O mandato do actual conselho de administração do CHMT terminou no final de 2013. Já sem director clínico (Paulo Vasco demitiu-se em Fevereiro), Joaquim Esperancinha disse esta terça-feira (dia 13), numa conferência de imprensa, que em Janeiro estava tentado em aceitar o convite que lhe foi feito para ser reconduzido para um terceiro mandato mas no mês seguinte a sua vontade alterou-se devido a ”pressões familiares”. ”Gostava de sair no final deste mês”, referiu, notando que a sua saída apenas está dependente da nomeação do novo conselho de administração.

Na hora de deixar a administração do centro hospitalar, Esperancinha diz que o CHMT é hoje uma instituição respeitada no país. Admite que os problemas não estão resolvidos e reforçou a necessidade do projecto de reestruturação de serviços. ”Tivemos de terminar com os excessos. Não pode haver tudo em todo o lado porque não há dinheiro para isso”. O responsável aproveitou ainda a ocasião para elogiar a postura dos autarcas da região, ”que perceberam” o que estava em causa: a sustentabilidade do CHMT.

Na sua opinião, a equipa que vier a seguir tem de ”consolidar” o projecto de reorganização dos serviços hospitalares e ”fazer alguns ajustes firmes”, reconhecendo que, nalguns casos, se foi longe de mais. ”Foi uma reorganização feita em dois meses e nem tudo sai bem à primeira”.

Esperancinha disse ainda que se esforçou para que fosse criada uma ”cultura institucional única”, aspecto fundamental para a coesão e funcionamento das três unidades em regime de complementaridade.

O seu mandato terminou sem que alguns projectos pelos quais lutou não tenham visto a luz do dia: é o caso das unidades locais de saúde (ULS) e da unidade hemodinâmica prevista para o hospital de Torres Novas. Sobre o primeiro, Esperancinha diz não perceber por que razão apenas a ARS de Lisboa e Vale do Tejo não tem ULS e sobre a unidade hemodinâmica referiu que o projecto já mereceu o sim da tutela, estando apenas à espera do visto do Tribunal de Contas. O administrador em fim de ciclo alertou, no entanto, para existência de lobbies e de pressões por parte dos que consideram que, em matéria de saúde, Portugal é apenas Lisboa, Porto e Coimbra.

Sobre a portaria do governo que tem dado que falar, e que aponta para uma nova reorganização dos serviços de saúde do SNS, Joaquim Esperancinha considera que não vai grande ter influência no CHMT. ”Os bons serviços não encerram, já os outros, correm esse risco. É uma questão de bom senso”, acredita.

 

Balanço financeiro

Quanto à situação financeira, o CHMT teve uma redução de 21% nos custos (de 104 milhões de euros em 2011 para 82 milhões em 2013), apresentando um resultado negativo antes de juros, impostos, depreciação e amortização de -10 milhões de euros (contra os -23 milhões de 2011). Na prestação de serviços, o CHMT registou um crescimento nos internamentos (4,2%), nas cirurgias (1,6%), nas consultas externas (5,6%) e na urgência (1,8%) e um decréscimo na demora média (-10,6%) e no número de partos (-13,7%).

”Foi possível fazer mais com menos dinheiro”, assegurou.

 

Deputados socialistas questionam governo

Os deputados do PS eleitos por Santarém questionaram o governo sobre os efeitos da portaria n.º 82/2014 no hospital de Santarém e no CHMT e querem saber ao certo quais as valências que estão em causa. Idália Serrão, João Galamba e António Gameiro querem ainda saber se o governo equaciona rever o diploma, ”de modo a que as populações continuem a contar com a proximidade e a rápida prestação de cuidados de saúde essenciais”.

No documento, os deputados do PS O Grupo Parlamentar do Partido Socialista referem a sua discordância quanto a esta reorganização hospitalar.

Já a estrutura distrital de Santarém do BE, em nota de imprensa, apela à mobilização da população nas vigílias marcadas para a próxima quinta-feira, entre as 19 e 21 horas, junto aos quatro hospitais, em iniciativas promovidas pelas comissões de utentes. O BE fala em ”portaria vergonhosa”.