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O Pai Natal dos 43 cêntimos

Opinião  »  2012-12-21  »  Miguel Sentieiro

Nesta quadra natalícia, em que os valores de fraternidade e solidariedade têm ainda mais relevância, a Associação Empresarial de Penafiel teve o bonito gesto de contratar pessoas desempregadas para se vestirem de Pai Natal e distribuírem balões pelos transeuntes. Seria a forma de a dita associação poder proporcionar, a quem não consegue trabalho, a possibilidade de auferir um rendimento que possibilite a compra do peru e dos coscorões para a celebração natalícia. Os desempregados apresentaram-se no centro de emprego e o angariador, com um sorriso orgulhoso nos lábios, diz quanto vão auferir por cada hora de trabalh 43… cêntimos??? Espera aí… não quereria dizer 4,3 euros?... ou 43 euros? Não!... é mesmo 43 cêntimos por hora, o que daria no final das 6 horas e meia que trabalhassem, por dia, 2 euros e 79 cêntimos, uma quantia que dá para comprar assim à vontade 2 pacotes de bolacha Maria. No final do mês conseguiriam levar para casa 83 euros, com os quais conseguiam pagar a conta da luz e ainda sobravam uns cêntimos. Estava aqui a pensar na razão dos 43 cêntimos pagos ao senhor que enriquece o nosso imaginário infantil e achei muito bem. Por um lado, o que recebem numa hora, não chega ao preço de uma bica, evitando que a imaculada barba branca corra o risco de ficar acastanhada com a borra do café . Assim, os miúdos não se assustam nem ficam a pensar que o Pai Natal acabou de lavar as pilosidades na água da sanita. Outra das razões para tão frugal remuneração será de índole anatómica. Desde há algum tempo que os miúdos põem em causa a possibilidade da passagem das proeminentes adiposidades do Pai Natal pelo estreito orifício da chaminé. Parece que as bolachas Maria não engordam e que, com 5 meses a receber um salário desta magnitude, o senhor não só consegue passar pelo buraco da chaminé, como pelo orifício da fechadura por onde os miúdos espreitam para o ver. Depois de levarem com a bola do gorro do Pai Natal na vista, gritam com a mão a tapar o olho curios ”Ó Mãe, afinal o Pai Natal sempre existe!...agora vou ali lavar o olho com soro fisiológico, que a bola do gorro feita com poliéster chinês, causa uma irritação do ”caneco”. Dizia-se que era exigido ao Pai Natal que esboçasse um sorriso, mesmo depois de andar a comer bolachas Maria durante o mês inteiro. É isso que se espera do Pai Natal: um personagem que faça sentido e cujas acções assentem no mais elementar realismo. Vem da Lapónia, montado num trenó puxado por renas voadoras, traz os presentes para todos os meninos do mundo dentro de um único saco, consegue descer pela chaminé antes de fazer dieta com bolachas Maria e adivinha sempre os desejos das crianças. É óbvio que, depois de receber 43 cêntimos à hora, só pode esboçar um sorriso. Queriam que dissesse mal do seu patrão? Isso é pura ficção.

Nesta quadra, o Pai Natal dos 43 cêntimos ainda faz mais nexo. O seu sorriso será o exemplo de que os portugueses precisam para superarem as adversidades. Por mais que sintamos que nos estão prestes a lavar a barba na água da sanita, existe sempre um sorriso para esboçar, um balão para distribuir e uma bolachita Maria para trincar.

 

 

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