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Verbos de encher

Opinião  »  2015-07-11  »  Maria Augusta Torcato

"Cada um de nós pode formular uma lista enorme com verbos de encher. Estes verbos de encher a que me refiro são verbos que enchem o nosso coração e a nossa alma"

 

Cada um de nós pode formular uma lista enorme com verbos de encher. Estes verbos de encher a que me refiro são verbos que enchem o nosso coração e a nossa alma. Expressam, corporizam ações que são tão elevadas e dignas que nos enchem mesmo as medidas, nos fazem sentir prazer e orgulho de ser quem somos e de estarmos aqui. Eu, por exemplo, posso enumerar alguns dos verbos que compõem a minha lista: sonhar, amar, gostar, criar, partilhar, transformar, nascer, aprender, crer, fazer, pertencer, ser, morrer, construir, partir, ir …

Porém, não podemos confundir um verbo de encher com um “verbo-de-encher”, expressão idiomática usada para qualificar alguém sem préstimo, que só faz número, como alguém diria, “só para as estatísticas”. São assim sentenças que têm valores, poder-se-á dizer, antitéticos.

Há poucos dias, assisti, na televisão, a uma entrevista cujo entrevistado é um político, um deputado que, desiludido com o sistema político que integra há anos, decidiu afastar-se. Focalizei um ou dois (e foi quanto bastou) comentários que fez ao funcionamento do sistema político. Queixava-se que, por exemplo, se aprovavam normativos, leis, sem qualquer discussão ou debate, sem análise e sem auscultação dos elementos que integravam a “maioria”, sendo que era esta maioria que estava em condições de os aprovar.

Ora, que eu saiba, o parlamento integra aqueles que são democraticamente eleitos como representantes do povo, para que, em seu nome (do povo, claro), decidam, da melhor maneira possível, em prol do bem coletivo. Preocupo-me, se bem que já intuísse que era assim, que alguém, depois de tantos anos em funções na casa da democracia, venha confessar e assumir a prática de algo que é completamente avesso à própria democracia. Isto não quer dizer que o senhor deveria ter continuado calado. Não. Deveria era ter denunciado a situação há muito tempo, não ter compactuado com ela e só no momento em que as coisas não lhe correm de feição então denuncia. O seu papel e o respeito pelo povo que o elegeu deveriam ter ditado uma atitude e um comportamento diferentes, mais dignos e respeitáveis.

É inquietante, para não dizer que é uma tragicomédia e uma farsa, o modo como funciona a política, no palco principal, nos palcos secundários, nos bastidores e camarins. E este funcionamento é, descaradamente, vergonhoso e inaceitável. A democracia não é, de todo isto. Isto mais lembra um despotismo que se disfarçou de democracia para levar adiante os seus propósitos de centralismo de poder e favorecimento dos interesses de alguns. É pesaroso que a maioria dos atores tenha encarnado esta triste representação, reduzindo-se os mesmos a marionetes que se limitam a fazer fretes e a realizar favores a interesses políticos e económicos, descurando os verdadeiros interesses do povo.

Retomando o discurso inicial, chego à conclusão que é precisamente por haver tantos verbos-de-encher que o mundo está como está e o vazio se instalou, porventura para ficar. Já estou (estamos?) cheia e farta de vazios. Três bons verbos de encher: respeitar, repartir, democratizar.

 

 

 

 

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