Futuro medieval
Opinião » 2014-06-13 » Adelino Pires
Durante o Estado Novo, entretinha-se o pagode com a política dos três F’s (Fátima, futebol e fado). Com a mente ocupada pelo trabalho do dia a dia e de sol a sol, sobrava o domingo para arejar o fato, comungar na missa e ouvir o relato da bola em onda média, de rádio colado ao ouvido.
Nos tempos de hoje, pouco mudou. A devoção popular e o marketing do santuário continuam a sustentar o milagre. Ronaldo e companhia, entre dois pontapés e um golo, vendem jornais e lideram audiências e até o fado já tem museu, onde muito se conta e ainda se canta.
A alienação de ontem é o entretém de hoje. A mente continua ocupada, seja com o trabalho ou com a falta dele. Comunga-se menos, excomunga-se mais, mas os três F’s continuam em grande, sintonizados agora com as FM (feiras medievais).
Quem passou por Torres Novas no passado fim de semana, ficou a perceber que, afinal, temos futuro... no passado, medieval.
O que levará milhares de pessoas a sair de casa, rumando às memórias da História, ninguém sabe. Sim, porque estivemos lá todos. Pobres, quase ricos e remediados. Governantes e governados. Esquerda, direita e antes pelo contrário. Maioria absoluta.
Não há luz ao fundo do túnel? Vingamo-nos na bifana e na sangria, vestimo-nos à época e assumimos a pose. De cavaleiro ou de frade, de princesa ou camponesa, tanto faz.
Não se vislumbram perspectivas no futuro? Encontremos referências no passado. Sejamos alcaides por um dia, que diabo.
Depois, depois lá regressaremos aos nossos ofícios e lavouras, ao sofá e às novelas, esperando que o Ronaldo marque e que a Marisa cante.
É assim o nosso fado. Viver dos três F’s, até à próxima FM. Em boa sintonia.
Futuro medieval
Opinião » 2014-06-13 » Adelino PiresDurante o Estado Novo, entretinha-se o pagode com a política dos três F’s (Fátima, futebol e fado). Com a mente ocupada pelo trabalho do dia a dia e de sol a sol, sobrava o domingo para arejar o fato, comungar na missa e ouvir o relato da bola em onda média, de rádio colado ao ouvido.
Nos tempos de hoje, pouco mudou. A devoção popular e o marketing do santuário continuam a sustentar o milagre. Ronaldo e companhia, entre dois pontapés e um golo, vendem jornais e lideram audiências e até o fado já tem museu, onde muito se conta e ainda se canta.
A alienação de ontem é o entretém de hoje. A mente continua ocupada, seja com o trabalho ou com a falta dele. Comunga-se menos, excomunga-se mais, mas os três F’s continuam em grande, sintonizados agora com as FM (feiras medievais).
Quem passou por Torres Novas no passado fim de semana, ficou a perceber que, afinal, temos futuro... no passado, medieval.
O que levará milhares de pessoas a sair de casa, rumando às memórias da História, ninguém sabe. Sim, porque estivemos lá todos. Pobres, quase ricos e remediados. Governantes e governados. Esquerda, direita e antes pelo contrário. Maioria absoluta.
Não há luz ao fundo do túnel? Vingamo-nos na bifana e na sangria, vestimo-nos à época e assumimos a pose. De cavaleiro ou de frade, de princesa ou camponesa, tanto faz.
Não se vislumbram perspectivas no futuro? Encontremos referências no passado. Sejamos alcaides por um dia, que diabo.
Depois, depois lá regressaremos aos nossos ofícios e lavouras, ao sofá e às novelas, esperando que o Ronaldo marque e que a Marisa cante.
É assim o nosso fado. Viver dos três F’s, até à próxima FM. Em boa sintonia.
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As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
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