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Professores

Opinião  »  2023-01-20  »  Margarida Teodora

"Os professores, pelo seu papel determinante no futuro de um país, devem por isso ser das profissões mais bem pagas da sociedade."

Uma visão que se calhar é só minha ou umas linhas soltas de pensamento sobre aquilo que gostaria que tudo isto fosse.

Populismo, é justificar a precariedade com mais precariedade. Populismo, é manter salários baixos para justificar a luta permanente, para que os sindicatos continuem a ter argumentos que os alimentem e assim possam continuar a existir na ribalta e a capitalizar negociações sem fim à vista.

Populismo, é menorizar e infantilizar o pensamento de quem se formou nas forjas do ensino superior democrático, plural e esclarecido.

Populismo, é querer manter uma classe de professores eternamente proletária e à mercê da mendicidade permanente dos favores do Estado.

Populismo, é não ver que não se pode comparar o que não é comparável: os professores, pelo seu papel determinante no futuro de um país, devem por isso ser das profissões mais bem pagas da sociedade, mais prestigiadas socialmente, e com as melhores condições de trabalho para oferecer aos seus alunos. Devem também corresponder às exigências científicas e pedagógicas a que estão obrigados. Os professores têm e devem continuar a ter um lugar distinto nisto tudo. Cada aluno seu é uma pessoa, um cidadão que se quer votante, participativo e democrático no seu futuro. Por isso deve levar na sua formação o melhor exemplo possível daquilo que é ser professor e não ter perante si a imagem constante de que ser professor na escola pública é estar em permanente esforço e por vezes em sofrimento. Que respeito pode um aluno ter por um professor que se arrasta aula após aula, reduzido a tarefeiro da burocracia administrativa?

A democracia sustenta-se e persiste nesse respeito e admiração pelos professores, coisa que, lamento, é já rara.

Fui professora quase de raspão. Adorei ser professora e foi com dor que procurei depois outro caminho. Não era possível estabilizar naquela altura. Tenho colegas que ainda hoje vivem nessa precariedade. Formados numa das mais prestigiadas universidades do país. Mas alguém quer saber disso? Algum pai ou mãe valoriza a formação académica de um professor? Adiante.

E não é por estar do lado dos que foram meus colegas, e dos professores do meu filho, que respeito imenso e por quem tenho uma grande empatia, que não tenho sido, e continuarei a ser, crítica de certa mediocridade, que também há (e que nesta profissão é inadmissível por se tratar da vida de pessoas em formação), de pensamento crítico e até de vocação e sobretudo daquilo que vejo ser por parte de alguns, de um total desapego científico, quando não pedagógico.

Contudo, quero acreditar que um país melhor e um futuro melhor se alicerçam na escola pública. E que se o meu filho quiser ser professor, não tenha que viver o inferno que é muitas vezes hoje sê-lo.

De qualquer maneira, não quero ser simplista. Há muita coisa a repensar na escola pública. Desde logo esta obsessão pela transição digital de tudo; um provincianismo bacoco, como se isto fosse a solução para alguma coisa; a redução da importância dada às componentes das humanidades e das artes, da história, da filosofia e da história da arte. Perceber que humanidades e ciência têm de se completar e não de se distinguir. Ao ensino de português, que calhando ter um professor que não lê (que os há aos magotes), é difícil recuperar para o resto da vida.

Entre outras coisas. Uma reforma de fundo que transforme a escola pública num lugar onde o tempo das aprendizagens não seja voraz e permita leituras paralelas e questionamento. Um lugar onde os professores tenham um papel central e de prestígio que não derive apenas de poder por si só, mas também de um poder legítimo enquanto pessoa que traz consigo um capital de erudição. Por que não? Alunos e professores não têm um papel igual neste processo. Pelo menos no seu ponto de partida. Que derive de os professores serem modelos de admiração e de inspiração pelo que sabem, pela experiência acumulada e livre pensamento, pelo modelo democrático, pelo espírito crítico e de sabedoria que a sua bonita profissão encerra, para que os mais novos ainda pensem em fazer deste mundo um lugar melhor. Que de futuro mais alunos queiram ser como os professores – qualificados, bem remunerados (é alguma vergonha serem bem pagos?) e respeitados – e não que ninguém o queira ser por se ter hoje a imagem mais depreciativa desde o Iluminismo daquilo que é perspectivar o futuro como professor.

Não quero que caia mais um ministro. Sinceramente, mais tristezas não. A maior parte dos manifestantes de ontem foram os que deram ao PS esta maioria. Pensem nisso.

Só queria era que isto realmente mudasse. Para melhor. Porque isto é o fim da linha, entenda-se. E a meu ver, tudo isto já vem é tarde.

 

 

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