Eleições autárquicas: O que me ocorre dizer
Opinião » 2017-09-26 » Jorge Carreira Maia"Quanto mais próximo o poder menos suportável é. Não pense o leitor que eu tenho alguma coisa contra os candidatos. Não, eu conheço muitos, de todas as cores e acho-os, em geral, excelentes pessoas."
Consta que vai haver eleições autárquicas no próximo domingo. Eu gostava muito de dizer alguma coisa sobre o assunto, mas, confesso, não me ocorre nada de relevante. Eu sei que são importantes, muito importantes. É o poder de proximidade. Eis uma coisa que me aborrece, o poder de proximidade. Quanto mais próximo o poder menos suportável é. Não pense o leitor que eu tenho alguma coisa contra os candidatos. Não, eu conheço muitos, de todas as cores e acho-os, em geral, excelentes pessoas. E a bondade está bem repartida pelas direitas e pelas esquerdas. Portanto, eu não tenho nada contra os candidatos, mas quanto mais longe estiver o poder melhor. Nunca compreendi por que razão os tipos do Porto e de outros lados deste pobre país se queixam do Terreiro do Paço. A princípio pensei que eles achassem que o poder estava muito perto e que o melhor seria mandá-lo para as Selvagens, mas não. Querem o poder ao pé de casa. Pior do que isso só morar em frente da sogra.
Como se viu acima, o espaço do poder aborrece-me. Mas não é só o espaço. Também é o tempo. Por exemplo, a duração de um mandato de um Edil - acho que é assim que se intitulam a si próprios alguns presidentes, mas posso estar enganado - é ao mesmo tempo muito curto e muito grande. Não, não estou dado aos paradoxos. Explico a minha tese. Poderia ser, por exemplo, de seis ou sete anos. Teria uma boa duração. Acabado esse mandato, o Presidente voltava à sua condição de cidadão e nunca mais se poderia candidatar. E isso evitaria mandatos de 12 anos e retorno por uma nova eternidade, depois de um curto interregno. Seria tudo mais saudável, a presidência de uma câmara passaria a ser vista apenas como um momento de sacrifício em favor da comunidade e não como uma carreira ou o que quer que seja. Se a isso juntássemos medidas draconianas de frugalidade, estaríamos perto de um mundo perfeito. Aquele tempo apenas e nada de grandes carros, chefes de gabinete, secretárias, motoristas, etc., etc. Tudo o que fosse necessário sairia do pessoal da autarquia, o qual tem a obrigação de servir com lealdade aqueles que o povo escolhe, sejam eles quem forem.
É por pensar assim sobre o poder autárquico que não me ocorre nada para dizer sobre estas eleições. Talvez domingo descubra alguma coisa para dizer.
Eleições autárquicas: O que me ocorre dizer
Opinião » 2017-09-26 » Jorge Carreira MaiaQuanto mais próximo o poder menos suportável é. Não pense o leitor que eu tenho alguma coisa contra os candidatos. Não, eu conheço muitos, de todas as cores e acho-os, em geral, excelentes pessoas.
Consta que vai haver eleições autárquicas no próximo domingo. Eu gostava muito de dizer alguma coisa sobre o assunto, mas, confesso, não me ocorre nada de relevante. Eu sei que são importantes, muito importantes. É o poder de proximidade. Eis uma coisa que me aborrece, o poder de proximidade. Quanto mais próximo o poder menos suportável é. Não pense o leitor que eu tenho alguma coisa contra os candidatos. Não, eu conheço muitos, de todas as cores e acho-os, em geral, excelentes pessoas. E a bondade está bem repartida pelas direitas e pelas esquerdas. Portanto, eu não tenho nada contra os candidatos, mas quanto mais longe estiver o poder melhor. Nunca compreendi por que razão os tipos do Porto e de outros lados deste pobre país se queixam do Terreiro do Paço. A princípio pensei que eles achassem que o poder estava muito perto e que o melhor seria mandá-lo para as Selvagens, mas não. Querem o poder ao pé de casa. Pior do que isso só morar em frente da sogra.
Como se viu acima, o espaço do poder aborrece-me. Mas não é só o espaço. Também é o tempo. Por exemplo, a duração de um mandato de um Edil - acho que é assim que se intitulam a si próprios alguns presidentes, mas posso estar enganado - é ao mesmo tempo muito curto e muito grande. Não, não estou dado aos paradoxos. Explico a minha tese. Poderia ser, por exemplo, de seis ou sete anos. Teria uma boa duração. Acabado esse mandato, o Presidente voltava à sua condição de cidadão e nunca mais se poderia candidatar. E isso evitaria mandatos de 12 anos e retorno por uma nova eternidade, depois de um curto interregno. Seria tudo mais saudável, a presidência de uma câmara passaria a ser vista apenas como um momento de sacrifício em favor da comunidade e não como uma carreira ou o que quer que seja. Se a isso juntássemos medidas draconianas de frugalidade, estaríamos perto de um mundo perfeito. Aquele tempo apenas e nada de grandes carros, chefes de gabinete, secretárias, motoristas, etc., etc. Tudo o que fosse necessário sairia do pessoal da autarquia, o qual tem a obrigação de servir com lealdade aqueles que o povo escolhe, sejam eles quem forem.
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