• SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Sexta, 26 Abril 2024    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Seg.
 19° / 10°
Períodos nublados
Dom.
 18° / 6°
Períodos nublados com chuva fraca
Sáb.
 18° / 8°
Períodos nublados com chuva fraca
Torres Novas
Hoje  18° / 11°
Céu nublado com chuva fraca
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

Uma faca torta corta a direito?

Opinião  »  2015-03-27  »  Maria Augusta Torcato

"Vejamos. Na política, dentro dos partidos, muito raramente se assiste a tomadas de posição públicas que questionem algumas atitudes e decisões."

Há dias ouvi uma expressão idiomática que me ficou no ouvid ”eu cá, a minha faca corta a direito!”, o que quer dizer, creio, para quem a pronuncia, que se entende justo, transparente e verdadeiro. Mas a verdade verdadinha é que as verdades são muito difíceis de encontrar e, quando se encontram, são quase sempre relativas e não verdadeiramente absolutas!

Dentro da minha cabeça, estendi o sentido da expressão para ver até onde poderia ir e não foi difícil encontrar exemplos cheios de paradoxos, ou seja, aquilo que parece direito, justo e transparente está contaminado logo à nascença, o que o faz torto, injusto e turvo.

Vejamos. Na política, dentro dos partidos, muito raramente se assiste a tomadas de posição públicas que questionem algumas atitudes e decisões. Mesmo que haja quem discorde, muitas vezes, essa discordância paga-se caro, seguindo-se a linha de ”quem não está comigo está contra mim” e nem sempre é assim. Ganhar-se-ia se, em vez de seguidismos absurdos e desprestigiantes, se ouvissem várias vozes, se equacionassem várias opções, se partilhassem experiências e saberes e até se retrocedesse, na busca de melhores soluções e melhores caminhos. No governo e outras instituições, observa-se um chorrilho de disparatadas ações e o que se segue? Logo várias vozes, sem sensibilidade e sem bom senso, vêm defender o indefensável, parecendo que se vive num centralismo absoluto de poder em que a voz superior, qual divina, dita inquestionavelmente as regras, mesmo que tudo seja ridículo, incompreensível e incorreto. Nas empresas, é a mesma coisa, excetuando algumas situações, há quem mande e quem tem de obedecer. Nestes três exemplos o referente é quase sempre o mesm o exercício do poder faz-se pelo poder e não pelo bem comum. E quem exerce o poder prefere rodear-se de gente que reproduz, ao invés de criar; que obedece, ao invés de contribuir; que cala, ao invés de propor; que delata, ao invés de acompanhar; que discrimina, ao invés de integrar; que inveja, ao invés de reconhecer. No desporto, quando os resultados não são favoráveis, a culpa é sempre atribuída a segundos e a terceiros, mormente aos juízes de cada competição. E, até nas famílias e nas amizades, há a tendência para a desculpabilização do que é imperdoável a outros, para a justificação do que é injustificável a outros e para a exigência de direitos que se negam a outros.

Em todos os casos, era benéfica a reposição da ordem, da correção e da verdade. A descrença, o desprezo e o desrespeito pelo sistema político e pelas instituições advêm do seu mau funcionamento, da mediocridade e falência da sua representatividade, da incapacidade de cumprirem idoneamente o seu papel. Tudo parece estar corrompido. Tudo parece estar falseado. Tudo parece irreal. Tudo parece em desnorte. Por isso, para se cortar a direito, tem de se verificar, primeiro, se a faca também está direita.

Nós nem sempre somos quem ou como pensamos ser. Nem somos quem os outros julgam que sejamos, para o bem e para o mal. Eu sou torta e, por transferência, a minha faca também. Mas é por ter consciência disso que procuro posicionar-me para que a minha faca corte o mais a direito possível. Mas será sempre na minha perspetiva. Cito uma amiga e colega que me dizia: ”precisamos ser todos os outros, afinal é no espelhar do outro que a identidade se forma e nos tornamos pessoas.” Bonito, não é? A isso se chama empatia, algo que tanto falta por aí…

Enfim, acrescento palavras mais doces: aproveitemos o sol, que quando nasce é para todos, dizem, e brindemos à primavera…na estação e em flaches da vida.

 

 

 Outras notícias - Opinião


O miúdo vai à frente »  2024-04-25  »  Hélder Dias

Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia »  2024-04-24  »  Jorge Carreira Maia

A publicação do livro Identidade e Família – Entre a Consistência da Tradição e os Desafios da Modernidade, apresentado por Passos Coelho, gerou uma inusitada efervescência, o que foi uma vitória para os organizadores desta obra colectiva.
(ler mais...)


Caminho de Abril - maria augusta torcato »  2024-04-22  »  Maria Augusta Torcato

Olho para o meu caminho e fico contente. Acho mesmo que fiz o caminho de Abril. O caminho que Abril representa. No entanto, a realidade atual e os desafios diários levam-me a desejar muito que este caminho não seja esquecido, não por querer que ele se repita, mas para não nos darmos conta, quase sem tempo de manteiga nos dentes, que estamos, outra vez, lá muito atrás e há que fazer de novo o caminho com tudo o que isso implica e que hoje seria incompreensível e inaceitável.
(ler mais...)


As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia »  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia

Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores.
(ler mais...)


Eleições "livres"... »  2024-03-18  »  Hélder Dias

Este é o meu único mundo! - antónio mário santos »  2024-03-08  »  António Mário Santos

Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza.
(ler mais...)


Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato »  2024-03-08  »  Maria Augusta Torcato

Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente.
(ler mais...)


A crise das democracias liberais - jorge carreira maia »  2024-03-08  »  Jorge Carreira Maia

A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David.
(ler mais...)


A carne e os ossos - pedro borges ferreira »  2024-03-08  »  Pedro Ferreira

Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA.
(ler mais...)


O Flautista de Hamelin... »  2024-02-28  »  Hélder Dias
 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2024-04-22  »  Maria Augusta Torcato Caminho de Abril - maria augusta torcato
»  2024-04-24  »  Jorge Carreira Maia Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia
»  2024-04-25  »  Hélder Dias O miúdo vai à frente
»  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia