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Burgueses somos nós todos ou ainda menos* - josé mota pereira

Opinião  »  2022-09-11  »  José Mota Pereira

"“Eles que trabalhem. Trabalhem muito. Trabalho não falta não é? Querem empregos? Vão trabalhar! Exijam ao povo que colabore."

1.

Como é bonito ver os burgueses, os pequenos que aqui andam a discutir os Coldplay! (Já agora, desculpem o uso da palavra burguês. Sei que está fora de moda, mas na sociologia ela existe e eu ainda sou sociólogo, em suspensão de funções, mas ainda sou e ainda por cima daqueles que acham que existem mesmo classes, que são sempre antagónicas, mesmo nos momentos históricos em que aparentemente tal antagonismo parece inexistente e às vezes até ilusoriamente parece que rumam juntas no devir da História). Deixem-me portanto falar dos nossos burgueses a debater o tema pungente da actualidade nacional.

Como eu aprecio vê-los aqui a debater esse grande momento que define o Estado da Nação, que é a fila para comprar bilhetes para um concerto. Eu diria que é o Estado da Noção ao que isto chegou!

Mandam uns:

- Afinal o país não está mal, pois se afinal há tanta gente que está disponível para pagar o bilhete.

Respondem outros:

- Razão tēm os nórdicos quando dizem que somos estragados, anda para aqui povo mal cheiroso de cartão de crédito a viver acima das possibilidades.

Então, que fazer? juntem-se, burgueses, todos bem juntinhos, a ver no que isto dá!

Ainda há poucos meses choraram lágrimas de crocodilo pela geringonça caída e com muito medinho foram a correr a votar no Costa para salvarem a esquerda da desgraça! (Rir, rir, muito)

Ok! O Costa prometeu poucochinho, mas antes pouco que nada. Agora, tomem lá disto: nada vezes nada e toca a sumir na inflação do crescimento negativo desta grande maioria de esquerda.

Ainda bem que se alterna neste país e não tarda estão todos, não tarda mesmo nada, os burgueses da inconsciência nacional, a fazer olhinhos ao Montenegro, que o Passos afinal foi quem arrumou a casa.

Sorri, Marcelo, sorri.

Entretanto, aos burgueses nesta amena discussão de Facebook, não lhes ocorre que o problema deste país não são os portugueses na fila da Fnac de Coimbra.

Conhecem Portugal?

Um Portugal dos portugueses, que vivem para lá da margem da pobreza enquanto trabalham com um ordenado de 700 euros, com a renda de casa, cada vez mais insuportável, os horários desregulados, a precariedade como lei laboral e a acumulação de trabalhos para tentar que o mês chegue para tão pouco. Os que vivem no dilema de escolher entre a lata de salsichas ou a lata de atum em promoção ou não jantar, no o terror psicológico das notícias de quem se vê ameaçado por aumentos para o inverno que obrigarão a fechar torneiras, interruptores e esperar que uma guerra, que é apenas comercial termine rápido. Sim, estes portugueses existem, nem têm tempo para pensar nos Coldplay, empobrecem a trabalhar e na sua vida nem sequer há tempo para se defenderem ou sequer pensar nisso.

Olha lá porta-te bem!

Não te esqueças das sapatilhas para as aulas de educação física do puto, os cadernos, os guaches...

Olha lá, foste para o sindicato? E o teu patrão sabe? Olha lá, tu tem cuidado com essas ideias. Um dia destes dás contigo a falar em greves e tu sabes que o dinheirinho desses dias te fazem falta. Juízo que não tens tempo para essas coisas, vá despacha-te lá, que o supermercado está quase a fechar e ainda tens plafond na conta-ordenado. O que é isso que levas no carrinho das compras? Agora já compras bacalhau? Já viste que o paloco é mais barato? Vais para casa? Agora vê lá se te enfias na banheira e dás cabo da tua consciência ecológica e da factura da água, do gás, do shampoo).

Acusai burgueses o povo, acusai!

Educai o povo, seus Arnaldo Matos do século XXI!

Este povo, porque supostamente vai aos Coldplay, vai passear nos corredores dos centros comerciais e alguns ainda se atrevem a ir a praia aos domingos, quando o domingo até calha ao domingo.

Não hesitai!

Acusem-nos, oh julgadores sem lei, inquisidores recauchutados!

Eles que trabalhem. Trabalhem muito. Trabalho não falta não é? Querem empregos? Vão trabalhar! Exijam ao povo que colabore.

Porque afinal o povo ainda respira, e o ar dos tempos está cada vez mais irrespirável.

 2.

Primeiro, nasceu a tal associação. Depois, veio a revista e foi o que se viu. Agora, vem o subsídio camarário aprovado em reunião de Câmara: 15 000 euros para este ano e 30 000 euros para o ano que vem, acrescidos de cedência de instalações. Em troca, a tal associação recém-criada compromete-se na "execução de projectos e acções de promoção e desenvolvimento de produtos do território, em benefício dos produtores e dos produtos torrejanos e, consequentemente, do desenvolvimento e modernização da comunidade empresarial local. "Ahhhh... como sabem a mel os figos pretos de Torres Novas!

 *Título roubado descaradamente ao livro de contos do escritor Mário de Carvalho

 


“Eles que trabalhem. Trabalhem muito. Trabalho não falta não é? Querem empregos? Vão trabalhar! Exijam ao povo que colabore.

 

 

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