O Boquilobo golf: outra vez?
Opinião » 2008-07-10 » José Mota Pereira
Muito poucos em Torres Novas se opuseram a esta tonteria. Uma tonteria que daria cabo da qualidade de vida dos torrejanos: uma explosão demográfica, as exigências de infra-estruturas que um projecto desses obriga, o sobredimensionamento da área residencial, a criação de um campo de golf com os impactes ambientais junto à Reserva Natural do Paul do Boquilobo, o isolamento a que conduziria as aldeias de Brogueira e Boquilobo (ao contrário do que se prometia às populações), a destruição de equilíbrios humanos e sociais na região… Tantas razões, tanta…, mas muito poucos não se entusiasmaram com a ideia.
Entretanto, passadas as eleições (e o resultado previsto) a obra ficou em águas de bacalhau.
Chegámos a 2008, falta um ano para as eleições. E a tonteria voltou.
Parece que agora a área residencial se limitará a cerca de metade do projecto inicial para suecos, noruegueses e afins. E jubila-se, louva-se aos ceús, porque provavelmente assim, passará os devidos testes de impacto ambiental. Esquecendo-se, quem assim procede, completamente dos impactos sociais!
Sejamos claros: ninguém que venha do norte da Europa vai gastar um cêntimo que seja no Boquilobo, na Brogueira ou em Torres Novas! Sejamos claros: o projecto não dinamizará nem dará vida nem dará emprego ao Boquilobo!
Mais: por via das estradas novas que serão construídas e que ligarão directamente ao Boquilobo golf, a aldeia do Boquilobo vai ficar ainda mais desertificada e isolada.
Que as pessoas não se iludam: não vale a pena andarmos a armarmos ao pingarelho – os suecos não vão querer saber de nós para nada! Como nunca quiseram. Os senhores Ericksons vão conviver calmamente com os senhores Nokias.
Ainda por cima este Boquilobo golf destruirá todas as potencialidades que o Boquilobo tem para ser um produto turístico altamente atractivo com retorno para os próprios habitantes.
Lembremos: a aldeia do Boquilobo terá cerca de 30 a 50 casas, não mais que isso. Mas tem um ”core competence” (desculpem o marketês) de turismo único no distrit
- Os três restaurantes dedicados à enguia e à fataça.
- A reserva natural do Paul do Boquilobo a dois pequenos passos
- A casa memorial Humberto Delgado.
- O espaço da destilaria da Brogueira que tem sido aproveitada esporadicamente apenas pelo grupo de teatro Fatias de Cá que mesmo assim ali tem produzido algumas das suas mais mediáticas peças.
- A quinta de Caniços, muito perto, onde se produzem alguns dos melhores vinhos de marca Ribatejo.
O desenvolvimento e a dinamização destes pequenos pólos de forma integradora, apostando na reabilitação urbana e na reabilitação viária, podem fazer do lugar do Boquilobo um lugar de características próprias que se pode transformar num produto turístico relevante. E que ainda por cima produziriam riqueza e valor que seriam reinvestidos por aqui.
Ora nada disto poderá ser feito se o Boquilobo golf seguir adiante. As características do turismo que o Boquilobo golf atrairá são incompatíveis com este turismo alternativo – mas único, irrepetível e com uma maior margem de crescimento. O Boquilobo golf aposta no Tursmo massificado para reformados nórdicos. O Boquilobo – aldeia/ região , tem em alternativa potencial para atrair um projecto de turismo original e de futuro e com futur Um projecto que conjuga os planos ambiental, gastronómico e histórico e cultural. Um projecto economicamente viável, de baixos custos e altos rendimentos. Um projecto que não inventa, antes valoriza o que já há e já lá está!
Não se está aqui a defender que o Boquilobo, com todo o seu potencial fique assim. Parado, imóvel e estagnado. Esperando a morte e sem futuro. Não se deseja ao Boquilobo o mesmo fim do prometido Shiva-Som da Quinta do Marquês. É importante olhar para o Boquilobo, para a freguesia da Brogueira, olhar para os lugares vizinhos de Riachos e da freguesia de santa Maria. É importante olhar e perceber que ali está muito potencial.É preciso que as mentes não se inebriem com projectos que reflectem uma visão do turismo adequada aos anos 60 do século XX, esquecendo que estamos a virar a primeira década do século XXI. Objectivamente: golfe e residências para velhinhos nórdicos é uma imagem assustadora que nos remete para um nacional parolismo ultrapassado.
O Boquilobo golf, sendo negativo pelas suas próprias características ambientais e sociais, acaba por ser igualmente danoso para a freguesia da Brogueira porque impede o desenvolvimento de uma linha turística voltada para o futuro, ambientalmente sustentável e de valor acrescentado para a região.
Fica o espavento... o pacovismo e o pato-bravismo.
O futuro pode esperar. Mais uma vez.
O Boquilobo golf: outra vez?
Opinião » 2008-07-10 » José Mota PereiraMuito poucos em Torres Novas se opuseram a esta tonteria. Uma tonteria que daria cabo da qualidade de vida dos torrejanos: uma explosão demográfica, as exigências de infra-estruturas que um projecto desses obriga, o sobredimensionamento da área residencial, a criação de um campo de golf com os impactes ambientais junto à Reserva Natural do Paul do Boquilobo, o isolamento a que conduziria as aldeias de Brogueira e Boquilobo (ao contrário do que se prometia às populações), a destruição de equilíbrios humanos e sociais na região… Tantas razões, tanta…, mas muito poucos não se entusiasmaram com a ideia.
Entretanto, passadas as eleições (e o resultado previsto) a obra ficou em águas de bacalhau.
Chegámos a 2008, falta um ano para as eleições. E a tonteria voltou.
