A hidra
Opinião » 2009-12-18 » Santana-Maia Leonardo
E, como está à vista de todos, o poder autárquico é um terreno fértil à propagação da doença. A corrupção é, sem qualquer dúvida, o imposto mais caro que os portugueses pagam. E hoje as autarquias locais são as principais fontes de corrupção, sendo o urbanismo uma área de enriquecimento ilícito incontrolável.
Como dizia Schilling, «a política serve para ajudar os amigos, prejudicar os inimigos e aplicar as leis aos que nos são indiferentes». E é no cumprimento desta velha máxima, que o dinheiro público é utilizado para silenciar consciências, eliminar adversários e colocar homens de mão à frente das diferentes associações, órgãos de comunicação e instituições. Ou seja, a torneira autárquica e governamental abre ou fecha, consoante se seja amigo ou inimigo. Mas o que é mais revoltante e aviltante em todo este processo é a forma humilhante, sabuja e conformada como a maioria das pessoas aceita vergar-se ao peso dos poderosos (ou seja, os detentores do poder) para comer as migalhas que vão caindo do prato (o empregozito, o licenciamento da obra, o muro, o subsídio, etc.).
É certo que o voto é secreto. Mas ninguém consegue ser vertical no momento de votar quando chega à cabine de voto com uma tão grande curvatura nas costas. Quem vive de cócoras é incapaz de votar direito.
2. Os discípulos do Zé da Cachoeira
O que distingue Abrantes das outras terras não é haver articulistas de latrina e blogues anónimos que se comprazem unicamente a dizer mal de toda a gente, nem tão pouco haver gente anónima que os lê. O que me surpreende em Abrantes é constatar que esses articulistas de latrina e esses blogues anónimos têm audiência nas auto-intituladas elites bem pensantes cá do burgo que se condicionam, motivam e formam a sua opinião a partir deles. Na verdade, fico estupefacto quando leio ou ouço certas pessoas darem por adquirido ou discutirem coisas que leram nesses locais de culto da má-língua, para mais quando as ouço ficarem indignadas com as mentiras que aí se escrevem quando são elas as visadas… Ou seja, quando são elas as visadas, indignam-se com as mentiras e as calúnias; quando são os outros, dão os factos por adquiridos, comentam-nos e divulgam-nos.
3. A formação desportiva
Numa das últimas reuniões da Câmara de Abrantes, votei favoravelmente o regulamento de apoio às associações desportivas, porque tenho a perfeita consciência de que estes apoios são essenciais para a sobrevivência destas associações. No entanto, não posso deixar de registar, mais uma vez, o meu desencanto por constatar que a Câmara continua a olhar para a formação desportiva apenas do ponto de vista competitivo.
Para mim, só faz sentido apoiar a formação desportiva, se se colocar a tónica, obviamente, mais na formação do atleta como homem do que na formação do homem como atleta. Era, neste campo, precisamente, que as nossas colectividades se deviam empenhar e procurar a sua verdadeira vocação porque, mais importante do que ganhar campeonatos distritais e da terceira divisão, é formar homens e mulheres com letra grande. E, aqui sim, todo o dinheiro é bem gasto. Não há melhor investimento, nem investimento mais reprodutivo, do que nas infra-estruturas humanas.
Por isso, defendo que as Câmaras deveriam, por um lado, aumentar os apoios dos clubes que tivessem a segunda equipa da mesma categoria nos escalões de formação (por forma a incentivar os clubes a servir todos os jovens que querem praticar desporto e não apenas a seleccionar os melhores) e, por outro, penalizar as colectividades cujos dirigentes, treinadores, pais e jogadores demonstrassem má conduta desportiva (dando, assim, um sinal inequívoco de que a ética desportiva era um valor essencial para o município). Se queremos uma sociedade de valores, este é o único caminho.
http://sol.sapo.pt/blogs/contracorrente
A hidra
Opinião » 2009-12-18 » Santana-Maia LeonardoE, como está à vista de todos, o poder autárquico é um terreno fértil à propagação da doença. A corrupção é, sem qualquer dúvida, o imposto mais caro que os portugueses pagam. E hoje as autarquias locais são as principais fontes de corrupção, sendo o urbanismo uma área de enriquecimento ilícito incontrolável.
Como dizia Schilling, «a política serve para ajudar os amigos, prejudicar os inimigos e aplicar as leis aos que nos são indiferentes». E é no cumprimento desta velha máxima, que o dinheiro público é utilizado para silenciar consciências, eliminar adversários e colocar homens de mão à frente das diferentes associações, órgãos de comunicação e instituições. Ou seja, a torneira autárquica e governamental abre ou fecha, consoante se seja amigo ou inimigo. Mas o que é mais revoltante e aviltante em todo este processo é a forma humilhante, sabuja e conformada como a maioria das pessoas aceita vergar-se ao peso dos poderosos (ou seja, os detentores do poder) para comer as migalhas que vão caindo do prato (o empregozito, o licenciamento da obra, o muro, o subsídio, etc.).
É certo que o voto é secreto. Mas ninguém consegue ser vertical no momento de votar quando chega à cabine de voto com uma tão grande curvatura nas costas. Quem vive de cócoras é incapaz de votar direito.
2. Os discípulos do Zé da Cachoeira
O que distingue Abrantes das outras terras não é haver articulistas de latrina e blogues anónimos que se comprazem unicamente a dizer mal de toda a gente, nem tão pouco haver gente anónima que os lê. O que me surpreende em Abrantes é constatar que esses articulistas de latrina e esses blogues anónimos têm audiência nas auto-intituladas elites bem pensantes cá do burgo que se condicionam, motivam e formam a sua opinião a partir deles. Na verdade, fico estupefacto quando leio ou ouço certas pessoas darem por adquirido ou discutirem coisas que leram nesses locais de culto da má-língua, para mais quando as ouço ficarem indignadas com as mentiras que aí se escrevem quando são elas as visadas… Ou seja, quando são elas as visadas, indignam-se com as mentiras e as calúnias; quando são os outros, dão os factos por adquiridos, comentam-nos e divulgam-nos.
3. A formação desportiva
Numa das últimas reuniões da Câmara de Abrantes, votei favoravelmente o regulamento de apoio às associações desportivas, porque tenho a perfeita consciência de que estes apoios são essenciais para a sobrevivência destas associações. No entanto, não posso deixar de registar, mais uma vez, o meu desencanto por constatar que a Câmara continua a olhar para a formação desportiva apenas do ponto de vista competitivo.
Para mim, só faz sentido apoiar a formação desportiva, se se colocar a tónica, obviamente, mais na formação do atleta como homem do que na formação do homem como atleta. Era, neste campo, precisamente, que as nossas colectividades se deviam empenhar e procurar a sua verdadeira vocação porque, mais importante do que ganhar campeonatos distritais e da terceira divisão, é formar homens e mulheres com letra grande. E, aqui sim, todo o dinheiro é bem gasto. Não há melhor investimento, nem investimento mais reprodutivo, do que nas infra-estruturas humanas.
Por isso, defendo que as Câmaras deveriam, por um lado, aumentar os apoios dos clubes que tivessem a segunda equipa da mesma categoria nos escalões de formação (por forma a incentivar os clubes a servir todos os jovens que querem praticar desporto e não apenas a seleccionar os melhores) e, por outro, penalizar as colectividades cujos dirigentes, treinadores, pais e jogadores demonstrassem má conduta desportiva (dando, assim, um sinal inequívoco de que a ética desportiva era um valor essencial para o município). Se queremos uma sociedade de valores, este é o único caminho.
http://sol.sapo.pt/blogs/contracorrente
O miúdo vai à frente » 2024-04-25 » Hélder Dias |
Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia » 2024-04-24 » Jorge Carreira Maia A publicação do livro Identidade e Família – Entre a Consistência da Tradição e os Desafios da Modernidade, apresentado por Passos Coelho, gerou uma inusitada efervescência, o que foi uma vitória para os organizadores desta obra colectiva. |
Caminho de Abril - maria augusta torcato » 2024-04-22 » Maria Augusta Torcato Olho para o meu caminho e fico contente. Acho mesmo que fiz o caminho de Abril. O caminho que Abril representa. No entanto, a realidade atual e os desafios diários levam-me a desejar muito que este caminho não seja esquecido, não por querer que ele se repita, mas para não nos darmos conta, quase sem tempo de manteiga nos dentes, que estamos, outra vez, lá muito atrás e há que fazer de novo o caminho com tudo o que isso implica e que hoje seria incompreensível e inaceitável. |
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
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A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
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