutam por impor, num mundo globalizado, a sua visão do mundo, como se o pensar e o viver de outra forma fosse uma afronta impossível de suportar. Não é que não existam contra-exemplos, como o do actual Papa, de muitas outras figuras religiosas, políticas, do campo da cultura, etc., mas a energia da intolerância parece crescer todos os dias, alimentada por um desejo de triunfo e esmagamento que parece ser infinito. A continuarmos assim, o prognóstico não é lá muito animador. E não faço ideia como será possível, não digo sequer acabar com este desejo de aniquilação do outro, mas reverter a situação, tornar as posições de tolerância mais dinâmicas e as de intolerância menos enérgicas. E temo que ninguém saiba como domar o touro da intolerância.

http://kyrieeleison-jcm.blogspot.pt/

 

 

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