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Meditação

Opinião  »  2010-07-15  »  Né Ladeiras

No agora de mim aconteço sobre um caminho de estrelas súbitas. Como um poeta nascido num rio imaginário (ou não) dou-lhes um som para que elas falem por dentro. Iluminam-me todos os sentidos num corpo preciso, constelação nocturna, um silêncio com sintaxe, um hiato de mim, uma véspera tecida em ponto cheio, uma pálida pele na sintonia dos cristais. Faço de ouro a minha raiz, que se prolonga pelo abstracto. Evoco o vestígio mineral, peço palavras de luz e um texto de entrelinhas que invente e me transcreva num calígrafo oriental. Sem estar, ainda fico nas palavras de amor, numa quase parte, num ponto de passagem perfeito, na distância suficiente para intuir o som da outra parte no universo. Guia-me desconhecido, angular perfeito, Terra azul. Descubro o sentido da força comum a todos os seres, escondida por hora, deixada na mente eterna. Cabe-me dizer que a tua surpresa é feita de pérolas inquebráveis. De pérolas e não vidro, donde nascem chamas trina. Expande-se vontade de esclarecer o que não é sabido nas voltas de um enorme colar, nos esboços claros de uma cidade etérea, que nos recebe para além da imaginação. Nada do que vês ou sentes é construído na invenção. Já existe, já é. Cálculos feitos somam e sobram espaços por percorrer. Este infinito não cabe no infinito. Supomos a luz dentro da sombra, mas esta não é mais do que o descanso e distracção de quem pretende o concreto. Todavia, somos a mesma música imanente de milhares de esferas que desejam dar-se a conhecer para além dele. Perguntas-me se o que vês é fruto da tua imaginação. Respondo-te que te é dada, a imaginação, porque acreditas no que vês. Sobra-te espaço e possibilidades, somam-se os dias. Preparas-te para acontecer. Há muito que aguardava este canal para comentar a poesia interestelar que se faz. Demoraste, mas foi preciso. Apreciar as dimensões leva o seu tempo. Passaste a ficar no amor quando de muitas maneiras tentaste fugir. Grande aventura a tua… Sabes o que sou, um poeta nascido e renascido das possibilidades que orbitou também, na altura de mim, sob um caminho de chuvas súbitas subindo a montanha. Uma pedra na mão, pés descalços e um continente a afundar. Porque contamos linhas e palavras? Escreve e sente. Até onde for que queiras ir. Nasce em cada palavra, descobre-te e descobre o véu, corrige, depois, se quiseres. Há um sinal para deixares o que não existe mais. Tu sabes as cores provisórias da malha terrena. Todas estas cores que pensas conhecer, assim como as palavras, estão de passagem. Ascenderão como tudo o que existe e outra linguagem de estrelas será falada. A poesia fala comigo, fala contigo, ela é. Tudo o que sentes foi inspirado por quem a fez. Escolho o coração que tens e as mãos de labor que sabes. Tu, poesia, sabes da luz que irradias, mesmo quando feita na maior escuridão, que é o que somos quando fechados por dentro. A sua fala parece-se com asas de renda no meio de um quarto esconso. O seu tamanho é como o dos universos, incomensurável para um quarto tão acanhado. A sua Natureza é a ascensão do amor, do perfume libertado seja de que tamanho for o pequeno espaço. As asas passam a rede onde nos deitamos cansados e espectantes. E sobre as pedras que acumulamos no sono indispensável, já na fenda do corpo a ser esquecido, pedimos a palavra que celebre o poema. Pensas na lógica sintáctica deste texto e no que irás rever no fim. Podes fazê-lo, melhorará a tua escrita. Estou na tua meditação porque foi sobre isto que querias escrever. Dolentes movimentos, acólitos esforços acostados na mente padronizada. Por enquanto será assim. Podes retirar o que apontaste. Nos campos de cristal, sem outra cor que fique no vento provisório do aqui, seja qual for o código ou cifra, sem estar ou ser, mas contigo a olhar para tudo o que vês, sente com a mesma certeza que nós, os poetas, temos das coisas.
 

Música: Among Fields of Crystal (Brian Eno/Harold Budd, The Plateaux of Mirror, 1980)

 

 

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