Votaram menos eleitores que nas ”europeias” de 2009 e todos os partidos tiveram menos votos que há cinco anos no concelho de Torres Novas: todos menos o PCP. Os comunistas, com um pequeno esforço de mobilização do seu eleitorado fiel, sabiam que subiriam a votação tanto quanto fosse a progressão da abstenção. Os 179 votos que tiveram a mais, face a 2009 (1802 contra 1623), permitiram-lhe uma subida de quase três pontos, passando de 12,1% para 14,9%. Pelo contrário, o Bloco de Esquerda, que obtivera há cinco anos uns retumbantes 2179 votos e uma percentagem de 16,3%, rebentou agora com ruído, averbando apenas 923 votos e uma cifra de 7,6%.

Do lado do PS, tratou-se de uma vitória natural num eleitorado maioritariamente socialista fora dos picos de ascensão da direita, mas ainda assim uma vitória que fica além do que os socialistas almejavam em Torres Novas: os 32%, quase iguais à média nacional, acabam por saber a pouco. Já no campo da direita, o cenário foi de terror, como nas últimas autárquicas, aliás. Com pouco mais de 20% dos votos, a Aliança Portugal, PSD e CDS juntos, tiveram menos votos do que normalmente os social-democratas averbam sozinhos. O fenómeno Marinho Pinto terá cavado votos no eleitorado do PSD e também do PS, mas isso são conjecturas que ninguém pode confirmar. O homem das charlas televisivas não conseguiu, em Torres Novas, ficar à frente da CDU e do Bloco, feito que conquistou em grande quantidade de municípios por todo o país e mesmo em muitos totais distritais. Ainda assim, em Torres Novas quase chegava à votação do BE.

No ENTRONCAMENTO, o PS venceu com iguais 32%, e a outra esquerda, no conjunto, foi igual à de Torres Novas, um ponto a menos para o PCP, um ponto a mais para o BE. Mas os bloquistas conheceram na terra dos comboios a sua mais desconcertante derrota, passando de 1385 votos e 20,1% (a votação mais alta do país em 2009) para 513 votos e 8,3%, uma décima à frente de Marinho Pinto e um rombo histórico para os bloquistas ”ferroviários”.

Os socialistas tiveram uma vitória confortável na GOLEGÃ, com 35% dos votos, concelho onde o PCP teve o seu segundo melhor resultado destes municípios, a rondar os 20%, só superados pelos 21% de Constância.

ALCANENA foi espírito de contradição, mas não é de espantar, num concelho com uma sociologia eleitoral um pouco diferente dada a tendência mais direitista da freguesia de Minde, onde a direita obteve uns impensáveis 45%, vencendo também nas Moitas e na Serra de Santo António. PSD/CDS venceram no concelho, embora à tangente, o PCP subiu bastante e o Bloco teve uma derrota muito clara, ficando quase pela metade dos votos de Marinho Pinto.

Na BARQUINHA, como se esperava, o PS obteve o seu melhor resultado deste conjunto de concelhos, o que nunca é novidade. Também foi aí que a direita levou o tombo maior, com uns míseros 15% para os dois partidos juntos, verificando-se também uma boa subida dos comunistas.

Finalmente em CONSTÂNCIA, há a registar também um bom score do PS, com 36% dos votos, e a curiosidade de o PCP ter ficado em segundo lugar, à frente da direita junta, o que em legislativas e europeias nem sempre acontece. Também aqui, uma descida assinalável do Bloco de Esquerda.

No DISTRITO, registou-se a vitória socialista na globalidade, só que a direita venceu os concelhos do norte (Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém e Sardoal) e ainda Rio maior, enquanto os comunistas alcançaram a vitória em Alpiarça. São sintomas de que, não havendo grandes alterações, as legislativas do próximo ano estão longe de ter um resultado fechado no distrito de Santarém.