Parece que agora a área residencial se limitará a cerca de metade do projecto inicial para suecos, noruegueses e afins. E jubila-se, louva-se aos ceús, porque provavelmente assim, passará os devidos testes de impacto ambiental. Esquecendo-se, quem assim procede, completamente dos impactos sociais!
Sejamos claros: ninguém que venha do norte da Europa vai gastar um cêntimo que seja no Boquilobo, na Brogueira ou em Torres Novas! Sejamos claros: o projecto não dinamizará nem dará vida nem dará emprego ao Boquilobo!
Mais: por via das estradas novas que serão construídas e que ligarão directamente ao Boquilobo golf, a aldeia do Boquilobo vai ficar ainda mais desertificada e isolada.
Que as pessoas não se iludam: não vale a pena andarmos a armarmos ao pingarelho – os suecos não vão querer saber de nós para nada! Como nunca quiseram. Os senhores Ericksons vão conviver calmamente com os senhores Nokias.
Ainda por cima este Boquilobo golf destruirá todas as potencialidades que o Boquilobo tem para ser um produto turístico altamente atractivo com retorno para os próprios habitantes.
Lembremos: a aldeia do Boquilobo terá cerca de 30 a 50 casas, não mais que isso. Mas tem um ”core competence” (desculpem o marketês) de turismo único no distrit
- Os três restaurantes dedicados à enguia e à fataça.
- A reserva natural do Paul do Boquilobo a dois pequenos passos
- A casa memorial Humberto Delgado.
- O espaço da destilaria da Brogueira que tem sido aproveitada esporadicamente apenas pelo grupo de teatro Fatias de Cá que mesmo assim ali tem produzido algumas das suas mais mediáticas peças.
- A quinta de Caniços, muito perto, onde se produzem alguns dos melhores vinhos de marca Ribatejo.
O desenvolvimento e a dinamização destes pequenos pólos de forma integradora, apostando na reabilitação urbana e na reabilitação viária, podem fazer do lugar do Boquilobo um lugar de características próprias que se pode transformar num produto turístico relevante. E que ainda por cima produziriam riqueza e valor que seriam reinvestidos por aqui.
Ora nada disto poderá ser feito se o Boquilobo golf seguir adiante. As características do turismo que o Boquilobo golf atrairá são incompatíveis com este turismo alternativo – mas único, irrepetível e com uma maior margem de crescimento. O Boquilobo golf aposta no Tursmo massificado para reformados nórdicos. O Boquilobo – aldeia/ região , tem em alternativa potencial para atrair um projecto de turismo original e de futuro e com futur Um projecto que conjuga os planos ambiental, gastronómico e histórico e cultural. Um projecto economicamente viável, de baixos custos e altos rendimentos. Um projecto que não inventa, antes valoriza o que já há e já lá está!
Não se está aqui a defender que o Boquilobo, com todo o seu potencial fique assim. Parado, imóvel e estagnado. Esperando a morte e sem futuro. Não se deseja ao Boquilobo o mesmo fim do prometido Shiva-Som da Quinta do Marquês. É importante olhar para o Boquilobo, para a freguesia da Brogueira, olhar para os lugares vizinhos de Riachos e da freguesia de santa Maria. É importante olhar e perceber que ali está muito potencial.É preciso que as mentes não se inebriem com projectos que reflectem uma visão do turismo adequada aos anos 60 do século XX, esquecendo que estamos a virar a primeira década do século XXI. Objectivamente: golfe e residências para velhinhos nórdicos é uma imagem assustadora que nos remete para um nacional parolismo ultrapassado.
O Boquilobo golf, sendo negativo pelas suas próprias características ambientais e sociais, acaba por ser igualmente danoso para a freguesia da Brogueira porque impede o desenvolvimento de uma linha turística voltada para o futuro, ambientalmente sustentável e de valor acrescentado para a região.
Fica o espavento... o pacovismo e o pato-bravismo.
O futuro pode esperar. Mais uma vez.
Insana Casa… » 2024-05-06 » Hélder Dias |
25 de Abril e 25 de Novembro - jorge carreira maia » 2024-05-05 » Jorge Carreira Maia Por que razão a França só comemora o 14 de Julho, o início da Revolução Francesa, e não o 27 ou 28 de Julho? O que aconteceu a 27 ou 28 de Julho de tão importante? A 27 de Julho de 1794, Maximilien Robespierre foi preso e a 28, sem julgamento, foi executado. |
O miúdo vai à frente » 2024-04-25 » Hélder Dias |
Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia » 2024-04-24 » Jorge Carreira Maia A publicação do livro Identidade e Família – Entre a Consistência da Tradição e os Desafios da Modernidade, apresentado por Passos Coelho, gerou uma inusitada efervescência, o que foi uma vitória para os organizadores desta obra colectiva. |
Caminho de Abril - maria augusta torcato » 2024-04-22 » Maria Augusta Torcato Olho para o meu caminho e fico contente. Acho mesmo que fiz o caminho de Abril. O caminho que Abril representa. No entanto, a realidade atual e os desafios diários levam-me a desejar muito que este caminho não seja esquecido, não por querer que ele se repita, mas para não nos darmos conta, quase sem tempo de manteiga nos dentes, que estamos, outra vez, lá muito atrás e há que fazer de novo o caminho com tudo o que isso implica e que hoje seria incompreensível e inaceitável. |
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
» 2024-04-25
» Hélder Dias
O miúdo vai à frente |
» 2024-04-22
» Maria Augusta Torcato
Caminho de Abril - maria augusta torcato |
» 2024-04-24
» Jorge Carreira Maia
Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia |
» 2024-05-06
» Hélder Dias
Insana Casa… |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia |