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Mais uma feira local da época - antónio mário santos

Opinião  »  2023-06-03  »  António Mário Santos

"“Estas feiras da Época que nunca mais chegam à história da democracia..."

A cidade apresenta-se engalanada. Assinala-se a feira da época, uma vez mais integrada na época da Idade Moderna Portuguesa (séc. XVI), ainda no reinado de D. João III. Talvez por influência da igualdade do género, e quando da comemoração do 130.º aniversário do nascimento de Maria Lamas, escolheu-se como temática a cultura e a música e, da corte e círculo da infanta D. Maria, duas toledanas, Luisa e Ângela Sigea, que naquela se tornaram célebres. E, por acção do historiador setecentista Padre António Carvalho da Costa na sua “Corografia Portuguesa e Descriçam Topografica do Famoso Reino de Portugal, Tomo III, Cap, XV, pgs 280/288”, conhecida a ligação, pelo casamento de Ângela Sigea com o escudeiro-fidalgo Antão de Melo Mogo, aos Melos Mogos torrejanos, que Artur Gonçalves, nos seus “Torrejanos Ilustres”, usou com abundância.

Relembrar duas artistas que, no seu tempo, souberam, cada uma a seu modo, expressar uma identidade própria, com reconhecimento, principalmente da primeira, internacional, merece registo. Já transformá-las em torrejanas ilustres, apesar do muito trabalho compilatório de AG, tem algo que se lhe diga. A investigação histórica não é estável, e sobre a família Sigea, o demonstra de forma cabal a tese de mestrado de Catarina Cunha Monteiro, “Quando As Sombras Ofuscaram a Luz, Luisa e Ângela Sigeia -estórias e histórias da vida de Portugal de Quinhentos”, apresentada na FCSH da Univ. Nova de Lisboa, em Novembro de 2018, que o leitor interessado encontra com facilidade na Internet. Infelizmente, não pude assistir à sessão que a autora apresentou sobre as irmãs Sigeas na biblioteca municipal, em 17 de Maio último, mas não creio que altere a nova cronologia, apresentada na tese, sobre a família de Diogo de Sigeu, o patriarca, em Portugal. Em relação à presença da mesma família em Torres Novas, fica por esclarecer não só a data do regresso de Antão Mogo e Ângela a esta vila, que nos parece só se verificar por volta de 1559, data da morte do pai do mesmo, o cavaleiro Manuel Mogo, como o ano em que nos aparece Antão num registo de baptismo (1560). Não há registo de casamento local, mas verifica-se o registo de baptismo da primeira filha, em 1564, depois outros.

A ser assim, Luisa nunca residiu em Torres Novas, visto que casara em 1557 (de certo em Lisboa) e falecera em Burgos, onde residia há três anos com o marido, em 1560. Quanto ao pai, desconhece-se quando saiu da corte, e se, de facto, residiu em Torres Novas. Não há registo nenhum, paroquial, cartório notarial, documentação do Convento do Carmo, que o demonstre. Há um túmulo no respectivo convento com o seu nome, mas a capela mortuária aí definida em 1621 é de suas netas Maria Madalena de Velasco e de Antónia Sigeia. Se nela foi enterrado, como revela a tampa da tumba, o avô Diogo, pensamos que, ou viveu os últimos anos em casa de sua filha Ângela, ou morreu em Lisboa e foi depois trasladado. Alguém sabe?

Em Torres Novas, Luisa nunca morou e de Ângela só constam os baptismos das filhas, um baptismo em que foi madrinha, a acção do marido como vereador mais velho na Câmara Municipal, além dos respectivos registos de óbito.

Mas festa é festa. E da época, qual? Se, como se lê no artigo publicitário de O Mirante de 25/5, «os visitantes vão poder percorrer a mouraria, empunhar a espada na praça d’armas, entrar no submundo dos enfermos e desvalidos no Postigo da Traição, conhecer a história no lugar do Petiz ou no Jardim dos Bonecreiros, ou provar iguarias numa das muitas bodegas da feira», o que revela a intemporalidade da feira, que repete e mistura a Idade Média, a falsidade histórica (a mouraria), com a realidade da época moderna das irmãs Sigeas, a falsificação da sua actividade no concelho, e o incentivo do petisco contemporâneo.

Estas feiras da Época que nunca mais chegam à história da democracia...

 

 

 

 

 

 

 

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