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E se fosse eu? Onde está o melhor de nós?

Opinião  »  2016-12-14  »  Maria Augusta Torcato

"Gosto de pensar a realidade. De me envolver e fazer parte dessa realidade."

Num mundo conturbado, em que nos invadem através dos meios de comunicação situações de crueldade, pobreza e misérias humanas, é estranho que haja tantas pessoas que parecem ficar indiferentes perante o sofrimento, em alguns casos extremo, de um ser seu semelhante, às vezes, apenas distante fisicamente, mas cuja distância deixa de existir quando as imagens se assenhoreiam dos nossos pequenos castelos ou altos muros.
Tenho assistido a um agravamento do vazio de sentimentos e de emoções, ausência de manifestação de rejeição do que, de imediato, seria para condenar. Falo da exploração infantil, da morte, da manipulação, das escravaturas do século XXI, das discriminações absurdas, dos extremismos políticos e religiosos e das suas causas, consequências e sequelas. Falo do que acho que é um vazio, um alheamento, uma alienação da realidade por parte da maioria de nós. Mas, o que mais me aflige é que estamos a passar estas formas de estar e ser, antes, não estar e não ser, às nossas crianças e aos nossos jovens.
Gosto de pensar a realidade. De me envolver e fazer parte dessa realidade. Gosto de despertar consciências. De acordar vontades. Gosto de ajudar a fazer pessoas, porque este é um processo em que não se pode estar só. O facto de se estar só e o facto de se cultivar o individualismo, neste processo, são o suficiente para nunca se chegar a ser pessoa enquanto pessoa. É um não ser do ser. Ou vice-versa. Então, como se deve ficar, como se deve reagir, o que fazer para mudar a situação que se vê e ouve: muitas das nossas crianças e jovens não reagem, não manifestam solidariedade, nem compreensão, nem generosidade, nem empatia perante outras crianças e jovens vítimas de violência grosseira que lhes retira muitas vezes a vida. A reação parece ser sempre a mesma: “azar”! Azar, claro, das crianças e dos jovens que sofrem tais atos violentos. Azar também das nossas crianças e jovens que, por vazio e alheamento, concorrerão para um mundo seu também de violência, porque despegado dos valores humanos. Azar também de todos nós, que, com frieza e distância, tornamos a sociedade e o mundo lugares de desumanidade, que é a mãe de toda a violência.
Ler um texto, assistir a um documentário ou um filme em que se mostram, de forma explícita, situações de violência gratuita, punição e morte injustas e, não obstante se explicitar que “aquilo” é, infelizmente, real, que aconteceu ou acontece “ali” ou “aqui” e colhermos risos e comentários fleumáticos, misturados com questões e observações acerca da valoração, visível num écran de máquina calculadora ou telemóvel último modelo, relativa às respostas dadas num questionário, que se reveste, algumas vezes, de subjetividade, magoa-me, bem como deve magoar aqueles que anseiam pelo progresso humano e um mundo melhor.
Será que ocultar, desvalorizar ou desprezar a realidade, pelo menos algumas realidades, mesmo que não sejam as nossas, ajudará as gerações vindouras? Proporcionar-lhes-á mais saber, mais cultura, mais desenvolvimento, mais humanidade? Não acredito. E, por isso, não desisto, mas que a desilusão e a mágoa com o mundo são cada vez maiores, são.
Os meus olhos continuam a piscar mais depressa, a ficar nublados e a criar gotas orvalhadas quando leio, vejo, assisto a tristes realidades, como as que neste dia me tocaram e feriram: num “além” específico, em cada dez minutos, morre uma criança com fome e, “ali”, duas criancinhas de 7 e 8 anos fizeram-se explodir num mercado fazendo outras vítimas.
Como ficar indiferente? Como não denunciar? Como não explicar que isto está errado? Como não se pensar e levar a pensar: “E se fosse eu?”.

 

 

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