Viva a Música - josé mota pereira
Opinião » 2022-10-23 » José Mota Pereira"“Hoje como ontem, o combate social por uma sociedade mais justa tem que ser feito com as mãos dadas à intervenção cultural popular."
No passado fim de semana, o município esteve por detrás do encontro de filarmónicas do nosso concelho. Fez bem. Para lá do valor musical intrínseco ao próprio encontro, ele representa uma homenagem justa aos valores associados às filarmónicas ao longo da história - a do nosso país em geral e a de Torres Novas em particular.
Uma pequena pesquisa no Google, inserindo as palavras filarmónicas e República, dá a dimensão de como por todo o país as filarmónicas, desde o século XIX, protagonizaram uma verdadeira revolução que tirou a música dos salões da nobreza e da alta burguesia para as ruas e para o povo, transformando-a no estandarte dos valores progressistas que os ventos da República traziam.
Retirar a música dos salões para a rua significava que a todos ela deveria ser acessível assim como o teatro, a dança e todas as expressões culturais que estavam reservadas às elites. E daí para o ensino, para o acesso a condições dignas de trabalho, aos primeiros cuidados gerais de saúde pública, assim como na democratização mais vasta da sociedade em que timidamente se alargava a participação na construção de uma sociedade em que todos poderiam ser tudo, independentemente do berço.
O próprio nome de algumas das filarmónicas torrejanas remete-nos quer para a sua origem (a " Banda Operária" ; a " União e Trabalho "), quer para os valores que representam (a " Lealdade e União").
No rescaldo do Miguelismo e numa monarquia decadente e submissa aos interesses estrangeiros, a música das filarmónicas tocou nas ruas as marchas certas contra o conservadorismo, o reaccionarismo, o obscurantismo clerical, suportando o projecto republicano que ia encontrando apoio junto do mundo do trabalho, sobretudo nas associações sócio-profissionais e nos primeiros sindicatos operários.
E hoje?
Não estamos assim tão longe do século XIX. Tal como nesse tempo, é urgente dar tréguas e combate ao pensamento conservador, a todas as manifestações de obscurantismo, na crença no "back to basics" como forma de retorno a um mundo perfeito que nunca existiu. Tal como nesse tempo, não se pode deixar de relevar a importância da organização e da união do mundo do trabalho na transformação progressista da sociedade.
Hoje como ontem, o combate social por uma sociedade mais justa tem que ser feito com as mãos dadas à intervenção cultural popular. Porque é óbvio que não há progresso sem cultura. Mesmo que isso doa às novas elites dos salões.
A música veio à rua em Outubro e correu pelas ruas da cidade. Vieram com os seus trajes, compostas de novos e velhos, homens e mulheres de todas as profissões dando voz livre do leve flautim à gravidade da tuba.
Que venham sempre! Aqui, em cada esquina, encontrarão sempre um amigo. Para que, em cada rosto, haja igualdade. É que não foi por acaso, com certeza que não foi, que a "Grândola" nasceu do inspirado contacto de Zeca Afonso com a filarmónica da Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense.
Viva a Música - josé mota pereira
Opinião » 2022-10-23 » José Mota Pereira“Hoje como ontem, o combate social por uma sociedade mais justa tem que ser feito com as mãos dadas à intervenção cultural popular.
No passado fim de semana, o município esteve por detrás do encontro de filarmónicas do nosso concelho. Fez bem. Para lá do valor musical intrínseco ao próprio encontro, ele representa uma homenagem justa aos valores associados às filarmónicas ao longo da história - a do nosso país em geral e a de Torres Novas em particular.
Uma pequena pesquisa no Google, inserindo as palavras filarmónicas e República, dá a dimensão de como por todo o país as filarmónicas, desde o século XIX, protagonizaram uma verdadeira revolução que tirou a música dos salões da nobreza e da alta burguesia para as ruas e para o povo, transformando-a no estandarte dos valores progressistas que os ventos da República traziam.
Retirar a música dos salões para a rua significava que a todos ela deveria ser acessível assim como o teatro, a dança e todas as expressões culturais que estavam reservadas às elites. E daí para o ensino, para o acesso a condições dignas de trabalho, aos primeiros cuidados gerais de saúde pública, assim como na democratização mais vasta da sociedade em que timidamente se alargava a participação na construção de uma sociedade em que todos poderiam ser tudo, independentemente do berço.
O próprio nome de algumas das filarmónicas torrejanas remete-nos quer para a sua origem (a " Banda Operária" ; a " União e Trabalho "), quer para os valores que representam (a " Lealdade e União").
No rescaldo do Miguelismo e numa monarquia decadente e submissa aos interesses estrangeiros, a música das filarmónicas tocou nas ruas as marchas certas contra o conservadorismo, o reaccionarismo, o obscurantismo clerical, suportando o projecto republicano que ia encontrando apoio junto do mundo do trabalho, sobretudo nas associações sócio-profissionais e nos primeiros sindicatos operários.
E hoje?
Não estamos assim tão longe do século XIX. Tal como nesse tempo, é urgente dar tréguas e combate ao pensamento conservador, a todas as manifestações de obscurantismo, na crença no "back to basics" como forma de retorno a um mundo perfeito que nunca existiu. Tal como nesse tempo, não se pode deixar de relevar a importância da organização e da união do mundo do trabalho na transformação progressista da sociedade.
Hoje como ontem, o combate social por uma sociedade mais justa tem que ser feito com as mãos dadas à intervenção cultural popular. Porque é óbvio que não há progresso sem cultura. Mesmo que isso doa às novas elites dos salões.
A música veio à rua em Outubro e correu pelas ruas da cidade. Vieram com os seus trajes, compostas de novos e velhos, homens e mulheres de todas as profissões dando voz livre do leve flautim à gravidade da tuba.
Que venham sempre! Aqui, em cada esquina, encontrarão sempre um amigo. Para que, em cada rosto, haja igualdade. É que não foi por acaso, com certeza que não foi, que a "Grândola" nasceu do inspirado contacto de Zeca Afonso com a filarmónica da Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense.
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